Alta Roda nº 918/268 – 08 /12 /2016
Fernando Calmon |
A forte guinada dos fabricantes de veículos em direção
aos motores de três cilindros é reflexo direto das exigências de
diminuição de consumo de combustível do programa Inovar-Auto (2013-2017).
Considera-se como certa nova rodada de metas de eficiência energética a partir
de 2018.
Entre as quatro marcas veteranas do mercado apenas a Chevrolet (ainda) não
optou por essa alternativa. Kia Picanto (importado) e Hyundai HB20 (nacional,
mas com motor importado) foram os pioneiros em 2011 e 2012. Depois vieram VW,
Ford, Nissan, PSA (motor importado) e Fiat. Renault renova agora sua família de
motores flex de 1 litro, 3-cilindros e 1,6 litro, 4-cilindros.
O motor de 1 litro todo novo tem bloco de alumínio e pesa 20 kg menos que o
anterior de quatro cilindros. Nada há em comum com o atual da Nissan, segundo a
Renault. Batizado de SCe (Smart Control efficiency) é a primeira aplicação em
um veículo, antes mesmo da França. Traz soluções atuais como duplo comando
variável, quatro válvulas por cilindro e revestimento de baixo atrito em
tuchos, pistões e polias do cabeçote. Para diminuir custo de manutenção a
correia dentada de distribuição foi substituída por corrente.
Potência e torque alcançam 79/82 cv e 10,2/10,5 kgfm (gasolina/etanol). O ganho
de potência em relação à unidade motriz anterior foi de apenas 2 cv. O torque
não aumentou, embora apresente valores até 15% maiores em rotações baixas.
Consumo com gasolina de 14,2 e 11,9 km/l (estrada/cidade) do Sandero é o melhor
na categoria dos hatches compactos, no programa oficial de etiquetagem. No
entanto, ao usar etanol não se destaca: 9,5 e 8,1 km/l (estrada/cidade). No
sedã Logan os números de consumo são semelhantes, pois há diferença de apenas 8
kg no peso em ordem de marcha, pela ficha técnica do fabricante.
Direção assistida eletro-hidráulica, pneus “verdes” e gerenciamento de
recuperação de energia ajudaram para que os dois compactos anabolizados
ficassem até 19% mais econômicos. Um senão é manter o arcaico sistema de
partida auxiliar com gasolina, quando há etanol no tanque em dias frios.
Em circuito de uma hora de duração, no entorno de Curitiba, o 3-cilindros,
mesmo sem coxim hidráulico, mostrou nível de vibração um pouco menor que a
média dos motores atuais nessa configuração. Porém, diminuição de ruído
dependeria de material fonoabsorvente adicional. Consumo foi o esperado, pelo
computador de bordo. Comando do câmbio manual ficou bem melhor: finalmente, a
Renault adotou o sistema por cabo.
Embora estivesse indisponível para avaliação inicial, houve grande melhora no
motor de 1,6 litro de quatro cilindros e 16 válvulas (origem Nissan). O ganho
de peso foi ainda maior (30 kg) graças ao bloco de alumínio. Valores de
potência subiram bastante: 115/118 cv (gasolina/etanol). Torque cresceu para
bons 16 kgfm, estranhamente com ambos os combustíveis. Consumo em relação à
antiga unidade de oito válvulas melhorou até 21%, com ajuda do sistema
desliga-liga o motor (possibilidade de inibir por botão no painel).
Sandero vai de R$ 42.700 a 47.100 (1 litro; 70% do mix previsto) e R$ 49.790 a
54.620 (1,6 litro). No Logan, de R$ 46.300 a 48.200 (1 litro; 30% do mix) e R$
52.770 a 56.400 (1,6 litro).
RODA VIVA
SEGUNDO o fabricante de processadores Intel, os primeiros carros autônomos
em circulação, por volta de 2021, exigirão nada menos de 4.000 gigabytes (GB)
de fluxo de dados diariamente. Essa quantidade colossal para plena
conectividade estará distribuída entre cinco fontes: GPS, radar, sonar, lidar e
câmeras de vários tipos.
ESPECIALISTAS acreditam que essa quantidade de dados para tráfego pela
internet móvel não é algo trivial. Até mesmo a quinta geração (5 G), já em
teste em países avançados, seria insuficiente. No caso do Brasil, se o atual
ritmo lento de expansão de redes móveis rápidas continuar, teríamos de esperar
até 20 anos pela direção autônoma.
EVOLUÇÃO mecânica do Cobalt é bem clara, tanto no tráfego de cidade como
em estrada. Chevrolet optou por não apenas melhorar o consumo de combustível
(agora nota A) do veteraníssimo motor de 1,8 litro. Torque de 17,7 kgfm
(etanol), câmbio manual de seis marchas, diminuição de massa e melhora
aerodinâmica o destacam entre sedãs compactos de maior porte.
CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viária, da MAPFRE) anunciou
resultados de sua pesquisa em 90% dos veículos de passageiros à venda no País,
em 2015. Centrou-se em itens de série quanto à segurança ativa, passiva e de
proteção ao pedestre, além de assistência ao condutor. Focus, Renegade, Ranger,
Civic, EcoSport e Golf ocuparam as primeiras posições.
SEGURO de automóveis por quilometragem rodada, hoje disponível para
caminhões no Brasil, parece pouco atraente para automóveis, segundo Eduardo Dal
Ri, vice-presidente da SulAmérica. No entanto, ele acredita que o
amadurecimento do motorista poderá levar à criação de apólices mais em conta
para quem aceitar aplicativos de monitoramento da forma de dirigir.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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