segunda-feira, 26 de novembro de 2018

PAIXÃO POR VELOCIDADE: A ROTINA DE UM PILOTO DE PROVAS DE ELITE DA FORD



No mundo da engenharia automotiva existe um grupo de elite de pilotos de teste – chamado Tier 4 –, que reúne a nata da categoria. Eles são os únicos com permissão para acelerar até o limite máquinas de mais de 500 cv, como o Shelby GT500 e o Ford GT. A Ford tem apenas 20 pilotos com essa certificação no mundo e um único na América Latina, Luis Gozzani, engenheiro paulista que trabalha no Campo de Provas de Tatuí, no interior paulista.

“Quando eu tinha 3 anos, meu pai tinha uma moto esportiva e me levou em cima do tanque para dar uma volta. No meio do passeio, ele deu uma acelerada forte e aquela cena ficou gravada na minha memória pelo resto da vida. Ainda me lembro do ronco do motor, da sensação de aceleração e do vento no rosto. Acho que neste exato momento meu destino foi selado”, ele conta.

Luis Gozzani atua na Engenharia de Veículos da Ford desde 2005 e é um exemplo da paixão que os profissionais do Campo de Provas de Tatuí têm pelo seu trabalho. A instalação é a pioneira do gênero no Brasil e está comemorando 40 anos de operação.

Como engenheiro de desenvolvimento, Gozzani participa da avaliação de todos os atributos dos carros. Além dos testes de pista, seu trabalho envolve também a parte burocrática de engenharia, análise de riscos de segurança e treinamento de outros pilotos.

Depois de correr de kart na adolescência, ele se formou em Engenharia Mecânica e participou de campeonatos estudantis de protótipos. Também trabalhou em uma oficina de competição, atuando como mecânico no box em provas de longa duração, como as 1.000 Milhas de Interlagos. A Ford foi seu primeiro emprego, onde pôde seguir a vocação e participar de treinamentos para chegar ao nível Tier 4.

“O Campo de Provas é uma extensão da minha casa. Eu faço o que gosto, que é levar os carros ao extremo para garantir a segurança e o prazer de dirigir do consumidor”, diz.

Níveis de pilotagem
Na classificação dos pilotos, o nível Tier 1 identifica um motorista comum. Como Tier 2, o piloto já pode realizar testes veiculares na pista, como aderência lateral e longitudinal dos pneus a até 160 km/h. Ao Tier 3 é permitido, por exemplo,  fazer slalom e rodar acima do limite de aderência a até 220 km/h. Para um Tier 4, teoricamente não há limites. Para chegar lá é preciso ser indicado por um comitê de pilotos desse nível e fazer um treinamento especial de 10 dias em Dearborn, nos EUA – que foi criado nos anos 2000 com a ajuda do piloto Jackie Stewart.

“Esse treinamento é totalmente prático. São avaliados o perfil do piloto, seu controle sobre o veículo e realizadas provas de tempo e velocidade, entre outras. Além disso, o Tier 4 deve estar preparado para treinar outros pilotos”, explica Gozzani.

Segundo ele, a pilotagem nesse nível assume um caráter totalmente diferente do convencional. “Quando uma pessoa está ao volante, ela usa quase todo o cérebro para dirigir. No nosso caso, precisamos tornar a tarefa de pilotar automática para poder focar a atenção nos componentes do carro que estamos avaliando.”

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