Salão, presente, lançamentos futuros.
750.000 previstos e desejados visitantes à 28ª edição do Salão do
Automóvel, - Anhembi, S. Paulo, até domingo, 09.nov – terão muito do comum a
ver: centenas de automóveis, construções menores, decoração contida, mais
espaço para os veículos – menor fartura de material promocional. E moças
bonitas fazendo caras e bocas. Não encontrarão a turma ? grei ? horda ?
credenciada como jornalistas, lotando o espaço na prévia de imprensa. Nunca
pensei, neste mundo de Allah, haver tantos jornalistas no tema automóvel. Não
devem ser, por volume ou totalidade. Fossem, seus clamores teriam promovido melhores
automóveis, estradas, respeito aos consumidores.
Há muitos atrativos em meio à grande festa bi anual. Novidades? Nos
85.000 m2 quadrados de área, coisas novas, destas, poucas. A maioria das 28
marcas de automóveis instaladas no Brasil, e as poucas importadoras, estavam em
situação comum: ou recém apresentaram os futuros produtos, ou exibem no Salão,
na mesma medida temporal, os próximos lançamentos.
Na prática
Das muitas promessas, três serão factíveis até o final do primeiro
semestre do ano próximo: Jeep Renegade; Honda HR-V; Peugeot 2008. Mercedes e
Audi nacionais, 2016.
O Renegade renasce a Jeep no Brasil, no mesmo Pernambuco onde a
Willys-Overland, titular da marca e guardiã da lenda, operou há quase meio
século. Em Goiana, espaço industrial da nova marca FCA, sairão produtos Jeep,
Fiat, Dodge – e talvez Alfa Romeo. É projeto mundial e, como a Coluna já
descreveu, o menor dos Jeeps. Tem o DNA estético Fiat, arrematado com a icônica
grade de nove rasgos. Bem desenvolvido, ajustado em suspensão, direção e freios
pela divisão Fiat, quer atender a largo leque de clientes. Da motorista
buscando veículo prático para resistir às desrespeitosas ruas, ao usuário
intensivo, e os necessitados de uma ferramenta valente, reagindo às
dificuldades passando sobre elas. Três versões: Sport, Longitude e
Trailhawk, atestada como hábil em vencer obstáculos. Dois motores, 1.8
EtorquE e diesel, turbo, 2.0 litros e 170 cv. Câmbios mecânico de cinco
marchas, automáticos com seis, e nove! Motor diesel, moderno, italiano, opção
em todas as versões dotadas de tração nas 4 rodas e marcha reduzida. Dependendo
do preço terá muito sucesso.
Honda HR-V
surgirá no mesmo período, no primeiro semestre. É bem formulada mescla de
traços de cupê e utilitário esportivo, com o teto em descida suave após o banco
traseiro. Oferece boa habitabilidade, linhas atrativas, motor 1.8 sobre a nova
plataforma de Fit e City.
Peugeot 2008 surgirá no fim do primeiro semestre de 2015. Maior
capacidade de bem receber os usuários, em plataforma do Peugeot 208.
Visão
Quem conseguir enxergar pelo enevoado caminho do futuro, verá no picape
Oroch mostrado pela Renault, o próximo picape Duster em cabine simples e dupla,
a surgir em 2015. Mesma capacidade, para o objeto de pesquisa chamado Kick’s,
pela Nissan – leia abaixo. E, exigência exponencial, o grande cupê FCC4 esconde
a plataforma do picapão ou Stradão, próximo produto da marca Fiat na fábrica da
FCA em Goiana, Pe.
Mais
Marcas frequentando o segmento Premium das maiores
vendas – Audi, BMW, Ford, Mercedes -, lá estão. Ford implementou o sistema de
navegação e aplicou cintos de segurança infláveis no Fusion. Audi insiste em
seu achado, o A3 sedan 1.4, fórmula melhor aviada, e abre o portfólio com novo
TT e modelos RS. BMW, com nova fábrica catarinense, aposta nos importados da
Série 2, o Active Tourer, com tração dianteira, e nos X: 4, mescla de sedã
e crossover; 5 e 6. Mercedes, com renovação de linha, com o
Classe C e o pequeno SUV GLA, recém apresentado e com fila de espera. O super
esportivo AMG GT enche os olhos, instiga o espírito. Volkswagen quer entrar na
turma dos premium de primeiro degrau
com o novo Jetta, a ser montado no Brasil início de 2015.
No geral, série especial For You, em 5.000 unidades do Hyundai HB20.
Jaguar Land Rover anunciou o produto inicial da futura fábrica em
Itatiaia, RJ: o novo Discovery Sport. Coisa distante. Pedra fundamental em
dezembro. Expôs, também, o seu menor sedã, o XE. Vendas e preço desconhecidos -
na Inglaterra o mesmo de BMW serie 3.
Kia indicou lançar 3ª geração do SUV Sorento. Carroceria maior em
comprimento e largura, menor em altura, três ou cinco lugares, motorizações de
2.4 litros e 171 cv, e V6, 3.3 litros e 270 cv. Produto adicional, o Carnival
recém melhorado. 8 lugares, e o motor V6 opcional do Sorento. Vendas em março.
Executivos coreanos da Kia sorriram muito, mas não falaram em fábrica nacional.
Nissan levou o sedã New Versa – construi-lo-á em Rezende, RJ, no
primeiro trimestre de 2015.
Não veja o conceito Kick’s, linhas atléticas – e não musculosas – como
explicou Shiro Nakamura, VP mundial de design, como veículo
para pesquisa. Olhe-o direito e entenda, mercado para os SAVs – Sport Athletic
Vehicles – em franca decolagem, plataforma do Versa, está ali como pré
apresentação. O Kick’s, nome registrado, terá produção local.
Para Subaru verdadeira novidade do ano, além dos elaborados e infernais
sedãs WRX e WRX STI, com 268 e 305 cv, desenvolvidos e aprimorados em rallyes e
corridas, é a definição pelo Grupo CAOA de melhor ocupar o mercado brasileiro.
Automóveis de qualidade, não são bem explorados. Antônio Maciel Neto, agora
presidente da operação, diz ser para valer.
Outra marca alavancando posições para alavancar sua posição é a Suzuki,
A operação de montagem em Catalão, Go, vê a expansão de vendas do jipinho
Jimny, e novos produtos nos revendedores: pequeno sedã Swift Sport; versão do
Vitara esportivada localmente; e, a grande cartada, o S Cross.
Tecnologia moderna de intensa redução de peso pelo uso de chapas
estampadas a quente, motor 1.6 litro permite bons resultados em operação e
economia, linhas sugerem inspiração em cruza de sedã com crossover. Transmissão
revolucionária percebendo a necessidade do uso de tração total, a depender do
preço será um sucesso de vendas.
Volkswagen retocou a linha, criou versões, importa a nova edição R dos
Touareg. Atração objetiva, o novo Jetta, requerendo passaporte brasileiro.
Outro olhar
Inimaginável há 10 anos carros chineses no Brasil. Menos ainda feitos
aqui. Mas a realidade mudou, e o Salão mostra isto. Na JAC ampla relação de
modelos, exceto o futuro automóvel a ser feito na fábrica da Bahia, ainda em
projeto final. Mas quer preencher o mercado com dois SUV: T6, do tamanho do
Duster, e T5, regulando com o EcoSport.
Geely busca formar rede, para distribuir o SUV EX7, a ser produzido no
Uruguai. Além deste ajuste industrial, chineses da marca estiveram no Salão
instigando José Luiz Gandini, controlador da marca no Brasil a implantar
fábrica local.
Outra, a Chery, com fábrica pronta para motores e automóveis, em lerdo
deslanchar com produto inicial, o Celler, e outro, ora importado e futuro
nacional, o novo QQ.
Arrematando a presença chinesa, a Lifan expõe recém lançado sedã 530,
pequeno picape Foison, e X50 SUV urbano montados em Montevidéu.
Por aí
Visitante observador perceberá no Salão as dúvidas a impactar o setor e
o empresariado brasileiro sobre a falta de direcionamento político, econômico e
diplomático na atual quadra, e a certeza de números mornos no primeiro semestre
de 2015. Com mercado contraído por condições internas, dificuldades de
exportação, sem acordos comerciais com países extra Mercosul, e a lentidão
proposital destes nos processos de importação e pagamento, o Salão é o reflexo
desta quadra sem maiores perspectivas.
Não houve, porque não há, nenhum fabricante brasileiro, prova da falta
de política especializada para o setor. Uma vergonha, mercado com tal potencial
não ter conseguido desenvolver e manter uma marca nacional, e rotulando o país
apenas como bom adaptador – quando as montadoras permitem - de projetos
estrangeiros.
Perceberá também a presença de inúmeros veículos elétricos. A
indefinição oficial quanto ao setor, isenta parte do super imposto de proteção
alfandegária apenas os híbridos geradores de sua própria energia.
Melhor discurso dentre as dezenas nas compactadas 28 apresentações, foi
de Cledorvino Belini, presidente da Fiat na América do Sul, ao exortar a união
no período pós eleitoral.
A FCA perdeu a oportunidade de colocar um Jeep de 1942, ao lado do novo
Renegade. A especialidade e o caminho do 4x4 começaram ali, há mais de 70 anos.
Do governo federal, sem estande ou festa merecida, executivos públicos
do Inmetro premiavam as indústrias com veículos indicando ganhos na redução de
consumo. Há 30 anos grupo de engenheiros do governo tenta convencer o próprio
governo da necessidade do estabelecer regras, parâmetros e aferições para a
redução de consumo através de uma medição padrão. O programa anda, lenta e
exitosamente, apesar de marcas, como a GM, se negar a permitir avaliar seus
produtos.
Mudança tecnológica com os chineses, sempre em grupo, fotografando
detalhes imperceptíveis dos veículos. Neste ano trouxeram carrinho elétrico com
filmadora, passando-o sob os carros expostos para ver detalhes alheios.
O calor está menos inclemente com a implantação de sistema de
umidificação.
Ausência, e parece definitiva, o velho vendedor de uvas carameladas,
destaque na alimentação sem destaque havida na mostra.
Automóvel no Brasil começou com a Peugeot
Em nosso país, o primeiro veículo capaz de andar por seus próprios
meios, em época quando não havia, sequer, um termo para descrever tal artefato
ou capacidade, foi o Peugeot comprado por Alberto Santos-Dumont, um Typ 3,
comprado na fábrica. Aqui chegou em 1891 pelo vapor Portugal, desembarcando em
Santos, SP.
Com a volta de Alberto à França no desenvolver seus projetos que se
transformariam em aviões, ficou imóvel na casa da família, à rua Helvetia, em S
Paulo.
Henrique, irmão de Alberto, encomendou a este gerenciasse a produção de
uma unidade. A encomenda, de 1896, foi entregue em 1897. Foi o primeiro
proprietário a reclamar de taxa criada pela Prefeitura. Engenheiro, entendia, o
governo não podia cobrar taxa sobre veículos, se não oferecia ruas sem buracos
para seu uso. Perdeu.
O Peugeot de Alberto gerou outros registros: foi, durante cinco anos, o
primeiro e único automóvel no Brasil; primeiro na América Latina; representou a
compra de metade da produção da Peugeot em 1890. Estatisticamente transformou a
Peugeot em líder absoluta do mercado brasileiro, e publicitariamente na marca preferida
por 100% dos consumidores. Há mais, para outra história.