Qual é o segmento de
veículos que coloca o Brasil em primeiro lugar mundial ?
Carros 1.0 ? Motos 125 ?
Automóveis pretos ou prata ?
Dúvidas coerentes. Nosso país só produz
automóveis e comerciais leves com motores de quatro cilindros e, dentre estes
os 1.0 são maioria. De motor monocilíndrico, pequena cilindrada, maciçamente
destinada a trabalho na cidade e a substituir cavalos e burros nas cidades do
interior e no campo, motos 125 vendem muito. E carros pretos ou prata, parte
maior da massificação das preferências nacionais à hora de comprar um veículo
de passeio ?
Nada
disto. Nossa liderança esta nas vendas recordes de caminhões, vendemos a maior
quantidade – arranhar 200 mil unidades neste ano -, muito à frente dos
restantes mercados, incluindo os países de origem dos caminhões aqui produzidos
– exceto China. E vamos subindo a rampa.
Maior
mercado, reunindo superior quantidade de marcas em produção – solitária marca
nacional, a Agrale, estadunidense, suecos, alemães, italiano, holandês, coreano
e, como se promete, chineses – realiza uma feira técnica a cada dois. É a
Fenatran, em S Paulo. De negócios, sem entradas pagas, apenas convites a
público especializado de compradores, operadores, frotistas. Todos no escombro
inoperacional chamado Anhembi, prédio da prefeitura paulistana, cedido aos
organizadores de evento, e sem intervalos para sofrer reparos ou manutenção. Há
anos é perigosa sauna, e a Prefeitura da cidade não investe em seu sanear para
não interromper o faturamento, enquanto os operadores dos eventos alegam nada
ter a ver com isto.
Realizado
de 28 de outubro a 01 de novembro a expectativa de receber 60 mil visitantes
para fazer negócios com os 376 expositores de 15 países. No setor,
coerentemente é a maior mostra continental.
Operacional
A abertura mostrou dados curiosos, como o
intenso uso de adjetivos nas apresentações, todas rotuladas como novidade,
caminho, tendência, solução, menor custo operacional. Exageros. Novidade maior
foi a ausência das marcas que passaram meses anteriores prometendo instalar-se
no Brasil. Desconsideraram o evento bi anual para apresentar e exibir os
produtos. Nestas, chinesas como a Foton, e a JAC, vendendo caminhõezinhos; a
junção de Caterpilar/International, não apareceram. Das novas, duas: a ex
holandesa DAF, hoje de capital dos EUA, e a Metro-Sachman, nome brasileiro,
sobrenome chinês, apresentaram seus produtos.
Governador
paulista Geraldo Alkmin visitou espaço dos International, fabricados em Caxias
do Sul, RS. São Paulo sedia 45% da produção de caminhões, nele trabalharão 551
desta marca gaucha, dentre os 898 adquiridos pelo governo federal.
Curiosamente, das marcas tradicionais era a única sem lançamentos. Alkmin
enfatizou pressão sobre o roubo de cargas e caminhões, também sobre resultados
previstos no programa de renovação da frota em tentativa implantaçao por alguns
estados, incluindo SP. Ausente o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, o governo federal perdeu a oportunidade de liderar o
processo de renovação da frota de caminhões. A nossa tem perigosa idade média
de 16 anos.
Uma
das maiores referências para a Fenatran 2013, o patamar de potência e tração,
segue o otimizador de transmissão, dito automatizador, apresentado pela Scania
há duas décadas, e factibilizado pelo emprego de eletrônica. Ele mantém as
tradicionais caixas de marcha com engrenagens metálicas, mas seu sistema de
troca poupa o motorista, o motor, a transmissão e o bolso do empresário. E a
nova tendência. Em potência a Volvo levantou a bandeira da liderança com o
sueco FH 16, motor deslocando 16.000 cm3, produzindo 750 cv e 3350 Nm de
torque. Tem capacidade para arrastar até 200 t – menos que o Scania com motor
de 620 cv e 250t -, e é aplicável em cargas indivisíveis – destas fora de
padrão exigindo reboques com inúmeras rodas para distribuir peso sem danificar
as rodovias. Presença pouco mais que o institucional, serão o nicho do nicho.
No outro extremo, o veículo de transporte mais leve é um Uno Furgão. O
conhecido e bem sucedido Uno com carroceria fechada. Não é novidade. Seu avô, o
147, tinha versão assemelhada. Para 1 m3 ou 400 kg de carga. Leve, também o
novo Fiorino, e o recém lançado picape Strada com 3 portas.
Ocasião
de mídia e eventos institucionais, restou a duvida ? No setor quem é mais
importante ?
Em pesquisa da revista Carta Capital, a MAN, maior, foi escolhida Mais
Admirada do Brasil. A CAOA, que monta alguns Hyundai, também. A MAN é conduzida
por Antonio Roberto Corrêa, festejado mundialmente. A CAOA, pelo médico Carlos
Alberto de Oliveira Andrade, que lhe cede o apelido. O dr CAOA, ao contrário da
admiração no prêmio, foi repelido pelo publico formado pelos credores do Banco
BVA em sua formula para assumi-lo.
DAF Das novas marcas, a única com produto tátil, apresentou-o como fabricado na
nova usina de Ponta Grossa, Pr, o caminhão XF105 e avisou ter próximas linhas
CF – pesado - ,e LF – semi. Apesar de apresentar-se como líder no mercado
europeu de cavalos mecânicos, como vender num mercado atípico, tão forte que
expulsou a General Motors da operação ? Marco Antonio Davila, presidente,
explica, o diferencial da companhia é o pós venda.
FORD –
Sua
operação de caminhões é quase exclusividade, dividindo com a Turquia
desenvolvimento e produção. Na Fenatran exibiu a nova turca van Transit;
anunciou a volta a produção do caminhãozinho F4000; renovou o líder 816; e fez
apresentação formal do que chama de extra pesado, os 2842 e 2042. Mudou
novamente os motores. Agora FPT. Apresentou o novo diretor de caminhões, Guy
Rodriguez.
Iveco
– Exibiu
o extra pesado Stralis Hi-Way Também nova geração do Tector Economy, 300cv em
duas versões, e tres novos produtos: Tector Attack 280, off-road Trakker e o médio Vertis HD. Seriação está no programa de
leva-la, a médio prazo, a terceira posição em vendas. Primeira a MAN, segunda
Mercedes.
Hyundai – Na Fenatran 2011
a Hyundai apresentou seu caminhão HD 78, criticando todos os outros fabricantes
quanto a produtos e vendas. Passados dois anos, o HD 78 vendeu mínimas unidades
apesar de ter aberto mão do motor coreano, trocando-o por ítalo-mineiro, o FPT.
Na apresentação, performance de Luiz Sergio, diretor pós venda, sem assunto ou
resultados mesclava o HD 78 com o pequeno HR sempre aplicado a uso urbano. Do
HD 78 versão traçada.
MAN – Líder, a MAN Latin
America fez efeito demonstração e apresentou 14 produtos, abrindo amplo leque
de motores, potências, tonelagens, entre 150 e 480 cv de potência. Nos mais
vendidos, os Constelation 19.420. 25.420 e 26.420, motores Cummins de 420 cv e
transmissão automatizada com gerencia eletrônica. Topo da linha, o MAN TGX
29.480 6x4 para longas distâncias. Meados de 2014
Mercedes – Ex líder, fez
profissão de fé, anunciando pelo presidente Philipp Schiemer investir mais R$
1B para fazer caminhões e ônibus, desenvolver novos produtos, nacionalizar o
extra pesado Actros. Na mostra, o VUC – veículo urbano de carga, os que podem
circular nas cidades – Accelo 1016, com 3º. eixo, e ABS de série -; o Atego
2430 Econfort, primeiro semi pesado com transmissão automatizada. A linha das
vans Sprinter ocupou bom espaço e os problemas paulistanos de trânsito e
segurança instigaram a marca a desenvolver o que chamou de Limousine Sprinter,
teto alto, cuidados internos para conforto e entretenimento e trabalho. A verba
não se confunde com a arrancada para a produção de automóveis.
Metro-Schacman
– Chinesa
com dois extremos e dois operadores: Metro-Schacman e Schacman, difícil de
entender a operação e os limites de atuação de cada uma. A Metro-Schacman
reduziu os preços dos caminhões importados – cavalo mecânico TT 385 4x2 a R$
200 mil; TT 385 6x4 a R$ 210 mil. Topo de linha, o TT com 420 cv, 56x4, a R$
220 mil. Exibiu, também, protótipo do TT 440 6x4, modelo que diz produzira no
pais com partes fornecidas por mais de 40 fornecedores: motor Cummins, transmissão
automatizada e mecânica, Eaton e ZF, eixos Dana e Meritor.
Scania
– Contida
em lançamentos, o super pesado R 620 8x4, capaz de puxar 250 toneladas, e o
novo médio P 310 6x4. Celso Mendonça, gerente de pré vendas, esnobou com a
exclusividade do único motor de ciclo diesel movido a álcool. Enfatizou o
Streamline, que sugere tipo de caminhão, mas é sistema integrado de produtos e
serviços.
Roda-a-Roda
Micou – Acabou a produção dos BMW série 1.
Saiu – Há preços para as
versões do Ranger Rover Sport, considerado o melhor dos Land e superior a boa
parte da renda de frequentadores do segmento do utilitário esportivo de luxo.
Vai de R$ 377.500 para a versão V6, 3.0 – 292 cv -, a R$ 540 mil para a de
topo, dita Autobiography Dynamic, motor V8, 5.0, 510 cv. Vendas começam
imediatamente.
Mudança – Distante, mas
importante por ser concorrente sugando investimentos que viriam ao Brasil, o
mercado russo verá outro mandão na ex-estatal GAZ: Bo Anderson, sueco, ex-Saab,
levado pela GM, ex-sócia do negócio. Foi quem passou a limpo a manufatura
estatal para transformar os Lada em veículos consideráveis.
Futuro – Aval da sócia com
conhecimento é a união Renault-Nissan, gestora a partir de meados de 2014.
Vendas da GAZ em queda. Vendas domésticas previstas em 2,8M em 2013.
Estudo – Com a economia
desorganizada, num clima de cada um por si entesourando dólares fora da contabilidade
oficial, o mercado doméstico argentino dará um salto neste ano, prevendo vender
800 mil unidades. Passará os usuais 1/5 do mercado brasileiro, este ano
calculado em 3,8M.
Democracia – Plus em Mercedes
são as letras AMG indicando desenvolvimento pró performance por esta divisão da
marca. Os novos A, base de entrada, passam por este batismo. Dúvida é, a
democratização e o volume não acabarão com o luxo e a diferenciação ?
Competência – Pesquisa indicou
a Porsche Consulting GmbH, desta família, como, de longe, com a melhor
reputação dentre as empresas de consultoria. Sucesso explicável pela dedicação
ao tema, ao cliente, e no envolvimento operacional e administrativo. Tem filial
no Brasil. Em 1994 tinha 4 funcionários. Hoje, 350.
Conselho - Oportuno lembrar, no pânico de caixa em que o país vive, mudando
critérios contábeis, vendendo patrimônio para fechar as contas do varejo,
desperdiçamos oportunidade: poderíamos alugar as ruas e estradas brasileiras
para fábricas de automóveis de todo o mundo aqui testar carrocerias e
suspensões dos futuros produtos.
Economia - Reproduzir as árduas condições nacionais, de exigência superior ao
máximo existente nas pistas de prova, exigira muito investir em pistas
próprias, sendo infinitamente mais barato pagar aluguel para testes. Carro que
é aprovado para o Brasil pode beirar a eternidade em países civilizados.
Dualidade – Que venham logo. Será problema encontrar estrada ruim até o final do
governo. Disse o ministro dos Transportes em encontro com grupo LIDE – Grupo de
Líderes Empresariais –, hoje apenas 12% das estradas estão em má condição, e ao final de 2014 tal
número chegará a zero e todas estarão em
boas condições de tráfego. O ministro César Borges é baiano e engenheiro.
Dúvida – Em sua pasta, com intimidade policial por conta de continuados
escândalos com verbas públicas, empresa com capital de R$ 10 mil, corrigiu-o
para R$ 2,1M e ganhou concorrência para fornecer R$ 750M em trilhos para a
Ferrovia Norte-Sul. A licitação foi suspensa duas vezes por irregularidades.
Competência – O Velo Cittá, circuito de corridas em Mogi Guaçu, SP, é o terceiro
circuito homologado pela FIA – antecedem-no Interlagos e Curitiba. Construído
pelo empresário Eduardo Souza Ramos, é de primeira qualidade, como o que faz e,
ao contrário de parecer capricho, é investimento, recebendo provas do Lancer
Cup, Mitsubishi, provas de Porsche, Classic Cup, lançamento de veículos,
etcccc.
Garantia
para caminhoneiros
Caminhão não é igual a automóvel.
Este, para transporte individual e lazer, o outro, para trabalho. Assim, não
podem, em caso de quebra, pane, necessidade de reparos, imobilizar-se em local
sem assistência ou peças para manter-se funcionando.
Quando a Fiat Caminhões chegou ao
Brasil com seu inicial modelo 130, diesel, seis cilindros em linha, seu
fabricante, a antiga estatal Fábrica Nacional de Motores, sabia, para
sedimentar a marca deveria dispor de assistência técnica espraiada pelo país.
Anos 70, vias rasgando a selva, rodoviarismo a pleno acelerador, criando
oportunidade ao caminhoneiro individual, sua rede de revendedores era inferior
ao projeto de vendas.
A dificuldade foi vencida por
entusiasmo e coragem de um italiano radicado no Rio de Janeiro, o Alfredo
Migani, revendedor e boa assistência para automóveis Alfa Romeo, em especial os
importados.
Migani, para ampliar negócios,
ofereceu-se para revender caminhões e garantiu à Fiat/FNM e clientes dos
caminhões por ele vendidos, resolver qualquer problema mecânico, onde estivesse
o veículo, até nas distantes Belém-Brasília ou nos pedaços utilizáveis da
Transamazônica.
Proposta corajosa mas factível.
Migani tomou seis unidades do FNM 2150, luxuoso automóvel nacional que também
revendia, mandando-os a Renato Peixoto, o Peixotinho,
na oficina RePe, Petrópolis, RJ, lá
reforçou a estrutura, pouco elevou a altura do veículo, cortou a carroceria
após a Coluna B, criando pioneiro e simpático picape sobre automóvel no Brasil.
Tão insólito quanto os picapes
era o processo de atendimento. Cliente informava quebra, por exemplo, na bomba
de injeção, e a Victori carregava um motor completo – o mesmo para câmbio,
direção, diferencial. Os carros, rápidos – reais 160 km/h, estradeiros, - com
dois motoristas/mecânicos, iam, trocavam o grupo defeituoso, liberavam o
caminhão, voltavam à sede carioca para desmontar o sistema e sanar o defeito.
Funcionou como inovação, serviço.
Remanescem a ideia, o Alfredo, e crê-se, um dos rápidos picapes.