segunda-feira, 6 de maio de 2013

Derrubando Mitos: Blindagem Automotiva – Capítulo 1 Por: Renato Pereira



É muito comum em países que, repentinamente, descobriram o “objeto” dinheiro e tudo o que esse “objeto” traz, como alegria, conforto, alimentação – e riscos enormes a quem resolve ter demais, principalmente quando a maioria continua tendo-o de menos – que produtos e serviços voltados ao conforto, bem estar e segurança desses acumuladores sejam oferecidos ininterruptamente.  Entre esses incontáveis produtos e serviços, pipocam todo tipo de parafernália (conjunto de coisas que você não sabe os nomes tampouco para que servem) imaginável e inimaginável. Como um dos maiores símbolos de status que os novatos na arte de ter dinheiro adoram ostentar são os carros, é claro que estes se tornam, também, os objetos de maior interesse da “Banda B” da sociedade. Não os carros, propriamente ditos, mas sim quem está dentro deles. Ninguém é burro o suficiente para roubar um importado de alto valor, pelo simples fato de não ter nada o que fazer com o carro depois – vender pra quem? Nem desmanche quer...a “vida” desses carros é inteiramente rastreada, e em qualquer de suas concessionárias descobre-se a “história pregressa” de cada um de seus modelos.Para proteger-se, então, de possíveis ataques criminosos, apela-se para os mirabolantes sistemas de rastreamento, alarmes e travas e, em um grau que vem crescendo gigantoscopicamente no Brasil, para a blindagem. É aqui que começa esta matéria, que, pelo volume de informações, será dividida em capítulos diários. Focarei exclusivamente na blindagem, pela complexidade, fantasias e tabus que o tema envolve, além da montanha de dinheiro que movimenta.Vamos lá!

A blindagem é feita para evitar assaltos e proteger os ocupantes de um veículo, certo? Mais ou menos. Aliás, está bem “mais para menos”, porque a realidade é bem diferente dos filmes hollywoodianos ou dos panfletos de propaganda ou dos depoimentos em sites etc. Em síntese, a blindagem esta, para a sua proteção, no mesmo nível que um alarme impede o roubo do carro, porque ambos os sistemas dificultam as ações de ataque, porém não as impede. Internacionalmente regularizada, a blindagem atende pré-requisitos de acordo com um nível de proteção, para superfícies opacas (carroceria) e transparente (vidros), definidos como Nível I, Nível II-A, Nível II, Nível III-A, Nível III, Nível IV e Nível V. cada um referindo-se ao calibre da arma que se propõe a resistir. É exatamente aqui que começa a parte que ninguém explica direito, porque todo mundo acha que se alguém contar, estará ensinando o caminho das pedras ao mundo do crime, como se os criminosos não soubessem de cor e salteado sobre o assunto. Então, o primeiro mito a ser derrubado, em qualquer nível de blindagem,é com relação ao calibre da arma, só que definindo o tipo de arma com o calibre indicado e, o principal, o tipo de munição utilizada. Ou você também acha que toda “bala de trezoitão” é igual? Se acha, então esta matéria está no caminho certo! Para começo de conversa, o “ponto” antes do número indica fração de polegada, como são definidas determinadas munições, enquanto outras são em milímetros. Essas munições são carregadas com diferentes tipos de componentes, de acordo com o objetivo – por exemplo, se é para deter com vida ou matar um oponente. Da mesma forma, munições diferentes com ogivas diferenciadas são desenvolvidas para penetrar, perfurar ou explodir os alvos e o alvo, nesse caso, é a blindagem. 

O convencional é que, em termos gerais, os níveis de proteção de blindagem são assim definidos:
Nível I - oferece proteção contra o disparo de revólveres calibres .22, .32 e .38 e pistolas 7.65, que é o mesmo calibre do revólver .32.

Nível II-A - Oferece proteção contra munição de pistola calibre 9mm – que é o mesmo que .357ou .380 ou revólver .38 Special. 

Nível II - Resiste aos mesmíssimos calibres anteriores, porém com munições compostas por outros elementos e ogivas.

Nível III-A - Suporta o disparo de calibres 9mm e .44 Magnum, que seria algo próximo a 10mm.

Nível III - Se propõe a resistir a tiro de calibre 7,62mm. Esse calibre só cabe em fuzil de assalto, erroneamente anunciado nas propagandas como submetralhadora, além de se referirem aos fuzis AK-47, FAL, G36, G3, M-16 e AR-15 como se fossem absolutamente iguais. Não são. O AR-15 é uma derivação do M-16, e seus calibres não são 7,62mm, mas sim 5,56x45mm. As munições 7,62mm dos demais variam entre 7.62x39mm, 7.62x54R, 7.62x25mm e isso define a quantidade de carga – logo, a velocidade, a força e o poder de destruição da ogiva.Enquanto o calibre 5,56x45mm, apesar de parecer inferior em “tamanho” é mais letal ou indicado contra blindagens por contar com diversas versões de carga e ogiva, inclusive a HEIAP (High ExplosiveIncendiary/ArmorPiercingAmmunition), especificamente desenvolvida para perfurar blindagens.

Nível IV – Agrega proteção contra todas as ameaças anteriores, além de munições mais perfurantes, como a .30-06, .338 e granadas.

Nível V – É a soma de todos os níveis anteriores, acrescentando-se resistência a munição 12,7 x 99 mm e ataques de mísseis Stinger e Tomahawk. Os dois últimos níveis são oque existe de mais seguro disponível a civis, mas esse nível de blindagem é altamente exclusivo, com autorização especial do Exército e do Ministério da Defesa, sendo necessário apresentar um requerimento que justifique tal proteção, como as Forças Armadas, Chefes de Estado, Presidentes e, com raras exceções, a megaempresários que consigam justificar a real necessidade de tamanha proteção.

Toda essa explicação é necessária para o seu entendimento, de maneira fácil, que a menos que você entenda profundamente de armas, jamais conseguirá identificar o que, exatamente, estão te apontando e se a blindagem de seu carro resiste ao tiro ou não. Para ficar bem claro, o nível de blindagem mais comercializado no Brasil é o III-A, não porque os nossos acumuladores de dinheiro não saibam que os marginais, situados um andar acima do nível pé-de-chinelo, costumam possuir todo o armamento mencionado para enfrentar o Nível III, mas sim por questões de custos mesmo.

Renato Pereira – renato@autopolis.com.br

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