Alta Roda nº 1046/346– 13/05/2019
Fernando Calmon |
Meandros da segurança
AEA, Bright Consulting, Adas, ESC, AEB, Stärkx,
carros autônomos, ministro, Paulo Guedes, Renault, Kwid, Outsider, VW
Comfortline, T-Cross, Nissan, estúdio de design, Grupo Disal Os brasileiros dão
mais importância a alguns recursos de conectividade do que motoristas de alguns
outros países, conforme pesquisa comparativa feita pela operadora Telefônica,
na Europa. Um exemplo: 30% dos brasileiros estão interessados em acessar as
mídias sociais em automóveis, ante apenas 9% no Reino Unido. No entanto, conectividade
está intimamente ligada à segurança e
esses dois temas levaram a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva)
a organizar um seminário semana passada em São Paulo (SP).
Quando se trata do conceito mais amplo de Sistemas Avançados de Assistência ao
Motorista (Adas, na sigla em inglês) o viés de segurança se impõe. De acordo
com a Bright Consulting, há diferentes taxas de aplicação dos sistemas Adas.
Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC, em inglês) e câmera de ré estão em
40% e 35%, respectivamente, dos veículos vendidos no Brasil e em 100% dos
comercializados nos Estados Unidos.
No máximo, 2% dos carros novos emplacados aqui vêm com detector de fadiga,
assistente de manutenção de faixa e frenagem autônoma de emergência (AEB, em
inglês). Na Europa a taxa de aplicação já supera 50% e os três itens estarão em
100%, obrigatoriamente, em 2021. As regulamentações no Brasil estão avançando e
os cronogramas de adoção são mais lentos, basicamente pelo custo elevado das
diferentes tecnologias e a necessidade de adaptações às condições de uso
bastante severas no Brasil.
Entre os dispositivos citados, o AEB reúne maior potencial de aumento da
segurança viária por diminuir atropelamentos (ou a sua severidade) e até 40%
das colisões em baixa e média velocidades (contra carros estacionados, em
movimento ou parados, além de obstáculos fixos). Todos são fruto de distração,
imprudência, negligência e algumas vezes de inabilidade ao volante.
Nos debates chamou-se atenção para o desenvolvimento de protocolos que levem em
conta como os motoristas interagem com os sistemas de assistência e percebem as
limitações. Os níveis de autonomia veicular variam de 1 a 5 em função da
interatividade. Carros autônomos continuam a avançar, porém o prazo de sua
chegada ao mercado ainda suscita dúvidas. Mesmo o nível 4, que dispensa
qualquer atenção ao volante e aos pedais (eliminados no nível 5), ainda será
muito caro para automóveis particulares. Esperam-se, primeiramente, aplicações
comerciais, em frotas de uso intensivo e roteiros específicos.
A Stärkx Automotive lembrou um ponto importante que, se esquecido, traz sérios
problemas. Todos os sensores Adas aplicados em espelhos retrovisores,
para-brisas, grades, para-choques e outros componentes menos visíveis precisam
ser recalibrados após uma colisão, substituição ou simples remoção para
manutenção.
Também se deve considerar que carros elétricos estão suscetíveis a problemas de
segurança específicos, quando enfrentam alagamentos ou sofrem colisões mais
severas. Nesses casos, melhor se afastar imediatamente e procurar socorro
especializado. Por esses motivos, companhias no exterior estão cobrando muito
caro pelo preço do seguro.
ALTA RODA
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MINISTRO da
Economia, Paulo Guedes, acenou para uma gradual redução das tarifas de
importação. Uma curva progressiva: 1 ponto percentual (pp), no primeiro ano; 2
pp, no segundo; 3 pp, no terceiro; 4 pp, no quarto. No caso de automóveis
significaria o imposto de importação cair dos atuais 35% para 25% ao longo de
quatro anos, pela interpretação da coluna. 25% é tarifa máxima imposta pelos
Estados Unidos à China, por exemplo. Resta saber se a indústria teria condições
para exportar sem os impostos hoje incidentes.
RENAULT Kwid Outsider segue a fórmula aventureira,
porém trilha o caminho de chamar atenção sem exageros. Preço de R$ 43.990 está
dentro do razoável. Há uma mudança mecânica estendida a todos os Kwid: freio
dianteiro a disco ventilado, novo servofreio e pistões de pinça maiores. A
sensação de toque e progressividade no pedal ficou melhor.
VERSÃO intermediária Comfortline do VW T-Cross –
motor turboflex de 1 litro e câmbio automático de 6 marchas – tem boa
desenvoltura em cidade e nem tanto em estrada. O modelo de entrada, com câmbio
manual, surpreende pela agilidade em qualquer situação. Espaço interno,
ergonomia e comportamento dinâmico superam a média dos concorrentes.
NISSAN inaugurou na semana passada um estúdio de
design em São Paulo (SP) para aproveitar talentos locais no desenvolvimento de
séries especiais e colaborar em projetos no exterior que podem chegar ao Brasil
e em outros mercados. O líder da equipe é o americano de origem vietnamita John
Sahs e conta, inicialmente, com seis especialistas brasileiros.
FERRAMENTA inovadora desenvolvida pelo consórcio
digital www.carroparatodos.com.br, em parceria com o Grupo Disal, ajuda a
planejar um possível lance vencedor por meio de simulações estatísticas e um
algoritmo específico. Todo o processo é feito on-line e permite ao interessado
uma flexibilidade na entrega do veículo, sem depender apenas da sorte.
PERFIL
Fernando
Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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