terça-feira, 6 de novembro de 2018

MIAU promove exposição do primeiro carro-conceito brasileiro


O próximo sábado e domingo, 10 e 11 de novembro, pode ser considerado o ‘fim de semana do carro’ pela realização de dois grandes eventos relacionados ao tema: o Salão do Automóvel e o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.

Aproveitando a oportunidade o MIAU – Museu da Imprensa Automotiva promoverá nestes dois dias exposição do primeiro carro-conceito brasileiro, o Aruanda. A mostra comemora o aniversário da apresentação do veículo, que ocorreu em novembro de 1965 no Salão de Turim, na Itália. O carro ganhou o prêmio de destaque do evento e estampou a capa da revista europeia Il Carrozziere Italiano, que até então jamais dera tamanho destaque a um modelo desenhado fora da Itália. Apenas uma unidade foi construída.

Revolucionário, o Aruanda antecipou em muitos anos um estilo moderno e aerodinâmico para um veículo urbano, seguro, econômico e de baixa emissão de poluentes, em um período em que a indústria automotiva nacional apenas engatinhava. O projeto é do brasileiro Ari Rocha, e chamou tanta atenção que o designer foi convidado pela Fissore, uma das maiores empresas de design automotivo do mundo, para construir em sua sede o veículo

No sábado, 10, o próprio Ari Rocha estará no museu para receber os visitantes e contar mais detalhes sobre o veículo. A mostra segue apenas até o domingo, 11, sempre das 11h às 17h, na sede do MIAU – Museu da Imprensa Automotiva. Os ingressos custam R$ 15 e podem ser adquiridos na própria entrada do museu.

Sobre o Aruanda
Estudante na FAU-USP e estagiário na Vemag, Ari Rocha apresentou o projeto do Aruanda no Salão do Automóvel de 1964. Na época o evento promovia o Prêmio Lúcio Meira, para estimular a criação de uma geração de designers automotivos brasileiros. O Aruanda ganhou o primeiro lugar com votos de jurados internacionais e, além de um milhão de cruzeiros, o reconhecimento valeu a Ari Rocha três convites para construir o carro na Itália, a meca do design automotivo, de Pininfarina, Michelotti e Fissore, sendo que a última foi a escolhida.

Construído a partir de chassi de um DKW e motor Fiat, o Aruanda estreou no 47º. Salão Internacional de Turim em 03 de novembro de 1965, no estande da Fissore, com direito a ambientação que remetia ao calçadão de Copacabana. Sua exibição foi um sucesso estrondoso e lhe rendeu o prêmio internacional de proposta mais inovadora do evento.

O carro veio para o Brasil para ser exibido no Salão do Automóvel de 1966 – e esteve também na edição de 2010, que comemorou 50 anos da mostra. Foram diversas propostas para sua produção em massa, do Brasil e Exterior, inclusive com motorização elétrica, mas a modernidade do conceito para a época era tamanha que nenhuma se concretizou.

Em 1978 quase que a história termina de forma trágica: levado às oficinas da Puma, na Zona Sul de São Paulo, o Aruanda foi tragado por uma grande enchente que invadiu a fábrica e simplesmente desapareceu na enxurrada. 

De forma incrível, 20 anos depois o  chaveiro Oswaldo Petroni Júnior , o Júnior Chaveiro de Itatinga, adquiriu em leilão um galpão industrial desativado em Bauru, no Interior de São Paulo, por conta do interesse em uma prensa usada que ali estava. Para sua surpresa no mesmo local encontrava-se o Aruanda, em mal estado.

O chaveiro, ciente de seu valor histórico incalculável, conseguiu encontrar Ari Rocha em São Paulo e lhe devolveu o veículo, que foi inteiramente recuperado nas oficinas da Ricardo Oppi Restaurações, uma das mais importantes e reconhecidas empresas do gênero do País.

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