quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Raid 2CV Brésil 2011 termina em Fortaleza e consagra o espírito aventureiro e desbravador do mítico Citroën



Fotos: Theo Ribeiro - Divulgação


Depois de 13 dias de aventura, terminou neste sábado (5), em Fortaleza, o Raid 2CV Brésil 2011, evento organizado pela francesa Peter Pan Production e que contou com a participação de 33 modelos Citroën 2CV, entre várias versões, origens e anos de fabricação. Foram aproximadamente 2.200 quilômetros percorridos entre os Estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, e que incluiu dezenas de passagem em estradas não pavimentadas, travessia de rios, parques, praias, dunas etc.

 “A sensação de conhecer o Brasil a bordo de um 2CV é indescritível... Ainda tenho em meus olhos as paisagens magníficas por onde passamos, das praias exuberantes à beleza exótica da região agreste. Tudo sempre acompanhado do sorriso generoso dos brasileiros... Imagens que levaremos para sempre junto com nossos deuches”, afirma Jean-Pierre Lenfant, diretor da Peter Pan Production, citando o apelido pelo qual o Citroën 2CV é chamado nos países de língua francesa.Cansados por causa do calor e da poeira, os participantes não escondiam a felicidade com o término de mais um Raid 2CV, já em sua 12ª edição - a primeira aconteceu em 1990, na Tunísia, e posteriormente foi realizada em diversas regiões e países, como Marrocos, Portugal, Patagônia, Mongólia-China e outros.

“Meu 2CV recebeu o mínimo de preparação”, explicava um orgulho e experiente Vincent Leroy, da equipe 28 (ele participou de todas as 12 etapas). “Pedi à concessionária Citroën que me atende no norte da França que utilizasse o máximo de peças originais, e estou muito feliz por não ter parado em nenhum momento. Por outro lado, como minha suspensão era praticamente de fábrica, tive bastante dificuldade para atravessar os longos trechos de areia”, confidenciou o piloto.
“Minha opinião é que o circuito foi muito bem definido pela organização, e as pessoas que encontramos no Brasil foram muito receptivas e simpáticas. O Brasil é um país maravilhoso”, comentou Serge Moulins, que ficou algum tempo parado com seu 2CV após “decolar” em um trecho acidentado, logo nos primeiros dias do Raid.

Um Brasil que poucos conhecem...
A largada, que teve partida na concessionária Pariscar, em Fortaleza, no dia 24 de outubro, deu início a uma aventura inédita no país que percorreu mais de 2.200 km do interior do Nordeste, promovendo o contato e a interação de culturas e nacionalidades diferentes.Saindo de Fortaleza, o primeiro grande destino foi a cidade de São Luís, capital do Estado do Maranhão, passando pelo Parque Nacional de Sete Cidades no Piauí. Depois, o Raid 2CV Brésil seguiu caminho para os municípios de Santo Amaro, Barreirinhas, Araioses no Maranhão, Camocim, Mundaú, Guaramiranga, Morro Branco e Tremembé no Ceará. São Miguel do Gostoso, já no Rio Grande do Norte, foi o ponto Leste extremo da expedição, que, a partir daí, iniciou seu retorno para Fortaleza.Os 33 carros e os mais de 85 membros da equipe voltam agora para suas cidades de origem, levando histórias e, principalmente, a lembrança de um passeio inesquecível por algumas das mais belas paisagens brasileiras.

O Raid 2CV Brésil teve como evento paralelo o segundo passeio do Club AIRCROSS – o primeiro aconteceu em Campos do Jordão (SP). O passeio aconteceu no sábado (5), unindo as equipes participantes do raid com um grupo de clientes AIRCROSS. O passeio partiu da concessionária Pariscar, em Fortaleza. Após um café da manhã de confraternização, os clientes seguiram para as regiões de Pecém e Cumbuco, onde a organização do raid preparou uma surpresa para todos: um circuito ADVENTURE onde os clientes e as equipes do 2CV puderam conhecer as dunas de Cumbuco. Durante o evento, criou-se rapidamente uma empatia entre os proprietários dos clássicos 2CV e dos modernos AIRCROSS.


O trajeto de ida e volta somou cerca de 170 km. A Citroën preparou um delicioso almoço no Kiriri Beach, charmoso resort na praia de Cumbuco, localizada no município de Caucaia, a cerca de 30 km da capital Fortaleza. Com lagoas, piscinas naturais e dunas, Cumbuco é uma das melhores praias do litoral norte do Estado do Ceará para a prática de Kitesurf, uma modalidade que vem ganhando espaço entre os esportes náuticos mais praticados no mundo.


As viagens e expedições fazem parte da história da Citroën. O criador da marca, André Citroën, participava com entusiasmo delas nas décadas de 1920 e 1930 para demonstrar a resistência e a qualidade de seus carros numa época em que havia bem menos caminhos abertos e pavimentados. A mais longa das travessias de André Citroën aconteceu em 1924 e 1925. Nesses anos, a “Travessia Negra” percorreu mais de 50.000 km entre Oran, na Argélia, e a Cidade do Cabo, na África do Sul. Mais tarde, entre 1931 e 1932, foi feita a “Travessia Amarela” de Beirute, no Líbano, a Saigon, na China, para cobrir 11.000 km.A partir da década de 1960, a Citroën passou a enfatizar seu caráter esportivo, aventureiro e tecnológico com vitoriosas participações em ralis do Campeonato Mundial (WRC), com sete títulos de construtores e sete de pilotos (podendo chegar ao oitavo no último evento de 2011) e ralis-raid, como o Paris-Dakar (em que foi quatro vezes vencedora).


Citroën 2CV: para saber mais
 O 2CV nasceu de uma decisão lógica de “marketing”, para empregar uma expressão atual. Em 1935, Michelin, sendo proprietário da Citroën, estava consciente da necessidade de diversificar a oferta de produtos da marca por meio de novos mercados. Desta forma, encomendou o estudo de um veículo pequeno - TPV (Trés Petite Voiture)-, um veículo de segmento inferior ao modelo Traction Avant, que já usava carroceria do tipo “monobloco”. Estávamos em 1936/37... “Destinado ao mundo operário e rural”, como especifica o próprio caderno de encargos de Pierre Jules Boulanger, diretor da Citroën à época, o 2CV deveria ser muito leve, a fim de baixar os custos de produção. Deveria ser acessível a uma clientela que até então não tinha possibilidade de adquirir um meio de transporte individual. Nesta ordem de idéias, a concepção da carroceria deveria ser tão simples quanto possível.
De 1948, ano da sua apresentação, a julho de 1990, data final da sua fabricação, foram produzidos 5.114.940 2CV (entre carroceria de passeio e furgão) nas fábricas de Levallois e de Ivry (França), de Vigo (Espanha) e Mangualde (Portugal). Além disso, o modelo e seus derivados também foram fabricados em países como Argentina, Chile, Irã, Costa do Marfim e Vietnã.  
 O motor passou de 375 cm³ e 9cv para 602 cm³ e 33 cv. Ele fez tudo, transportou tudo. Foi um fenômeno, tanto mecânico quanto sociológico. Estimado em todo o mundo, o 2CV que participou de tantas expedições, coletivas ou não, representou como indicava uma publicidade, “o amor livre, o amor eterno”.    

A preparação dos 2CV
Para vencer os muitos desafios e dificuldades do trajeto, que incluem de estradas não pavimentadas à travessia de rios, parques e praias, os 2CV - de diversos modelos, origens e anos de fabricação – tiveram que se submeter a um processo de preparação. “Alguns participantes fazem a preparação de seus carros em oficinas especializadas. Outros já preferem realizar estas modificações pessoalmente. Para isso, desenvolvemos um manual prático, que demonstra os principais procedimentos e dá uma série de dicas úteis”, explica Lenfant. Este manual inclui:
- Reforços no sistema de suspensão, com a substituição de calços, molas e amortecedores;
- Alterações no motor Visa 652 cm³ (o mais utilizado, devido aos ótimos valores de torque), o que inclui a instalação de ignição eletrônica, reforços no circuito de gasolina e alteração no local do filtro de combustível;
- Nos freios, com a utilização de fluidos a base de silicone, de maior resistência às altas temperaturas e esforço;
- Pequenas alterações na carroceria: substituição do para-brisa original por um laminado (ou, o ideal, de policarbonato), recortes nos para-lamas traseiros (como no 2CV Sahara, para facilitar a substituição de pneus furados), reforços estratégicos no chassi do carro (devido ao maior esforço do conjunto de suspensão), entre outros;
- Instalação de itens de segurança, como uma tomada elétrica para a utilização de GPS, telefone, laptop etc.  

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