quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Roberto Nasser - De carro por aí



edita@rnasser.com.br - 61.3225.5511-Coluna 4112 10.10.2012
Enfim, começa um projeto industrial para os veículos.
Baixando o Decreto 7819 aos 3 de outubro – DOU de 04.10 -, o governo federal iniciou regrar impostos e importação de veículos. Na prática significa que produzir no Brasil, criar operações industriais, aplicar-se em pesquisa de produto, peças, sistemas, como obriga a adesão ao pomposamente denominado “Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores”, o “Inovar-Auto”, escapar ao peso dos 30 pontos percentuais sobre o IPI, ganhar crédito prêmio e reduções no IPI.
As normas a ser regulamentadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, obrigarão às montadoras instaladas, em novos produtos, novas montadoras ou importadores, fazê-los mais econômicos e menos poluentes. Num pico de otimização até quase 24% em 2017 gerará redução de 2% no pagamento do IPI do veículo. E impõe lenta adesão ao Programa de Etiquetagem do mesmo Ministério – 36% em 2013 a 100% em 2017.
O compromisso exige, ainda, investir em pesquisa e tecnologia, por si só, entidades, universidades, inventores, aplicando o pequeno percentual de 0,15% em 2013 e 2014, e meio ponto percentual em 2015/6/7. Na soma significa ampliar no Brasil a inteligência no processo de melhorar ou projetar veículos, implementando laboratórios que algumas marcas, como Fiat, Ford, GM, PSA, Mercedes e Renault mantém no país. Quem desinteressado, pode recolher os valores ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, do Ministério da Tecnologia.

Importados
Para lembrar, o carimbo oficial para criar a barreira adicional de 30 pontos percentuais sobre o elevado IPI foi deter as importações. Razões verdadeiras não são claras. A lógica, entretanto, mostra proteção exacerbada aos produtos nacionais, um andar adicional ao muro de 35% aplicado aos estrangeiros. O Imposto de Importação neste percentual era simplória barreira protecionista, protetora da incompetência e da falta de competitividade locais, isolando o Brasil com veículos superados.
Nova montadora com programa de investimentos e de industrialização aprovado, poderá importar quantidade igual à metade do comprometido a produzir, sem pagar a barreira dos 30 pontos adicionais. A adesão pode se dar posteriormente, mas seguindo a regra de dois anos anteriores. É o caso da Chery e da JAC que avisaram re engatar o projeto de implantação.
Importados por empresa sem projeto industrial, esta deve aplicar localmente os percentuais de pesquisa e desenvolvimento, e submete-los ao programa de controle de consumo e emissões. Força a BMW, a Jaguar/Land Rover, a Kia, a Mercedes, a reavaliar o futuro do mercado nacional e decidir se irão aderir em busca de conseguir preço menor e fazer presença num dos poucos mercados em expansão no mundo.

Critério
A nova legislação supera o projeto inicial, agregando exigências para economia e emissões. E aplicou no Brasil o conceito de nacionalidade prevalente no Mercosul, de considerar apto a exportações no bloco, veículos formados por 60% de compras regionais. Não há nacionalização restrita ao território físico do país, mas do bloco econômico. Peças ou serviços comprados no âmbito do Mercosul formam o conceito, no caso elevado a 65%. Facilitou a mensuração exumando um conceito criado para regrar a atividade industrial na Zona Franca de Manaus, o Processo Produtivo Básico, flexível, maleável.
A operação listou processos industriais, e a classificação far-se-á pelo seguir maior ou menor número de degraus. Na prática separará o que é fábrica de veículos, e as maquiadoras de processo.
O Inova-Brasil também se estende às autopeças.
Nem tudo está errado ou raquítico. Finalmente descobriu-se, o país só tinha legislação tópica, sem entrar no problema do fabricar veículos e o que isto pode representar. Incentiva nosso bom nível de engenharia, e acaba com a insegurança jurídica que causa arrepios com seus remendos. Como disse Marcos de Oliveira, ex presidente da Ford, ouvido pela Coluna: “ – Tinha que começar de alguma forma. Exigirá muitos passos posteriores. Mas começou.”


Autoclásica 2012. Nem bala deteve Stutz ser o melhor
Quase 1.000 veículos antigos entre 30 e mais de 100 anos de produção, automóveis de passeio, carros de corrida, utilitários, motocicletas, ônibus, lanchas; portentosa feira de peças, a 12a. Autoclásica é a mais variada e rica exposição de automóveis antigos na América Latina. Sem comparação com os eventos nacionais pela quantidade, qualidade, variedade de veículos, tudo costurado pelo fio da história exibindo verdade histórica e suas consequências sociais, da Argentina rica em bom período na linha do tempo dos veículos lá expostos. Tinha meios, elegância, educação, cultura. Na prática, a escolha de veículos refinados, sua manutenção, a construção para as corridas e, principal, sua guarda e, acredite, resgate ao exterior das unidades antes em solo e na história argentina e foram exportados.
O colecionismo argentino segue a cultura européia de antigomobilismo: coleção de poucas unidades, formação de grupos, uso do veículo como desfrute e capacidade de divulgação do colecionismo. Num comparativo, com mercado de automóveis novos em torno de 1/5 do brasileiro, participa ativamente dos calendários externos: neste ano dupla e automóvel argentinos venceram a Mille Miglia Storica na Itália, e um colecionador foi 3o. no Pebble Beach Concours d’Elegance. Num comparativo, na Mille Miglia apenas uma dupla brasileira participou – apesar da láurea de convidada para conduzir na equipe da fábrica Mercedes-Benz. Pebble Beach ? só visitantes.

Best of Show
Não podia ser outro: tinha relevo como veículo, história como unidade, e ar pebblebeach iano na restauração, agregando o máximo de acessórios de época.
Pinçado entre 600 automóveis, o norte-americano Stutz, de mecânica refinada, acima da média durante seu período de vida – 1911 a 1935 -, de carros diferenciados pelo chassi baixo, a superior dirigibilidade, freios ótimos. O vencedor, em carroceria  Roadster Le Baron, de 1929, é impecável, sem intervenções, e história de ter pertencido a Luis Angel Firpo, famoso boxeador que, ao aposentar-se, representou a marca. Vendeu-o a político da cidade de Máximo Paz, mas o endereço não cooperou: o dono foi assassinado a tiros ao conduzi-lo. Os dois proprietários seguintes, uma professora e um jornalista, respeitaram a característica diferenciativa, preservando os três buracos feitos pelas balas logo abaixo da cintura no lado esquerdo. O jornalista Miguel Angel Lastra, de Mar del Plata, numa dificuldade, vendeu-o a amigo e atual proprietário, o colecionador Juan Alberto Molinari. Este mandou tapar os buracos – e a história – aplicando acessórios, pintura refulgente, cromados faiscantes. Um trato de Pebble Beach.
Os outros Best of Show foram Delage D8S de 1937 e Aston Martin DB4 GT.

Mais
O evento, com bom patrocínio de montadoras como a Renault e Mercedes-Benz, operadora de celular, bebidas, seguros, explorou temas e exposições internas, com estandes de clubes, motos HRD Vincent, Puma; homenageou os 110 anos da norte americana Cadillac, com rica amostragem incluindo exemplar de 1906 e conversível da Presidencia de la Nación – o governo argentino, com todas as crises e mudanças, mantém pequena coleção dos carros mais representativos usados pelos presidentes. Outra homenagem, aos 80 anos do motor V8 Ford e, principal, aos 90 anos e 65 da vitória de José Froilán Gonzales, em Ferrari – foi o primeiro piloto com esta marca. Pepe é o único sul americano vencedor das 24 Horas de Le Mans.
Referência à Carrozzeria Touring, com exemplar do raro espanhol Pegaso e um Maserati 350. Na ampla relação de automóveis de nossa pouca intimidade, marcas como Senechal, Wanderer, carreteras Chevrolet dos anos 30, autênticas, empregadas nas corridas caracterizadoras do sul do continente. Um destaque para um vencedor de rallies, o Lancia Stratus.
O evento se expande em direção às motos. Neste ano 1/3 do total de veículos expostos, e veículos antigos agora construídos com arte – um Bentley surpreendia -, modelos reduzidos para crianças, motores antigos em sinfonia operacional à abertura do evento.
Dois registros necessários em meio a ampla relação de premiados, um troféu para o Institec Justicialista, projeto e construção argentinos, esportivo, carroceria em fibra de vidro, rodas em liga leve, e motor V8 - quatro V2 unidos - em alumínio, refrigerado por ar. Pela Revolução de lá, não se viabilizou.
Outro nos diz respeito: um brasileiro Bianco – não premiado como produto nacional mas troféu oferecido por uma revista.
Poucos expositores estrangeiros. Razões desconhecidas a Autoclásica não se divulga durante o ano, nem combina com a administração de Buenos Aires alavancá-lo como atração turística, buscar visitantes e expositores de outros países.
Personagem constante, a chuva. A desde o dilúvio de 2009 a organização mudou o evento, locando-o nas laterais das vias pavimentadas, exceto para a feira de peças, com piso de terra – ou lama, no caso.
Registro importante, a premiação seguiu as normas da federação internacional para o setor, a FIVA, o que padroniza e alinha o evento argentino aos demais supervisionados pela entidade, mundo afora. No Brasil a federação brasileira da especialidade não adota tais regras e a consequência nos dá antigomobilismo ilhado, independente do restante do mundo civilizado.

Classe B. Mercedes muda tudo para recomeçar
Quem olha, entende. O novo Mercedes Classe B, já à venda, mudou tudo. Aliás, diz sua diretoria, nunca um Mercedes mudou tanto.
É resultado das novas exigências de clientes e legais: abrir o leque de produto, captar novos usuários, para iniciar o consumo e exercitar fidelidade dentro dos carros da marca, realizar vendas, reduzir consumo e emissões. Nesta política o B é o primeiro a ser lançado, seguido do novo Classe A.
Mudou tudo: carroceria mais baixa e larga, maior distância entre eixos, transmissão automatizada com sete marchas, e motor. Este, novo, apto a funcionar longitudinalmente – aviso que em vida longa irá mover algum Classe C ou algum Renault, sua associada - voltou a deslocar 1.600 cm3, quatro cilindros, cabeçote com 16V, na positiva agenda mundial de otimizar o funcionamento, colocando turbo, injeção direta de gasolina. Faz 153 cv.
Espaço interno melhorado, mecânica harmonizada, aerodinâmica refinada – Cx de 0,26 - o resultado dinâmico surpreende, pelo formato familiar, e o acelerar da imobilidade aos 100 km/h em 8,4s, com velocidade final de 220 km/h.
Duas versões B 200 Turbo e B 200 Turbo Sport. O numeral nada tem a ver com a cilindrada, agora 1.600 cm3. Inspiração norte-americana, o comando de marchas saiu do soalho subiu às proximidades do volante.
Nem tão família, há charmes mecânicos. Rodas em liga leve, aro 18 polegadas, exibe grandes pinças de freio em cinza prata, e discos perfurados.
Em segurança, programa de estabilidade, ajuste automático dos faróis e, conforto maior aos motoristas atuais, descompromissados com automóveis, o sistema de estacionamento automático.
B 200 Turbo a R$ 115.900 e B 200 Turbo Sport R$ 119.000

Roda-a-Roda

Problema – A Via Itália, importadora de Ferrari, Maserati, Lamborghini e Rolls-Royce, não irá ao Salão do Automóvel, desacertada com os preços de locação.

Solução - Mas a Fiat, dona de Ferrari e Maserati, pela ausência do representante, ajeitou criar atrações em seu estande, com Ferrari 458 Spyder, 570 cv, e Maserati GranCabrio Sport, 450 cv. Não gostou da ausência.

Legal – Cumprindo compromisso com o governo federal, manter operação e empregados na pequena e cearense Troller, a Ford exibe a linha 2013 do jipe T4. Novidade, motor MWM 3.2, 4 cilindros, turbo, 165 cv e 38 mkgf de torque.

Mais  Mudou também o foco comercial, com vendas por encomendas prévias, a Ford fará anúncios. Preço em R$ 94.490.

Porque ? Se a Troller é da Ford, trocando os MWM de seu picape Ranger por motor próprio, mesma cilindrada e mais forte, porque o Troller utiliza solitariamente o MWM ?

Equipamento – Seguindo regra legal, a Fiat agregou almofadas de ar duplas e freios com ABS e EBD ao Novo Uno Economy, Way e picape Strada CD.

Taxi – Rastreador brasileiro dá precisão à chamada de taxis. Aparelho permite à operadora saber exatamente onde está o taxi mais próximo da chamada, abreviando e dando previsão exata de chegada. Tecnologia nacional, Chipsat.

 Melhor – Caminha para a final, em S Paulo, 25 a 27 de outubro, o certame “Melhor Motorista de Caminhão do Brasil”. Bom projeto da Scania, usa-o para divulgar e espraiar técnicas. Segundo a montadora um bom motorista é capaz de economizar 10% em combustível.

Esforço – Faz parte de arrancada comum para melhorar a qualificação dos motoristas no Brasil, e o país, acredite, tem enorme déficit no setor.

Atração – O Grupo Petrópolis, fabricante do energético TNT, um dos patrocinadores desta equipe de Fórmula 1 adquiriu réplica do Ferrari 2003. Vai utilizá-la para atrair atenções em shoppings e no Salão do Automóvel.

Renovação – A GOL Linhas Aéreas assinou ordem de compra para 60 unidades 737 Max à Boeing. Busca manter frota jovem, iniciando trocar a atual. Entregas a partir de 2018.

Mais – Podia dar outra ordem: atender para funcionar. É pouco o êxito no atendimento telefônico, e pela internet o sítio sai do ar em meio às consultas. Exige perseverança.

Mercado – Claro, apesar das finanças curiosamente vermelhas, a Gol navega em céu azul, com clientela nova: 90% dos passageiros dos últimos cinco anos. Mas não deve prescindir dos clientes antigos e dos menos novos, tratando o atendimento com desídia e desinteresse. Vender passagem não é favor.

Ecologia – A boa iniciativa da Volkswagen em desenvolver forros de portas e tecidos de bancos à base de garrafas de PET descartadas, deu prêmio pela Sociedade de Engenheiros Automobilísticos.

Gente  Marcus de Oliveira, 50, engenheiro, ex presidente da Ford Brazil, novo desafio.OOOO Quando pensava cuidar de interesses pessoais, foi atropelado por convite do Grupo Iochpe para ser Vice Presidente Corporativo. OOOO O grupo tem atuação mundial e muito a absorver da vivência e experiência internacionais do ex CEO da Ford. OOOO

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