Wagner Gonzalez |
F-1 volta
repaginada
Não é só a administração da F-1 que vive um período de
mudanças significativas: há tempos que tantas decisões concernentes à formação
de equipes para a temporada seguinte não eram tomadas e anunciadas de maneira
tão prematura. Na semana em que a categoria encerra seu período de férias e
volta à ativa para disputar, domingo, o GP da Bélgica, a Red Bull oficializou a
promoção do francês Pierre Gasly ao seu time principal e a McLaren escalou
Lando Norris para disputar a primeira sessão de treinos livres no lugar de
Fernando Alonso. Dentro desse mesmo cenário muitos apostam que ainda nos
próximos dias o mexicano Sérgio Pérez poderá ser confirmado para mais uma
temporada na equipe Force India, ao lado de Lance Stroll.
A confirmação de Pierre Gasly, que disputa sua primeira
temporada na categoria defendendoo a equipe júnior da Red Bull (a Scuderia Toro
Rosso), não é exatamente algo inesperado; mais, tampouco significa que a
tradição de batalhas internas na equipe se transforme em uma coisa do passado.
O francês já demonstrou que é rápido, consistente e que sabe explorar bem o
aprendizado cumprido na Super Formula, categoria japonesa equivalente a uma GP2
de performance mais alta; nas páginas nipônicas do seu currículo destaca-se a
relação desenvolvida com os técnicos da Honda, que a partir de 2019 ampliará seu
provimento de motores para as duas equipes da fábrica de energéticos. Vale
prever que isso não se repetirá com seu futuro companheiro de equipe.
Fica no ar, portanto, o padrão de relacionamento que será
estabelecido entre ele e o holandês Max Verstappen, famoso pelo seu arrojo e
egocentrismo, características amenizadas por algumas atuações mais destacadas e
endossadas pelo apoio indiscutível que recebe de Helmut Marko. No histórico da
Red Bull estão registradas batalhas campais entre Sebastian Vettel e Mark
Webber; brigas mais amenas entre Vettel e Daniel Ricciardo e, mais recentemente
acidentes entre Ricciardo e Verstappen. Não se espere uma convivência fraterna
entre o jovem veterano e o recém chegado.
Nos domínios da McLaren a decisão de escalar Lando Norris
para disputar a primeira sessão de treinos livres do GP da Bélgica coincide com
o 50º aniversário da primeira vitória da marca, triunfo conquistado pelo
fundador Bruce McLaren a bordo do chassi número 3 do modelo M7A. Tal qual a
sorte sorriu para o piloto-construtor naquele 9 de junho de 1968 – Bruce venceu
porque o Matra MS10 Ford de Jackie Stewart ficou sem combustível na penúltima
das 28 voltas da prova -, o mesmo acontece para Lando Norris, jovem inglês
nascido em Bristol aos 13 de novembro de 1999.
Recentemente ele participou de treinos extras na Hungria
e sexta-feira viverá seu primeiro treino oficial na categoria. Protegido de Zak
Brown, ele tem boas chances de ser confirmado como companheiro de equipe de
Carlos Sainz Jr na temporada de 2019.Verdade que até a semana passada eram sete
os candidatos à vaga – além dele apareciam os nomes de Artem Markelov, Kimi
Räikkonen, Nicholas Latifi, Romain Grosjean, Sérgio Pérez e Stoffel Vandoorne.
Ainda é cedo para cravar Norris como o escolhido, mas ele aparece bem nessa
fita onde ainda há muita gente de olho na vaga. Caso seja ele o preferido
ficará patente que seu papel no roteiro de Zak Brown será o de mocinho nos
próximos episódios da saga “McLaren, o recomeço”.
Da lista acima pode-se eliminar Sérgio Pérez, que vê seu
nome ligado fortemente à permanência na Force India, equipe agora controlada
por um consórcio de investidores canadenses liderados por Lawrence Stroll.
Neste cenário, Stroll certamente reservará um dos carros para seu filho Lance e
Pérez capitalizará no fato de ter sido ele o agente que detonou o desligamento
de Vijay Mallya e evitou que o time entrasse em processo de falência
irreversível. Tal cenário faz com que Estebán Ocón, que deverá perder lugar
para Lance Stroll, não deve ter longas noites de sono ultimamente.
Dos demais nomes Räikkönen ainda é um nome atraente para
a McLaren: ele traria o prestígio de ter sido campeão mundial (2007, pela
Ferrari) e ser um veterano de desempenho confiável. Vandoorne parece cada vez
mais ser carta fora do baralho enquanto Latifi (cujo pai é acionista da
McLaren), Grosjean e Markelov correm por fora.
Fim de semana conturbado
O automobilismo viveu um fim de semana de
acontecimentos dramáticos em várias categorias. O primeiro deles aconteceu na
sexta-feira, durante os treinos livres para as 6 Horas de Silverstone, etapa do
Campeonato Mundial de Resistência, quando Bruno Senna sofreu dois acidentes, o
primeiro sem maiores consequências. Após um toque com uma Ferrari de um piloto
da categoria GT3, Senna saiu da pista e retornou aos boxes para as devidas
reparações; ao voltar para a pista, porém, escapou na curva Copse e sofreu
fratura no tornozelo direito. O brasileiro espera voltar à ativa na prova 6
Horas deFuji, dia 13 de outubro, no Japão.
No domingo a prova de F-Indy em Pocono estava em sua
sexta volta quando Robert Wickens e Ryan Hunter-Reay se tocaram; na dinâmica do
acidente o carro de Wickens decolou e foi e desintegrando contra as grades de
proteção da pista situado no Estado da Pensilvânia. Vários carros foram
atingidos pelos destroços, incluindo o carro de Pietro Fittipaldi, que como os
demais envolvidos foi liberado após avaliações médicas feitas no circuito.
Wickens, no entanto, absorveu boa parte dos impactos e após um longo processo
de extração da célula de sobrevivência foi removido para o hospital Lehigh
Valley Hospitalonde foram constatadas lesões ortopédicas, incluindo um trauma
na coluna na vertebral, motivo de uma cirurgia realizada na noite de ontem.
Ontem Alexander Rossi declarou em seus canais de comunicação nas redes sociais
que “...fica difícil comemorar essa vitória quando a recuperação e bem estar do
Rob Wickens é a nossa prioridade...”
No Brasil, a prova da categoria Stock Light disputada em
Campo Grande teve momentos dramáticos durante a janela de paradas obrigatórias,
recurso explorado pelos promotores para equilibrar a disputa na pista e criar
oportunidades para os pilotos mais novos se acostumarem com o procedimento
típico da categoria superior. A largura reduzida do pit-lane local e o controle
de circulação que carece de melhorias contribuíram para que três mecânicos da
equipe Motortech fossem atingidos quando os carros de Gabriel Lusquiños
e Erik Mayrink se chocaram nessa manobra. Os três foram encaminhados para
a Santa Casa de Campo Grande. O mecânico Juarez Ferreira sofreu uma cirurgia
neurológica na Santa Casa da cidade e seu estado de saúde era considerado
delicado. Paulo Pegoraro foi operado da tíbia e posteriormente transferido, a
pedido da família, para o Rio Grande do Sul e Mauricio Massoti recebeu alta no
mesmo dia.
Em Portugal, foi anunciado o falecimento do empresário Pedro
Queiroz Pereira, que durante anos disputou a Stock Car brasileira e foi
fundamental para a realização de duas etapas da categoria no Autódromo do
Estoril. Queiroz Pereira sofreu um ataque cardíaco e sofreu uma queda no iate em
que passava férias na ilha espanhola de Ibiza ele tinha 69 anos. Mais conhecido
como Pequepê, ele era famoso por suas atuações espetaculares sob chuva e, fora
da pista, pela simpatia e cordialidade que compartia com todos. A condição de
um dos homens mais ricos de Portugal era de conhecimento de poucos.
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