Reabrir uma linha de montagem com o intuito de fabricar
um modelo cuja produção foi encerrada é algo pouco comum na indústria
automobilística. Menos ainda se isso for feito para produzir apenas quatro
unidades. Foi o que a Porsche fez neste ano com o objetivo de repor
quatro 911 GT2 RS que foram parar no fundo do mar, após o naufrágio do
navio que os trazia para o Brasil.
Produzir unidades extras do Cayenne, Macan, 718 Boxster e
718 Cayman para repor as perdidas no naufrágio era o menor dos problemas para a
Porsche. O maior é que na embarcação estavam quatro GT2 RS, versão
de produção limitada cuja fabricação havia sido encerrada em
fevereiro. Os quatro a bordo eram os últimos a serem entregues no
mercado brasileiro.
Comunicada do ocorrido pela Porsche Brasil, a matriz
na Alemanha decidiu reabrir a linha de produção do 911 GT2 RS em
Zuffenhausen e fabricar quatro novas unidades para serem entregues
aos clientes brasileiros em substituição às perdidas no naufrágio. Isso foi
possível porque a adequação da fábrica para iniciar a produção em série
dos 911 da nova geração, denominada internamente como “992”, ainda não havia
sido iniciada - estava marcada para dois dias depois. Se esse processo já
estivesse em andamento, a reposição dos quatro 911 GT2 RS (última versão da
geração "991") seria impossível.
Tão logo recebeu a resposta positiva da Porsche AG, a
Porsche Brasil enviou aos proprietários dos quatro 911 GT2 RS uma carta
informando-os do naufrágio e mencionando que, em uma situação normal, não seria
possível repor o veículo.
“Porém, devido à natureza da situação e por
considerá-lo um cliente altamente valioso para a marca, a Porsche decidiu
reativar a produção deste modelo em sua fábrica e produzir o seu veículo em
abril”, prosseguia a carta, assinada pelo Diretor Presidente da Porsche Brasil,
Andreas Marquardt, e pelo diretor de marketing, Thomas Klein Reesink.
“Estimamos que a entrega do novo veículo ocorrerá durante o mês de junho de
2019, complementava o texto. A Porsche se dispôs a fabricar essas
quatro unidades exatamente da maneira como foram encomendadas,
evidentemente com uma numeração de chassi diferente das originais.
No dia 8 de junho, o navio Grande Nigéria chegou ao porto
de Vitória, no Espírito Santo, com os quatro 911 GT2 RS. De lá, foram enviados
para os Porsche Centers nos quais foram encomendados. Três carros (de cores
branco, preto e violeta) foram entregues a seus compradores pela Stuttgart
(dois em São Paulo e um em Curitiba). Outro, também preto, foi enviado ao
Porsche Center BH, em Belo Horizonte. O prazo previsto pela Porsche Brasil foi
plenamente cumprido: no fim de junho, os quatro 911 GT2 RS estavam nas
garagens de seus respectivos proprietários.
Comprar um Porsche como o 911 GT2 RS é algo
especial. Além da exclusividade, ele oferece desempenho digno de carro de
corrida. Seu motor de 6 cilindros contrapostos biturbo entrega 700 HP de
potência, possibilitando acelerar de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos e atingir 340
km/h de velocidade máxima. Para estes quatro compradores
brasileiros, a Porsche fez mais que entregar os veículos: ela resgatou do
fundo do mar a possibilidade de acelerá-los.
Texto: Luiz Alberto Pandini
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