Por Fernando Calmon
Um dos aspectos menos visíveis do programa Inovar-Auto,
de 2013 a 2017, é estimular o processo de pesquisa e desenvolvimento (P&D),
além de inovação, para as empresas que fabricam e/ou comercializam veículos no
Brasil. Para isso obriga todas a investir um percentual mínimo da receita
líquida em pesquisa básica, pesquisa aplicada, segurança veicular, dispêndios
em engenharia, tecnologia industrial básica e laboratórios. Como alternativa podem
fazer aportes no Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia,
inclusive os importadores. Os percentuais começam em 0,65% e chegam a 1,5% ao
longo dos cinco anos.
Embora alguns pontos ainda permaneçam obscuros – um deles
como classificar inovação –, os quatro fabricantes mais tradicionais não terão
dificuldade em cumprir as regras e até superá-las com folga.. Afinal, já
dispõem de departamentos de nível internacional para desenvolvimentos próprios
ou em estreita colaboração com outros centros no exterior. GM há 40 anos e Ford,
36 anos, por exemplo, utilizam campos de provas em Indaiatuba e Tatuí,
respectivamente, no Estado de São Paulo. Destaque para a primeira pela área
total de 11 km² e número de laboratórios que até vende serviços de engenharia ao
exterior. A Volkswagen tem um campo menor, em Taubaté (SP).
Testes de colisão são feitos no Brasil desde 1971 (Fusca
iniciou o processo) e, atualmente, Volkswagen e GM continuam a executá-los no
País. As importantes avaliações de interferência eletromagnética na arquitetura
eletrônica dos veículos são executadas em instalações próprias pela Volkswagen
e Fiat (GM utiliza as do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Consultadas, as quatro empresas não revelam todas as
atividades executadas no Brasil por razões estratégicas. Ford, GM e Volkswagen
empregam em torno de 1.000 engenheiros, técnicos, desenhistas e especialistas,
mas a Fiat alegou confidencialidade. Todas utilizam os mais modernos
equipamentos de simulação virtual para atingir no menor tempo possível os
objetivos de criação. Produzem protótipos em escala real em suas próprias
instalações.
A Volkswagen realiza testes reais em programas de
veículos completos, trem de força (motor e câmbio), chassi/carroceria/suspensões,
componentes específicos e segurança veicular/predições. Ford e GM estão em
níveis semelhantes, sem pormenorizar os recursos técnicos e humanos. Fiat tem
instalações menores, mas assegura que nas áreas de carroceria, chassi e
suspensões a empresa se insere entre as principais referências dentro do grupo.
Automóveis e picapes podem ser projetados aqui a partir do
zero, porém cada conglomerado automobilístico internacional decide como
distribuir as tarefas. As estratégias variam de especialização em determinados
segmentos até alterações substanciais no projeto original para adequá-lo à
melhor condição de uso no País.
Fabricantes instalados há menos tempo no Brasil deverão decidir
como atuar para atender o Inovar-Auto. Alguns já montaram estúdios de desenho e
bancos de provas para motores. Podem também estabelecer parcerias com
fornecedores de autopeças para pesquisas em conjunto. A Honda anunciou planos
ambiciosos para investir além do mínimo exigido, o que inclui campo de provas
e, possivelmente, túnel de vento de pequeno porte.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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