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Renato Pereira |
Muito se fala – e geralmente sem o menor conhecimento de
causa – a respeito do óleo lubrificante do motor dos automóveis. Os demais
lubrificantes, então, – caixa de transmissões (mecânicas ou automáticas),
sistema de freios e direção – são tratados com ainda mais desconhecimento, em
geral movido por tabus oriundos do costume nacional de jamais se informar
corretamente, prestar atenção e entender o funcionamento das coisas. É muito
mais prático ouvir falar, sem saber de onde, e aplicar o que ouviu, aliando-se
o eterno “jeitinho” somado a síndrome de Professor Pardal, que via de regra
leva ao funcionamento incorreto dos sistemas, suas quebras, e quem fica com a
fama de produto ruim é o veículo em um todo, nunca o desleixo com que é
tratado. Com a evolução (mínima, diga-se de passagem, dos motores), os Óleos
Lubrificantes também evoluíram, e muito. Vamos, nesta matéria, dar uma passeada
no mundo dos lubrificantes e tentar, ao menos, acabar com o desconhecimento e
os mitos a respeito do sempre relegado produto responsável pela longa vida (ou
não...) de seu veículo.
Comecemos do começo:
1 - O Petróleo, cujo nome é a junção do latim petrus com
o grego óleum e significa isso mesmo, Óleo de Pedra, é tido como “descoberto”
em 1859, na Pensilvânia, mas a verdade é que o produto já era conhecido há mais
de seis mil anos, e já era processado no Azerbaijão, quando Marco Polo chegou
por lá, em 1271. O Petróleo, que em sua forma mais bruta e crua é denominado
Brent, é uma substância oleosa, inflamável, menos densa do que a água, escura,
sendo basicamente uma combinação em sua maioria, de hidrocarbonetos
alifáticos, alicíclicos, naftênicos, parafínicos e aromáticos, podendo conter
também quantidades pequenas de nitrogênio, oxigênio,
compostos de enxofre e
íons metálicos de níquel e vanádio. É
desta categoria de petróleo leve, médio e pesado que se extrai o Óleo Lubrificante.
Essa extração é fruto de um processo de destilação fracionada, onde se separa,
em grupos, de acordo com a temperatura que o petróleo atinge, dessa forma:de
20 a 60 °C, obtém-se o Éter; de 60 a 90 °C, a Benzina;
de 90 a 120 °C, a Nafta; de 40 a 200 °C é a vez da Gasolina;
de 150 a 300 °C o Querosene; de 250 a 350 °C o Óleo Diesel
e, de 300 a 400 °C, chegamos aos Óleos Lubrificantes. Daí em diante, extrai-se o resíduo, que é o
Asfalto, o Piche e o Coque, e a Parafina e Vaselina, definidos como
sub-produtos. Pronto, já sabemos a origem do Óleo Lubrificante. Agora vejamos o
que ele é.
2 - Os óleos
lubrificantesforam desenvolvidos, em meados do século XIX, após o emprego de
sebo de animais e óleo de baleia, desde a Era do Gelo,para tentar diminuir o
atrito, calor e desgaste entre peças mecânicas, e no século XX esse conceito
tomou forma plena com o domínio da refinação do Petróleo. Hoje são utilizados,
entre outros incontáveis fins e formulações, para reduzir o atrito, lubrificar
e garantir a vida útil dos componentes móveis dos motores, podendo
ser derivados diretamente do Petróleo –
os óleos minerais –,e os produzidos em laboratório – os óleos sintéticos –, ou
constituídos pela mistura de dois ou mais tipos – os óleos compostos. Ou seja,
as diferenças residem no processo de obtenção dos óleos básicos:
A – Óleo Mineral: os óleos minerais são obtidos da
separação de componentes do petróleo, resultando em uma mistura de vários
compostos, e são divididos em três tipos:
Óleo
mineral de base parafínica: Com ligas
químicas relativamenteestáveis, resistentes e não podem ser modificadas
facilmente com outras influências químicas, tendendo a não oxidar em
temperaturas ambientes ou levemente elevadas, sendo partes resistentes e
preciosas que não envelhecem ou e se oxidam de forma lenta. Como contém hidrocarbonetos
de parafina em maior proporção, oferece densidade menor, é menos sensível a
alteração de viscosidade e temperatura, porém, sua grande desvantagem é seu
comportamento em temperaturas baixas, já que a parafina tende a sedimentar-se.
Óleo
mineral de base naftênica: A
diferença básica é que enquanto os hidrocarbonetos parafínicos formam correntes
em sua estrutura molecular,os naftênicos formam ciclos, e são
usadosquando se necessita produzir lubrificantes para baixas temperaturas.A
desvantagem do óleo naftênicoé sua incompatibilidade com materiais sintéticos e
elastômeros.
Óleo
mineral de base mista: Criado para atender
as características de lubrificantes conforme sua necessidade de campo de
aplicação, a maioria dos óleos minerais é uma mistura de base naftênica com parafínica.
B– Óleo Sintético: Os óleos sintéticos são obtidos
por reação química, propiciando maior controle em sua fabricação, permitindo a
obtenção de vários tipos de cadeia molecular, com diferenças características físico-químicas
e,consequentemente, são produtos mais puros.Possuem, na maioria das vezes, excelente
comportamento na relação viscosidade/temperatura – baixo ponto de solidificação
em baixas temperaturas, alta resistência contra altas temperaturas e influências
químicas, e são divididos em cinco tipos:
Hidrocarbonetos
Sintéticos: Entre
os hidrocarbonetos sintéticos os de maior importância são os poli-alfa-oleofinas
– PAO (Hidrocarbonetos e sabão de Lítio) e os óleos hidrocraqueados (processo de dessulferização do Petróleo bruto, separando-o
de metais pesados), fabricados a partirde óleos minerais, cuja sintetização
elimina os radicais livres e impurezas, deixando-os assim mais estáveis á
oxidação, viscosidade e temperatura, sendo estes Hidrocarbonetos classificados
como Semi-Sintéticos, por empregarem misturas em proporções variáveis de
básicos minerais e sintéticos, dependendo das propriedades de cada tipo.
Poliol
Ésteres: Utilizados para
a fabricação de lubrificantes especiais, fluidos de freios, óleos hidráulicos e
fluídos de corte, os poli-alquileno-glicois podem ser miscíveis ou nãomiscíveis
em água.
Diésteres:
Gruposde
óleos de éster usados para a lubrificação e, também, fabricação de graxas
lubrificantes.Os diésteressão aplicados em grande escala em todas as turbinas
da aviação, por resistir melhor a altas e baixas temperaturas e rotações
elevadíssimas.Dos óleos sintéticos, é o de maior consumo mundial.
Óleos
de silicone: Destacam-se
pela altíssima resistência contra temperaturas baixas, altas e envelhecimento, além
de seu comportamento estável quanto ao índice de viscosidade, são utilizados na
elaboração de lubrificantes resistentes a influência de produtos químicoscomo
solventes, ácidos etc.
Poliésteres
Perfluorados: Os Óleos
de Flúor e Flúor-Cloro-Carbonos tem uma estabilidade extraordinária contra
influência química, por serem quimicamente inertes até 260 °C, tendendo a
craquear e liberar vapores tóxicos a partir daí.
PERFIL:
Renato Pereira
Jornalista, designer técnico, projetista, ilustrador e piloto formado pela Escola de Pilotagem Interlagos com especialização em Proteção Empresarial. Atua há mais de 20 anos no setor automotivo e automobilismo, com passagem pela Editora Abril, entre outras. Atualmente escreve para o Portal Autopolis e contribui com diversas outras redações.
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