Alta Roda nº 926/276 – 02 /02 /2017
Fernando Calmon |
O recente retorno de velocidades maiores nas
vias expressas (conhecidas como Marginais aos rios Tietê e Pinheiros)
da maior cidade brasileira levou a discussões acaloradas com repercussões no
País. Parte da imprensa criticou a mudança. Essa coluna tem visão oposta e
explica por quê.
Aquelas vias expressas voltaram aos limites de 90 km/h, 70 km/h e 60 km/h para
o conjunto de pistas externa (junto aos rios poluídos onde ninguém costuma
nadar), intermediária e local, respectivamente. Em alguns trechos chega a ter
sete pistas largas, com boa sinalização horizontal e vertical, além de faixas
bem demarcadas. Repetição da palavra expressa é proposital.
Os contrários ao retorno aos limites anteriores citam recomendação da ONU para
diminuir velocidade em ruas e avenidas, uma orientação genérica. Essa
organização adora iniciativas políticas, muitas vezes sem respaldo técnico. Não
cita vias expressas que existem na capital paulista e em várias grandes cidades
do mundo. As mudanças em São Paulo incluíram a última faixa da direita a 50
km/h (“padrão ONU”) e lombofaixas onde circulam mais pedestres. Solução
inteligente.
Apesar de estatística ser ciência exata importante, há piadas sobre o tema. Só
para citar uma: “É a arte de manipular os números até que confessem”.
Estatística começou a ser desfigurada quando os limites foram reduzidos na
administração anterior. Acidentes fatais aconteciam, na grande maioria, quando
o limite de 90 km/h era desobedecido. Então o número de radares aumentou,
juntamente com a fiscalização; fizeram-se intervenções sobre os chamados
“pontos negros” de acidentes; abusos de motociclistas passaram a ser tolhidos;
crise econômica tirou carros do trânsito, comprovado pela queda superior a 15%
do volume de combustível (também mais caros) vendido nos postos; motoristas
irritados com a velocidade de procissão procuraram outras rotas ajudados por
aplicativos de celulares.
Nada disso foi considerado ao se “analisar” a estatística. Atribuiu-se única e
exclusivamente aos limites mais baixos de velocidades a redução de 17% no
número de fatalidades nas duas vias. Vários estudos apontam diminuição de
volume de tráfego como fator não linear (curva exponencial para o lado da
segurança) na redução de acidentes.
Defensores da involução dos limites citaram até melhorias no trânsito, pois
menor velocidade significaria carros rodando mais próximos entre si, o que
aumentaria a capacidade da via. Essa é teoria longe de se provar do russo
radicado na Alemanha, Boris Kerner. Outros estudos apontam justamente o
contrário, como o da Universidade de Osaka, Japão (ver o filme em
http://tinyurl.com/znhaom5).
As Marginais têm características evidentes de estradas urbanas e assim devem
ser tratadas. A nova administração da cidade demonstra visão mais abrangente do
debate. Criou campanha educativa prévia e, mais do que isso, aumentou a
vigilância, além de aceitar doação de picapes e motos para rápida intervenção.
Sinalização melhorou e atendimento no caso de acidentes será mais rápido ao
incluir pontos estratégicos para ambulâncias e até helicópteros.
Nada de manipular números para defender teses. Deixem a estatística em paz.
RODA VIVA
VOLKSWAGEN fechou seus números finais de vendas mundiais de veículos em
2016. Incluindo as 12 marcas de automóveis e comerciais leves, mais as de
caminhões (MAN e Scania) o conglomerado comercializou 10.312.400 unidades. Em
segundo ficou a Toyota (10.175.000) com quatro marcas de automóveis e uma de
caminhões (Hino).
META foi alcançada dois anos antes do que o grupo alemão previu quatro
anos atrás. Problemas com emissões de motores diesel em 2015 lhe custaram até
agora US$ 19 bilhões em multas e indenizações, mas parecem ter impactado sobre
sua imagem menos do que se imaginava. Em 2017 o conglomerado deve lançar cerca
de 60 novos produtos em todo o mundo.
BMW M2, versão de briga do Série 2, arrebata corações de quem aprecia desempenho
na forma mais pura e um automóvel de dimensões contidas, sem chamar muita
atenção. Na faixa de preços em torno de R$ 1.000 por cv de potência (no caso,
370 cv de um extremamente suave motor de seis cilindros em linha) é um dos
melhores que este colunista já dirigiu.
JOVENS começam a alugar carros por períodos curtos, registram-se no Uber e
serviços assemelhados para ganhar algum dinheiro em fim de semana ou feriados
prolongados como motorista particular. Não é o caso de alarme geral, mas
exigiria alguma seleção mais rígida por parte dos contratantes. Guiar com
segurança exige boa formação e certa experiência ao volante.
DICA dos fabricantes de equipamentos para não sobrecarregar sistema de
arrefecimento. Nesses dias de verão e calor acima das médias históricas a
temperatura da cabine deve ser ajustada para não mais que 8°C abaixo da
temperatura externa (por exemplo 22°C, se fora do veículo estiver 30° C).
Claro, aplicável em veículos que informam esses dados, mas serve de parâmetro.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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