Wagner Gonzalez |
Fim de semana de
Massa em Silverstone é marcado por acidente de Räikkönen, vitória de Hamilton e
abandono de Rosberg. Fim de semana da F-1 intenso prossegue com treinos livres
e repercussão de novos acordos.
Para muitos
virou questão de honra comentar os resultados de Felipe Massa na F-1: a falta
de resultados e a seqüência de acidentes têm gerado críticas que se estendem,
em muitos casos, além do respeito à carreira do brasileiro. Não tenho poderes
nem interesse em defender o paulistano criado em Botucatu e admito que me
espanta a série de azares e desencontros que tem marcado a carreira do
vice-campeão mundial de 2008. No último fim de semana o brasileiro não deu
motivos para acalmar seus críticos, nem mesmo ao evitar um acidente de
proporções com o Ferrari desgovernado de Kimi Räikkönen logo na primeira volta.
Se a manobra do brasileiro foi elogiada por muitos, inclusive a Ferrari, o
saldo do dia lhe custou muito mais caro do que o preço pago pelo
finlandês, que teve uma luxação no tornozelo e joelhos esquerdos. O piloto
não treina esta semana e ainda há dúvidas quanto à sua participação no GP da
Alemanha, em duas semanas.
Quando dois
pilotos de uma mesma equipe têm resultados constantemente diferentes entre si,
o problema geralmente está em um de dois pontos: uma equipe que privilegia o
mais direto dos seus rivais ou o piloto que não corresponde. Neste quesito um
caso clássico é a dupla formada por Ayrton Senna e Johnny Dumfries, na
temporada de 1986, quando o escocês ocupou o cockpit do segundo Lotus Renault
com uma dose maior de diversão do que por amor ao macacão. Vale destacar que
Dumfries só pegou essa vaga porque Senna quis porque quis um segundo piloto bem
segundo piloto e vetou a chegada de Derek Warwick, na época um dos ingleses
mais promissores.
Voltando a
Massa, que teve outro fim de semana para esquecer, vem ocorrendo de tudo, mas
ainda assim o brasileiro já conseguiu uma pole position (Áustria) e registra
tempos similares aos marcados por Bottas. Por outro lado, as nuvens do
seu céu parecem sempre mais escuras e mesmo em um fim de semana que celebrou o
verão inglês Massa novamente se viu metido em situações críticas. Bateu
nos treinos de sexta, a equipe errou na prova de classificação e na corrida ele
acabou encontrando um Ferrari desgovernado no meio da pista depois de
superar um problema de embreagem na largada. Pode-se apontar dedos para todos
os envolvidos na história, particularmente porque nada parece acontecer com
Valteri Bottas… Bottas é material de primeira, tem estirpe e sorte de campeão e
a continuar no ritmo que vem crescendo nesta temporada não será surpresa
se for ele o piloto que trará a próxima vitória da Williams.
O finlandês
surpreende cada vez mais e já é tratado com intimidade por alguns brasileiros
que o chamam de “Valtieri”; já marcou 73 pontos, contra apenas 30 de Massa, ou
seja, 41% do seu rival. É pouco, não é o que se espera de Massa — e nem o que o
próprio Felipe espera de si próprio —, mas é um índice que ganha outras
dimensões quando se compara com o retrospecto de dois campeões mundiais que
dividem outra equipe.
Falo da Ferrari,
onde Fernando Alonso já tem 87 pontos e Kimi Räikkönen, 19; ou seja, 22% do seu team mate. Ainda que seja desnecessário lembrar que
essa comparação inter-equipes não salva a temporada do Massa, é válido dizer
que estes índices mostram que até mesmo nomes consagrados como oIceman tem seus períodos de karma. Não há
porque dizer que Räikkönen desaprendeu a pilotar, mas os poucos metros que
percorreu no recente GP da Inglaterra lançaram luz sobre dois pontos: a
confirmação de que seu estilo agressivo de pilotar não se adapta ao melancólico
Ferrari F14 T e que as seguidas derrotas para Alonso parecem ter afetado sua
consagrada frieza. Niki Lauda, que tem muito mais experiência no assunto do que
eu, já declarou que o finlandês da Ferrari foi afoito demais no início da
prova.
Vendo a largada
— momento em que os pilotos funcionam fora do padrão normal — é
lícito acreditar que ao se ver à frente do espanhol o finlandês
adotou um ritmo ainda mais agressivo que o normal e passou do seu limite. Nas
duas curvas anteriores seu carro mostrou movimentos bruscos e ele acabou saindo
da pista; ao voltar para o asfalto onde havia um degrau o descontrole aumentou
e as pancadas contra as barreiras de proteção foram atingidas em ambos lados do
asfalto.
Vale destacar
dois vídeos que ontem (segunda, 7/7) ainda podiam ser vistos no YouT tube. O primeiro, feito por um espectador, mostra um
pneu do carro de Räikkönen passando próximo do capacete de Max Chilton. O segundo, postado no site The1Callmaster, mostra o
acidente em vários ângulos. Ouso dizer que, levando tudo isso em consideração e
lendo que Julien Bianchi substituirá Räikkönen nos treinos de Silverstone, o
gato de Kimi subiu no guard-rail…
Mais do que o
futuro do “Homem de Gelo”, Silverstone foi palco de outros comentários, cenas e
episódios com impactos diretos até na F-1 2015. Dentro da pista destacaram-se a
corrida de Bottas — que terminou em segundo, entre Lewis Hamilton e Daniel
Ricciardo —, e a boa disputa pelo quinto lugar entre Sebastien Vettel e
Fernando Alonso (veja aqui), batalha que facilitou a vida de Jenson
Button mas não lhe deu forças para atacar o australiano como muitos esperavam
ver nas voltas finais. No pódio, a presença do lendário John Surtees (único
piloto a vencer os campeonatos mundiais de moto e de F-1), não salvou a
lambança do troféu do vencedor, uma réplica mal estilizada e executada do
logotipo do Banco Santander. Ao se desmanchar nas mãos de Lewis Hamilton
refletiu a qualidade dos serviços prestados aos seus consumidores, ou pelo
menos a este colunista.
No paddock as
mudanças de endereço ganharam impulso com os anúncios de que a Lotus está em
negociações avançadas para equipar seus carros de 2015 com o trem de força da
Mercedes-Benz, ocupando a vaga que ficará livre com a associação entre a
McLaren e a Honda. Nas bandas de Woking os comentários estão direcionados
em três eixos: a renovação de contrato de Jenson Button (ameaçada), um possível
atraso no desenvolvimento dos motores Honda e a perda de mais um parceiro
técnico de longa data: a marca Hugo Boss passou a se associar com a equipe
Mercedes-Benz, ambas alemãs.
Outra notícia
anunciada na semana passada foi a venda da Caterham.
O malaio Tony Fernandes
vendeu suas ações para um consórcio formado por investidores suíços e do
Oriente-Médio e liderados por Colin Kolles, cirurgião-dentista romeno
naturalizado alemão e que tem passagens marcantes pela F-1 pelas equipes
Midland, Spyker, Force India e HRT. Em todas elas um nome sempre esteve ao seu
lado: Manfredo Rivetto, descendente de uma família aristocrática italiana e
muito próximo a Silvio Berlusconi. Para carregar o piano na reestruturação da
Caterham foi escolhindo o holandês Christjan Albers, que disputou 46 GPS pelas
equipes Minardi e Midland, mas sem qualquer resultado de destaque. Seu melhor
resultado foi um quinto lugar obtido no inusitado GP dos EUA de 2005, quando
apenas seis carros largaram diante de um público de 400 mil pessoas, uma visão
nauseante.
Apesar da saída
de Fernandes a equipe continuará a se chamar Caterham e não será surpresa se
dentro de algum tempo a estrutura for incorporada a um projeto lidera por outro
romeno, Ion Bazac, ex-ministro da Saúde e atual representante da Ferrari em seu
país. Fernandes saiu porque entrou na categoria por razões comerciais,
ao contrário de muitos, como o próprio Felipe Massa, que dedicaram sua vida
para chegar onde estão.
O resultado
completo do Grande Prêmio da Inglaterra e a posição do Campeonato Mundial de
F-1 você vê aqui. Hoje (terça) e amanhã as equipes testam
no circuito de Northamptonshire, sendo que a Lotus poderá avaliar o uso de
rodas com aro de 18 polegadas, alteração que poderá homologada para uso em
2015 ou 2016.
Nasr vence na GP2
O brasileiro
Felipe Nasr venceu mais uma prova na temporada da GP2 e manteve a segunda
posição no campeonato, atrás do inglês Jolian Palmer, filho do médico e
ex-piloto de F-1 Jonathan Palmer, atual administrador de Brands Hatch e mais
outros quatro circuitos ingleses. Com cinco rodadas disputadas, e mais seis
previstas, Palmer soma 143 pontos, contra 105 do brasileiro e 94 de Johnny
Cecotto Jr, filho de outro ex-piloto de F-1 e que também conseguiu destaque no
motociclismo mundial. O resultado da prova e a tabela de pontos da
categoria podem ser vistos aqui.
WG
Caro Wagner, acredito antes de tudo que FM não é um talento natural tal como Alonso, Hamilton, Vettel, Kimi e Button, andou muito bem quando tinha uma Ferrari que era muito superior aos outros carros, mas desde algum tempo venho notando que em ritmo de corrida perde muito para qualquer que seja seu companheiro de equipe, coisa que na F.Um atual é muito fácil de se notar...penso que mais que a molada na cuca a perda do campeonato de 2008 o abalou demais. Ele está, acredito, como sempre foi apenas com muito mais grana que quando começou!rs Um dia ainda teremos outro campeão. Um abração
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