terça-feira, 17 de dezembro de 2019

WAGNER GONZALEZ em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
Daniel repete o feito do pai e é confirmado pela Ferrari


O equilíbrio que caracteriza a Stock Car brasileira poderá ser severamente abalado na temporada do ano que vem, quando a Toyota desembarca oficialmente na categoria na qual a Chevrolet tem reinado absoluta e quase que solitária. Encerrada temporada de 2019, com a conquista do terceiro título consecutivo de Daniel Serra, engenheiros, equipes e pilotos se movimentam para as 12 etapas de 2020, a primeira delas prevista para acontecer dia 29 de março em Goiânia (GO), quando será disputada a Corrida de
Duplas, evento que normalmente conta com a presença de convidados especiais e que marcará a estreia de um novo carro. A ligação da marca japonesa com Fernando Alonso já suscita comentários que o bi-campeão da F-1 poderá ser uma das atrações desse evento.

Otimismo é o que não falta no circo da categoria, conhecida pelo equilíbrio das disputas, em especial durante os treinos: não raramente 15 pilotos se classificam com diferença inferior a um segundo, situação vista em pouquíssimos campeonatos em todo o mundo. Ironicamente essa qualidade tem tudo para ser atenuada na primeira fase da temporada: carros novos, motores diferentes e a disputa que Chevrolet e Toyota alimentarão naturalmente são motivos que endossam essa projeção. Este ano os japoneses levaram a melhor na Monster Energy Nascar Cup ao chegar ao título com Kyle Busch.

Os carros de 2020 abandonarão a bolha e célula de sobrevivência usadas desde 2010, chassis tubulares originados de um projeto argentino e melhorados pelo engenheiro Gustavo Lehto e a fábrica JL. Esta empresa, controlada pela Família Giaffone, há tempos é a única responsável pelo desenvolvimento dos carros e motores, situação que já deixou de existir: embora ela continue projetando e construindo peças para o modelo Chevrolet Cruze, parte da carroceria do Toyota Cruze está sob responsabilidade da empresa Pavão Design.

Ainda que câmbio, diferencial, estrutura tubular, freios, rodas e suspensão sejam mantidos para 2020, a parte central do carro será revestida por peças da carroceria original dos dois modelos que entrarão na pista. Para facilitar a construção dos carros as equipes receberão itens como portas e teto para serem montados no chassi atual, decisão que foi considerada mais prática e viável. 

Com relação aos motores, as equipes ligadas à Chevrolet continuarão usando os atuais, que certamente passarão por extensa e profunda revisão; os times escolhidos pela Toyota receberão novas unidades fabricadas pela Triad, empresa que desenvolve o programa de competições da fábrica japonesa nas categorias ligadas à Nascar e soma mais de 100 vitórias nos três campeonatos disputados. A Pirelli confirmou que os pneus de 2020 serão do composto médio, já usados este ano e fabricados em Campinas; teste comparativos com a opção de composto macio determinou tal escolha. Para 2021 já se conhece mais uma mudança: a caixa de câmbio X-Trac usada atualmente será substituída. Otimistas de plantão apostam na chegada de uma terceira marca, até mesmo de uma quarta, algo que seria mito bem-vindo.

No ambiente externo às oficinas a movimentação também é marcante. O tri-campeão Daniel Serra foi confirmado na equipe RC-Eurofarma junto com o bi-campeão Ricardo Maurício (2008/2013). A conquista de Serra repetiu o feito de seu pai, Chico Serra, tri-campeão em 1999/2000/01) e foi coroada com o anúncio de sua contratação como piloto oficial da Ferrari para as provas de Endurance. Para 2020 o time liderado por Rosinei Campos terá apenas dois carros, consequência de uma revisão da Eurofarma em seu programa esportivo. A decisão afetou diretamente Max Wilson, campeão de 2010, que no fim de semana fez sua última apresentação pela equipe onde entrou em 2009.

Cacá Bueno, outro nome consagrado na Stock Car vê com bons olhos a chegada da Toyota e outras possíveis fábricas à categoria, onde mantém uma equipe em sociedade com William Lube e Duda Pamplona. Penta-campeão (2006/7/8/10/13) e com ampla experiência em provas internacionais de Turismo, ele explica seu otimismo:
“A participação de fábricas na Stock Car vai alavancar a chegada de novos patrocinadores e investidores, em especial os fornecedores dessas fábricas. Esse é o modelo que funciona muito bem na Argentina e em vários outros países.”

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