Alta Roda nº 1008/358 – 30/08/2018
C4 Cactus espeta concorrentes
Se o mercado de SUVs continua a crescer bastante no Brasil, há razões para apostar em avanços ainda maiores. Entre os de produção nacional o Citroën C4 Cactus, que começa a ser vendido esta semana, demonstra que novas tecnologias também ganham relevância nesse tipo de veículo.
O modelo, de forma clara, demonstra dupla personalidade. Na Europa tem o mesmo
nome, mas lá se apresenta como um hatch sucessor do C4. Aqui, o visual muda e
não se restringe às barras de teto com um criativo desenho “flutuante”. Vão
livre do solo de nada menos 22,5 cm, além de ângulos de ataque (22 graus) e de
saída (32 graus), permitem enfrentar traiçoeiras lombadas, valetas e buracos
que infestam cidades e até estradas por todo o País.
Seu estilo moderno, mais típico de um crossover, agrada por proporções
compactas – apenas 4,17 m de comprimento – que, no entanto, limitam o volume do
porta-malas a 320 litros. Por outro lado, 2,60 m de entre-eixos e 1,71 m de
largura garantem habitáculo confortável, incluindo bancos dianteiros bem
dimensionados e amplo espaço para joelhos atrás. Forro do teto tem leve
concavidade dupla (na frente e atrás). Assim, nenhum ocupante raspa a cabeça,
embora falte opção de teto solar.
A marca francesa montou um bom pacote de opções de segurança nas versões mais
caras: alertas de atenção ao condutor, de saída de faixa, de colisão (detecta
veículos e pedestres) e de frenagem automática, além de seis airbags.
O interior tem detalhes de acabamento interessantes. Mescla materiais
agradáveis ao toque, apliques de tecido e plástico preto brilhante. Quadro de
instrumentos é digital (idêntico ao do C4 Lounge). Até o volante de base
achatada e parte superior levemente reta denota cuidados do projeto. Falta
queda amortecida da tampa do porta-luvas.
Dois motores estão disponíveis: 1.6 aspirado, de 118 cv (câmbio automático,
seis marchas) e 122 cv (manual); 1.6 turbo de 173 cv/etanol (apenas
automático). Este último, o mais potente do segmento, muda por completo o
temperamento do carro, inclusive por fazê-lo acelerar de 0 a 100 km/h em apenas
7,3 s, acompanhado por um som grave, algo exagerado com o motor em carga.
Um dos pontos altos é o acerto de suspensões, o melhor entre quase uma dezena
de concorrentes diretos. Direção precisa e freios a disco nas quatro rodas,
outros destaques. Desempenha bem no uso em caminhos sem pavimentação que
dispensem sistema 4x4, ajudado pelo controle de tração mais apurado (Grip
Control) herdado do Peugeot 2008.
Preços são bastante competitivos: vão de R$ 68.990 a 98.990, em três níveis de
acabamento. A marca decidiu valorizar seus modelos usados na troca pelo C4
Cactus e investir em assistência técnica desde carro-reserva para consertos
acima de quatro dias ou mimos simples como checar pneus, fazer rodízio e
completar níveis de água e óleo sem cobrar.
Para Ana Theresa Borsari, gerente geral do Grupo PSA, a rede de concessionárias
Citroën será pró-ativa na venda de revisões a preço fixo até mesmo fora do
período de garantia. “O serviço pré-pago tem crescido muito na Europa e pode se
expandir também aqui. É o conhecido ‘tudo-incluído’, conceito surgido na
hospedagem”, completa.
ALTA RODA
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FORD pretende
uma gradual eliminação de hatches e sedãs para se concentrar em picapes e SUVs
especificamente na América do Norte. Surgem especulações sobre uma picape menor
que a Ranger. Teria como base o Focus. Até mesmo a Hyundai já admite oferecer
uma picape média no mercado americano em 2021. E por que não fabricá-la também
na Argentina?
TENDÊNCIA no mercado brasileiro de aumentar oferta
de SUVs com três fileiras de bancos. FCA, por exemplo, terá versões Jeep e Fiat
para até sete lugares dentro de dois anos. Nos EUA, onde 40% de todos os
veículos leves hoje à venda são SUVs de diferentes portes e usos, a versão de
três fileiras do Jeep Cherokee representa nada menos de 60% das
preferências.
BRASIL e Argentina resolveram acertar os ponteiros
para criar veículos harmonizados aos dois países. Acordo assinado agora em
Brasília prevê normas iguais para itens de segurança, eficiência energética,
emissões e normatização de autopeças. Resultados não serão imediatos, mas nada
impede que fabricantes se adaptem antes com mudanças possíveis.
GOL vai bem com o novo câmbio automático de seis
marchas. Forma um conjunto bastante saudável combinado ao motor de 1.6 e 16v
(120 cv/etanol), sem hesitações e aceleração progressiva. Suspensão firme e
robusta não mudou. Nova frente (já utilizada na Saveiro) ajuda no visual. Faz
falta a direção de assistência elétrica: a hidráulica tem limitações.
DURANTE o inverno vale a dica de utilizar o aquecimento
no lugar do ar-condicionado para elevar mais rápido a temperatura do
habitáculo. Ainda assim, é melhor não se esquecer de ligar pelo menos uma vez
por semana, no mínimo por 10 minutos, o ar-condicionado. Seus circuitos
internos precisam de lubrificação para garantir durabilidade ao sistema.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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