terça-feira, 6 de novembro de 2018

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez
A F-1 desembarca em Interlagos

Categoria mais divulgada do automobilismo, a F-1 desembarca esta semana em Interlagos para a disputa do Grande Prêmio do Brasil, a penúltima etapa do Campeonato Mundial de 2018. Com o título já decidido em favor do inglês Lewis Hamilton – agora empatado com Juan Manuel Fangio, ambos com cinco títulos -, pode-se esperar disputas mais acirradas, já que nem Valteri Bottas, tampouco Kimi Räikkönen serão compelidos a fazer jogo de equipe para seus pares nas equipes Mercedes e Ferrari. Novidade do grid de domingo será a presença de kartistas das categorias mirim e cadete para cumprir o papel outrora preenchido por jovens escolhidas pela beleza e pelo sorriso.

O espanhol Carlos Sainz, que faz sua penúltima corrida pela equipe Renault, diz que uma volta em Interlagos “é quase igual a uma montanha russa”; note que ele nem era nascido quando mudaram o traçado original par ao que existe hoje.  


Outro que não conheceu Interlagos antigo e que está de partida de sua equipe atual é Rob Smedley, o engenheiro inglês que
acompanhou Felipe Massa na Ferrari e na Williams, de onde se desliga ao final do ano.

Outrora um dos circuitos mais longos do mundo e com um traçado que demandava um acerto de chassi capaz de manter rendimento equilibrado em curvas em aclives e declives e de alta, média e baixa velocidades, Interlagos teve seus 8 km de percurso dilacerado em cerca de 50% em nome das demandas de TV e de mercado. O percurso que era completado em dois minutos e meio em 1978, a partir de 1994 passou a durar só 1’20", tempo que este ano deverá ser reduzido em mais 10 segundos. 

Isso faz do Autódromo José Carlos Pace um dos percursos mais curtos do calendário: só ganha de Mônaco e do México. Nem por isso as surpresas durante as 71 voltas (ou 305,909 km) da competição estão imunes a vários tipos de surpresas: o tempo instável já ajudou a definir o título de 2008 na penúltima curva da última volta em favor de Lewis Hamilton e prejuízo de Felipe Massa, que disputavam o título.

A largada deste ano já garante uma novidade: a pedido dos organizadores da prova a Federação de Automobilismo de São Paulo selecionou 20 kartistas das categorias Mirim e Cadete para se postarem à frente de cada um dos 20 carros que irão ao grid. É uma decisão que incentiva jovens valores do esporte e economiza alguns trocados aos promotores do evento: contratar grid girls envolveria o pagamento de cachês, algo que os pilotos em início de carreira não receberão. Tal qual a mudança do traçado paulistano, sinal de tempos cada vez mais classificados como politicamente corretos...

Situado a cerca de 800 metros acima do nível do mar, Interlagos também demanda trabalho reforçado do que agora é chamado “unidade de potência” e antigamente era apenas “motor”. Atualmente o centenário motor a explosão funciona ligado a duas unidades de recuperação de energia, uma funcionando com esquema térmico e outra, cinética, o que caracteriza uma máquina híbrida, algo tão em moda no automóvel contemporâneo. Segundo a fabricante de freios Brembo, no asfalto paulistano a energia térmica é recuperada em três freadas fortes a cada volta: S do Senna (a mais forte, onde se reduz de 338 km/h para 101 km/h, segundo dados coletados no ano passado) curva Chico Landi , no final da reta oposta (341 km/h para 172 km/h) e na Junção (284 km/h para 132 m/h). É exatamente neste ponto que boa parte do 1,78 kWh ou 2,42 CV (índice que deverá ser maior este ano) acumulado cada volta será usada para ajudar a superar a íngreme subida dos boxes e iniciar o trecho mais veloz do traçado. A força do turbo é ainda mais importante nesse trecho.

Tal qual os motores, digo, unidades de potência,  chassis, aerodinâmica e pneus também evoluíram nos últimos 12 meses,, estes últimos serão mais macios que os usados em 2017, embora mantenham a mesma denominação: médios (detalhes laterais em branco), macios (amarelo) e supermacios (vermelho). Para comparar, o macio de 2017 é o médio de 2018 e assim por diante. Entre os quatro montados no carro, o traseiro direito é o que sofre o maior desgaste e tanto quanto o consumo o tempo instável é outro grande vilão na hora de escolher os borrachudos para a corrida.  Se a chuva não vier da represa, como insiste aquele locutor, espere um único pit stop para troca de pneus, de supermacios para macios.

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