terça-feira, 2 de julho de 2013

Renato Pereira -Derrubando Mitos: Óleo Lubrificante – Parte 2


 renato@autopolis.com.br
Muito bem, agora sabemos tudo de Petróleo e de Óleo Lubrificante, certo? Errado, ainda tem bastante coisa para analisar. Porém, cabe agora entender como funciona o motor, que é para que se entendam as reações que ocorrem dentro dele, e é daqui em diante que “a coisa pega” com relação ao começo desta matéria, sobre desconhecimento, tabus etc. Vamos lá!

3 – Os motores dos veículos (movidos a gasolina, diesel, álcool – que agora resolveram re-batizar de Etanol porque é assim que os norte-americanos o chamam... – e Gás Natural de Petróleo, o GNV) tem seu funcionamento 99,99% idêntico: resultado de uma reação química exotérmica entre um combustível (algum dos citados) e um gás (oxigênio)  chamado de combustão ou queima (explosão), interna por ocorrer dentro do bloco do motor (um cilindro por vez), gerando calor e energia – que é o que faz com que o motor tenha alguma utilidade, a de gerar energia para mover as rodas. Só que essa energia gerada pelo motor é muito ineficiente na conversão da energia química para energia mecânica, com uma média de 62% de desperdício até chegar as rodas, por conta da fricção, bombeamento de ar para dentro e fora do motor, ficar parado ligado no trânsito, na transmissão (câmbio), resistência aerodinâmica do carro, rolamento, inércia e frenagem...

Durante a combustão, que ocorre na forma gasosa (quem queima é o vapor, não o líquido) são formados diversos produtos resultantes da combinação dos átomos dos reagentes, como CO2 (Dióxido de Carbono)CO (Monóxido de Carbono)H2O (Água)H2 (Hidrogênio),CH4 (Metano)NOx (Oxido de Nitrogênio)SOx (Oxido de Enxofre), fuligem, etc, e sua explosão é incompleta, mesmo que a explosão ocorra de um modo regular, no tempo e no modo correto.

Buscando sua otimização, a gasolina é aditivada com antidetonantes, que atuam como retardadores da explosão, para que esta só aconteça no momento certo do ciclo – admissão, compressão, explosão, escape –e o chumbo tetraetila foi substituído, no Brasil, pela adição de Etanol como antidetonante. Existe, também, um cálculo exato da mistura correta de combustível + ar para a queima, chamada Relação Estequiométrica. É esse cálculo que define a quantidade mínima de oxigênio necessária para a queima completa dos combustíveis.

Sabendo-se o ar possui 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio, multiplicam-se as quantidades moleculares por seus números de massa, e chega-se as proporções estequiométricas para a gasolina e o álcool, que são:15 unidades de massa de ar para 1 unidade de massa de gasolina e 9 unidades de massa de ar para 1 unidade de massa de álcool. De qualquer maneira, grande parte do que “sobra” dos produtos resultantes dessa queima imperfeita não sai pela boca do escapamento, tendendo a descer e se misturar ao Óleo Lubrificante depositado no cárter do motor. 

Por isso, as empresas produtoras de Óleos Lubrificantes passam o tempo desenvolvendo novas fórmulas ou, simplesmente, aumentando a quantidade de determinados aditivos em seus óleos, que são anti-corrosivos, anti-espumantes, detergente-dispersantes, potencializadores do Índice de Viscosidade, etc.Logo, os Óleos Lubrificantes ideais para serem utilizados nos motores dos carros brasileiros são diferentes dos Óleos Lubrificantes utilizados na Europa, Estados Unidos e Ásia, e já existem no mercado formulações específicas para esse motores, porém aplicar valores estratosféricos a esses Óleos, apenas por serem sugeridos como “específicos para motores asiáticos”, é coisa de Brasil, mesmo. Afinal, nada de “novo” foi desenvolvido, apenas aumentaram a quantidade de determinados aditivos e reduziram a quantidade de outros.



PERFIL:

Renato Pereira


Jornalista, designer técnico, projetista, ilustrador e piloto formado pela Escola de Pilotagem Interlagos com especialização em Proteção Empresarial. Atua há mais de 20 anos no setor automotivo e automobilismo, com passagem pela Editora Abril, entre outras. Atualmente escreve para o Portal Autopolis e contribui com diversas outras redações.

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