BMW faz investida em carros elétricos
com o hatchback i3
Fernando Calmon |
Não se pode dizer que o incentivo atual é zero. Na cidade de São Paulo, onde se
espera vender no mínimo um terço do lote inicial de 100 unidades, qualquer
elétrico puro está isento do rodízio municipal pelo final de placa. Outras sete
capitais também terão o carro à venda. A BMW acertou em trazer apenas a versão
REX do i3, que inclui um motor a combustão bicilíndrico (34 cv), de um scooter
da mesma marca, para, via um gerador, carregar a bateria e estender a
autonomia. Essa é uma forma de diminuir a insegurança do motorista, se não encontrar
tomada por perto.
Ao contrário do Chevrolet Volt, híbrido plugável que não se adquire sem o motor
a combustão, o i3 tem a versão comum – cerca de 10% mais barata, apenas com
bateria de íon de lítio – cuja autonomia varia de 160 a 200 km (nesse caso sem
usar o ar-condicionado). A decisão de colocar um tanque de gasolina de apenas
nove litros foi resposta à legislação de alguns países que restringem incentivo
fiscal se a autonomia com combustível fóssil ultrapassar a da puramente
elétrica. Híbridos a gasolina plugáveis permitem distâncias 10 ou mais vezes
superior à conseguida com a bateria.
A chegada do compacto i3 ao Brasil coincide com o início da produção, em poucos
dias, da fábrica catarinense da BMW. Automóvel elétrico desperta curiosidade
por aqui e, assim, a marca espera o benefício de imagem tecnológica. Afinal,
esse é um carro projetado desde o início para máxima eficiência. Estrutura
monobloco bastante leve une compósitos de fibra de carbono e alumínio, sem
coluna B (central) e portas traseiras de abertura reversa. Até pneus têm
diâmetro e largura específicos para aproveitar a característica do motor
elétrico de entregar torque máximo instantâneo.
Motor de 170 cv permite acelerações de 0 a 60 km/h em apenas 3,9 s (bem melhor
do que carros comuns), o que o faz extremamente ágil em uso urbano. Velocidade
máxima limitada a 150 km/h preserva autonomia.
Interior é espaçoso para quatro passageiros (capacidade homologada) e o
porta-malas de 260 litros alinha-se ao de compactos tradicionais. O assoalho
plano permite que motorista saia pela porta dianteira do lado direito com
facilidade, especialmente útil em cidade e estacionamentos apertados. Também
interessante é a conectividade a bordo bem superior ao convencional.
A BMW, com marketing correto e tiro certeiro, está vendendo i3 dentro da
capacidade inicial de 40.000 unidades/ano, sem perder dinheiro, enquanto a
Nissan acaba de anunciar a desaceleração da produção própria de baterias pela
dificuldade do Leaf em decolar no mercado.
RODA VIVA
MERCEDES-AMG GT é desses carros esporte que dificultam apontar
um defeito, fora o preço, previsto em torno de US$ 120 mil com impostos
“normais” no exterior. Ainda não foi possível acelerar, em sua apresentação
estática, na Alemanha, pois as vendas só começarão no primeiro trimestre de
2015. Estará entre as grandes atrações dos Salões do Automóvel de Paris e São
Paulo.
PARTE traseira do substituto do Mercedes SLS
lembra linhas do Porsche 911 (Turbo parte de US$ 150 mil), também inspirador do
VW SP nos anos 1970. AMG GT tem características acima dos padrões: novo motor
V8 biturbo com cárter seco (462 e 510 cv), transeixo (câmbio e diferencial
acoplados) traseiro, carroceria em alumínio e interior esportivamente
aconchegante.
HYUNDAI I30, com motor de 1,8 L e 150 cv, que deveria
ter desde o início dessa nova geração, mostra um conjunto virtuoso entre
estilo, interior espaçoso, bancos dianteiros elétricos, porta-malas adequado,
faróis bixenônio e até teto solar panorâmico. Sua suspensão, no entanto, é mais
macia que o desejável. Para-choque tende a raspar em valetas e lombadas
acentuadas.
NOVO JEEP CHEROKEE chega agora ao Brasil com a
fama de bem aceito nos EUA, mas o estilo frontal é algo fora do normal.
Harmonia entre faróis e lanternas foge dos padrões. Traseira também exibe
audácia, mas aceitável. Resta saber como os brasileiros aceitarão esse SUV que
rompe com tradições estilísticas da Jeep. A marca está otimista.
VERSÃO intermediária do Cherokee custa R$ 174.900,
pouco acima da Limited da geração anterior, compensado por mais equipamentos.
Haverá, ainda, versões de entrada – R$ 159.900 – e de topo – R$ 189.900.
Interior é sóbrio com boa tela multimídia de 8,4 pol. Motor V-6/3,2 L/271 cv e
tração 4x4 garantem o tradicional bom desempenho fora de estrada.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
Nenhum comentário:
Postar um comentário