Alta Roda nº 1006/356 – 16/08/2018
Reaprender é preciso
O relacionamento entre quem compra e
vende veículos passa por grande transformação. A transição não será tão rápida,
mas há necessidade de manter flexibilidade para evitar que o mundo digital se
sobreponha de maneira fria ao contato pessoal. Este foi o lema do 28º Congresso
da Fenabrave, realizado ao longo de dois dias em São Paulo (SP), semana
passada, tendo como pano de fundo o segundo ano consecutivo de recuperação de vendas.
Duas reivindicações do setor de concessionárias ainda patinam, sai ano, entra
ano, e interessam também aos compradores: renovação de frota e inspeção
veicular. O País precisaria de recuperação econômica consistente para dar
sustentação a esses dois programas. Para complicar, o Registro Nacional de
Veículos em Estoque (Renave), que traria mais segurança jurídica e menores
custos nas transações de carros usados, depende de integração entre todos os
Detrans do País. Passados dois anos, ainda patina, como lembrou Alarico
Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.
Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota, chamou a atenção sobre o avanço do
compartilhamento ou cobrança pelo uso. Vão exigir custos maiores de manutenção,
pois os veículos deverão rodar até quatro vezes mais do que hoje. Sobre o
crescimento avassalador dessa modalidade há dúvidas, já lembradas por esta
coluna. No exterior, pesquisas apontam certa insegurança dos usuários sobre a
forma como o carro foi guiado ou “abusado” anteriormente. Se o carro é seu,
você sabe tratá-lo. Um estranho teria o mesmo cuidado?
De qualquer modo, novas ferramentas de comercialização chegaram para ficar. De
acordo com o diretor do Itaú Unibanco, Rodnei Bernardino, o assistente digital
apresentado no evento e disponível agora em setembro é um exemplo. “Um robô
interage com o cliente por meio de perguntas e respostas. Assim, consegue
captar praticamente todos os seus desejos por meio do aplicativo no PC ou
smartphone. Da cor do veículo às condições do financiamento, a qualquer hora,
nos sete dias da semana. Facilita a vida do comprador e agiliza o trabalho do
vendedor na loja”, explica.
Para o CEO da plataforma iCarros, Ricardo Bonzo Filho, nenhum cliente ficará
desassistido mesmo quando transações totalmente on-line se tornarem
corriqueiras. “O atendimento presencial nunca deverá ser negligenciado”,
defende.
As mudanças atingem também quem prefere vender o veículo usado numa transação
direta entre particulares, sem participação de lojistas ou concessionárias. A
internet abriu novas possibilidades e impressiona o número de sites em que é
possível anunciar ou procurar o modelo desejado. Apenas um deles, OLX, que
nasceu na Argentina e hoje de propriedade do grupo sul-africano Naspers, afirma
ter 20 milhões de usuários por mês no Brasil e responder por mais de 25% do
total de carros seminovos e usados comercializados. Tamanha concentração, em
poucos anos de atuação, chega a assustar.
O jeito é se render ao pensamento de Alvin Toffler, escritor e futurista
americano, falecido há dois anos: “O analfabeto do século XXI não será aquele
que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender,
desaprender e reaprender.”
ALTA RODA
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AGITAÇÃO nos Estados Unidos sobre carros elétricos.
Apple contratou ex-engenheiro-chefe da Tesla, Doug Field, o que levou a
interpretações de volta ao interesse em produzir veículos. Embora a gigante de
US$ 1 trilhão nunca tenha anunciado o projeto, continua a investir em
tecnologia para autônomos. Quanto à Tesla, fechará seu capital. “Cansou” de
expor vexaminosos prejuízos...
ANFAVEA e Secretaria Nacional do Consumidor
ampliam o esforço para mais motoristas atenderem às campanhas de revocação
(recall) e assim corrigir itens de segurança defeituosos. Índice atual é
inferior a 50%, na média, e em alguns casos, abaixo de 40%. No site da entidade
agora há um link para dados específicos e atualizados: www.anfavea.com.br/recall.html.
SEGUNDA geração de lâmpadas de LED da Philips
abrange 80% da frota e sua durabilidade é quatro vezes superior às halógenas
convencionais. Capacidade de iluminação é quase três vezes maior, com um facho
branco que descansa a vista. Custa aproximadamente o quádruplo de uma lâmpada
convencional. Deve-se registrar a modificação no Detran.
MAIOR fabricante de rodas de aço e de liga leve do
mundo é uma empresa multinacional brasileira. Iochpe-Maxion completa um século
de fundação em novembro. Empresa de origem gaúcha diversificou sua atuação ao
longo do tempo, até se concentrar em rodas (adquiriu marcas consagradas no
exterior), que representam 80% dos negócios. Chassis e longarinas são 20%.
DIVERSIFICAR também é estratégico na Cummins,
fabricante de motores pesados e geradores. Sabe-se que veículos comerciais
serão os últimos a migrar para a eletrificação, embora ônibus e caminhões
urbanos tendam a ser elétricos. Investe ainda em gás natural (transforma ciclo
Diesel em ciclo Otto), biocombustíveis e produção de baterias. Marca americana
completa 100 anos em 2019.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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