domingo, 17 de julho de 2016

"Brincadeiras" com balões e laser colocam em risco segurança da aviação



Por: Natália Pianegonda






O que é tratado como brincadeira pode ser uma ameaça à segurança da aviação. O Cenipa (Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos) alerta para o risco que existe em práticas como mirar laser contra aeronaves e soltar balões não tripulados, os chamados balões juninos.  

Em 2015, foram relatadas, ao todo, 1.286 ocorrências envolvendo esses artefatos. São situações em que pilotos, controladores de tráfego aéreo e operadores aeroportuários avistam os balões ou fachos de luz durante o voo ou manobras. O problema é que, muitas vezes, isso reflete diretamente na operação da aeronave. 

Laser
“O raio laser pode provocar desde uma distração, passado pelo ofuscamento da visão e até uma cegueira temporária ou permanente, dependendo do tipo de atuação daquele laser na vista do piloto. Os riscos aumentam gradativamente”, explica o major-aviador Daniel Duarte Moreira Peixoto, porta-voz do Cenipa. 

Isso geralmente ocorre nas fases de aproximação da aeronave com o aeroporto, além de pousos e decolagens. “A brincadeira consiste em iluminar a aeronave o laser. Mas quem faz isso talvez não tenha a consciência do que acontece numa cabine. Então tentamos atuar de uma forma educativa, alertando que, o que pode parecer uma simples brincadeira para quem está no chão, representa um perigo para quem está no ar”.

Balões não tripulados
As situações envolvendo balões não tripulados são ainda mais complicadas, pois podem ocorrer durante o voo de cruzeiro. “Eles podem prejudicar a trajetória, levando a uma manobra evasiva, e até colidir com as aeronaves, entupindo algum sistema de navegação necessário para a operação do avião”, diz o coordenador-geral de Navegação Aérea da SAC (Secretaria de Aviação Civil), Max Dias, que também coordena um grupo de trabalho formado pelas autoridades da aviação no Brasil para investigar e prevenir o risco baloeiro. 

“Existem balões que voam transportando fogos de artifício, gás, materiais pesados. Em contato com a aeronave a 800 km/h, imagine o efeito”, complementa o major-aviador Daniel Peixoto.

Em 2011, por exemplo, um balão que carregava uma simples faixa gerou transtornos sérios em um voo da Tam. O material obstruiu sensores do avião, que responsáveis por passar informações sobre a performance da aeronave, como velocidade. Por sorte, era de dia e as condições climáticas favoráveis, o que permitiu que o piloto conduzisse o avião até o pouso, em segurança. 

Crime
Fabricar, vender, transportar ou soltar balões é crime ambiental, em razão do risco de incêndio em áreas de vegetação e urbanas. A pena é detenção de um a três anos e/ou multa. 

Mas mesmo os chamados balões ecológicos, que não utilizam chamas, podem levar a uma punição, já que também é crime expor aeronave a perigo ou praticar qualquer ato que impeça ou dificulte a navegação aérea. Isso leva a reclusão de dois a cinco anos.  

“A soltura de balões é uma cultura do brasileiro. Principalmente no período de festas juninas. Mas a soltura indiscriminada é um problema. Às vezes você não está vendo o trafego aéreo, mas lá em cima está passando uma aerovia. Por isso é importante que a soltura seja coordenada com as autoridades”, salienta Daniel Peixoto. 

Regras
Apesar disso, há regras que permitem a soltura de balões não tripulados. Mas são bem restritivas e a operação exige autorização da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). 

As normas estão no Anexo B da ICA (Instrução do Comando da Aeronáutica) 100-12. Para acessar a íntegra, clique aqui.  


Natália Pianegonda

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