Alta Roda nº 1007/357 – 23/08/2018
Fernando Calmon |
Idas e vindas, sem razões
Uma das trapalhadas que o Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran) e o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) protagonizaram
nos últimos anos vem da exigência de nova placa de identificação de veículos, a
fim de seguir um novo padrão chamado Mercosul. A iniciativa apresenta razões
técnicas, pois o atual sistema de três letras e quatro dígitos tem limitação de
combinações.
O utilizado há décadas no Brasil já nasceu errado. Deveria, como proposto
atualmente, estabelecer quatro letras (das 26 do alfabeto de português) e três
dígitos. O número de combinações possíveis é muito maior do que o atual de três
letras e quatro dígitos.
Em 2014 se propôs o novo padrão, já implantado na Argentina e Uruguai no ano
passado. Aqui sofreu sucessivos adiamentos entre outras razões porque o custo
iria subir e o cronograma original obrigava todos os 43 milhões de automóveis e
veículos comerciais (picapes, caminhões e ônibus) e 13 milhões de motos em
circulação a uma substituição acelerada. Agora, apenas veículos zero-km
receberão obrigatoriamente o novo padrão e, para os demais, a iniciativa é
voluntária.
A última data anunciada é 1º de setembro próximo. Mas deverá sofrer novo
adiamento porque se questiona no Tribunal de Contas da União (TCU) a
necessidade de um penduricalho ausente na proposta original. Trata-se de
acrescentar um brasão do município (nada menos de 5.570 deles hoje) onde o
veículo foi registrado. Assim haveria necessidade de comprar uma nova placa
completa (agora, só uma plaqueta) em caso de transferência de cidade apenas por
esse pormenor totalmente irrelevante. Além disso, fugiria do padrão Mercosul,
sem motivo.
O Detran estima que o custo do brasão não é alto, mas ele existe. Tudo indica
que ocorrerá novo adiamento, inclusive por outros questionamentos. O
Observatório Nacional de Segurança Viária oficiou ao TCU com três sugestões
sobre especificações técnicas:
1. Garantia mínima de “brilho” (retrorreflexividade) igual ao atual, para
melhor visibilidade noturna, possível diminuição de colisões traseiras e ainda
dificultar clonagens.
2. Garantia mínima de “legibilidade” (luminância) para efeitos de
fiscalização.
3. Garantia de 100% das placas com chip. Prepararia o País para uma malha
viária bem monitorada em termos de segurança viária e/ou pública.
Outra ideia do Denatran, que parece pura demagogia, é a proposta recente de uma
Carteira Nacional de Habilitação (CNH) emitida uma única vez. Exames médicos
seriam feitos nos prazos regulamentares e registrados eletronicamente.
Exatamente o oposto do anunciado antes, que previa uma série de exigências
descabidas.
As renovações, caso bem estudadas, poderiam se transformar em algo educativo.
Testes rápidos de múltipla escolha, sem efeitos de suspender a habilitação,
poderiam ajudar as pessoas a reter melhor as regras de trânsito e induzir
conceitos de direção defensiva.
Problema maior foi ter deixado de lado um processo de primeira habilitação,
antes longamente estudado e bem mais exigente do que o atual, diminuindo o
abismo de deficiências hoje observado. Sem motoristas bem preparados o trânsito
é sempre menos seguro.
ALTA RODA
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NOVO padrão de emissões e consumo de
combustível WLTP (Procedimento Mundial Harmonizado de Teste de Veículos Leves,
em inglês) provoca atrasos de lançamentos na Europa. Talvez atinja o T-Cross
espanhol com início de produção previsto para dezembro. Versão brasileira
começaria em 1º de janeiro (como a Coluna antecipou), mas em consequência pode
atrasar.
TERCEIRA geração do Porsche Cayenne deu um salto em dirigibilidade, que já
era muito boa. Pode-se guiá-lo quase como um automóvel apesar de seus 2.020 kg
de massa (155 kg menos). Diferenças no desenho concentram-se no teto e na
traseira. Ficou 1 cm mais baixo, 6 cm mais longo e ganhou 100 litros para
bagagem. A bateria convencional foi substituída por uma de íons de lítio.
OUTRO refinamento técnico do novo Cayenne: inédito defletor de teto ativo
(função também de freio aerodinâmico), pela primeira vez em um SUV. Motores com
oferta de potência racional: V-6/monoturbo/340 cv; V-6/biturbo/440 cv e
V-8/biturbo/550 cv. Muito interessante: 4D Chassis (ativo) e novo tipo de disco
de freio. Acabamento primoroso, como sempre. Preços: R$ 423.000 a
733.000.
POR FALAR em SUV, Peugeot 5008 (versão de sete lugares do 3008) consegue
um raro equilíbrio em termos de estilo, apesar de dimensões avantajadas. Bom de
guiar, surpreende pelo pequeno diâmetro e forma do volante, que dispensa
qualquer período de adaptação. Motor 1,6 turbo dá conta do recado muito bem,
salvo se estiver com lotação e bagagem completas.
TOYOTA Hilux 2019 segue regra de mudar a cada três anos. Exibe nova
frente, mais perceptível em versões intermediária e de topo. Luz de Rodagem
Diurna (DRL, em inglês) está em todas. Mais equipada, recebeu novos materiais
de acabamento interno. A SRX, de topo, tem edição comemorativa dos 50 anos de
Hilux, hoje na oitava geração. Preços: R$ 111.990 a R$ 196.990.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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