Wagner Gonzalez |
A chuva que marcou a sétima etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car, no último final de semana em Curitiba, expôs o problema de ventilação interior dos carros e a atual situação do autódromo paranaense. Enquanto isso a F-1 volta à Monza neste fim de semana, desta vez com a área de escape da curva Parabólica pavimentada
Categoria mais importante do
automobilismo brasileiro e a mais longeva da atualidade, a Stock Car acaba
sendo uma vitrine com teto de vidro. No último fim de semana a chuva que
interrompeu a disputa da primeira corrida da sétima rodada, em Curitiba,
evidenciou um dos problemas críticos do modelo atual: a ventilação interna e o
embaçamento provocado pela diferença de temperatura entre o cockpit e o
exterior.
Isso e as inúmeras poças d´água formadas ao longo dos
3.695 metros do traçado curitibano levaram à interrupção da primeira corrida e
atrasou o inicio da segunda prova em cerca de uma hora. Os dois problemas
evidenciam dificuldades do esporte e, em particular da atual situação que
envolve o Autódromo Internacional de Curitiba (AIC), um dos mais bem avaliados
pela FIA (Federação Internacional do Automóvel) no País. Situado em uma área
que sofre a valorização imobiliária natural por sua proximidade com a capital
Curitiba, o circuito vive sob a ameaça de ser vendido e transformado em um
condomínio.
Se a transação ainda não foi
consumada, a possibilidade é real e admitida pelos atuais proprietários, o
grupo Inepar, a julgar pela nota publicada há tempos em seu site e que continua
sendo exposta, como
se pode ver aqui. Fonte ligada à Federação Paranaense de
Automobilismo confirma isso ao comentar que “temos informações seguras de que o
autódromo não foi vendido, mas sua secretaria não está aceitando reserva de
datas para o ano que vem”. Efetivamente, a informação da secretaria do AIC
confirma que solicitações de datas para 2015 “só serão abertas por volta de 15
de dezembro. Sempre foi assim
Nesse impasse, a manutenção do autódromo é feita de forma
reduzida e o necessário recapeamento da pista é protelado. Digitado isso, as
ondulações e o escoamento de água imperfeitos do AIC terão que ser suportados
até que o grupo Inepar decida investir nessas melhorias ou sucumbir à oferta de
um incorporador disposto a esperar que a prefeitura de Pinhal mude seu ponto de
vista sobre as possíveis utilizações da área.
Por enquanto o município
estaria considerando autorizar apenas projetos para galpões industriais,
visando a arrecadação de impostos a médio e longo prazo. Como o custo da área
ainda é alto para o retorno de um investimento industrial só resta aos
automobilistas brasileiros torcer para que a última rodada da temporada de
Stock Car aconteça debaixo de sol, no máximo de céu nublado. Isso evitaria que
a mistura de circunstâncias que marcou a rodada do final de semana se
repetisse. Segundo Daniel Serra, vencedor da primeira corrida de domingo,
correu-se sob condições atípicas e ao mesmo tempo normais:
“A visibilidade dentro do
carro não é das melhores, tanto no seco, quanto no molhado, mas isso é algo que
estamos acostumados a lidar. O que aconteceu em Curitiba é que choveu muito e
nenhuma categoria conseguiria correr com a pista do jeito que estava.”
Serrinha lembra que a visibilidade dos carros da Stock
“melhorou muito ao longo dos anos, mas o carro aquaplanava na própria reta. Se
eu, que estava em primeiro, sem spray, já estava com dificuldade, imagino para
quem estava atrás”. A melhoria alcançada foi consequência, em grande parte, da
adoção de um párabrisas dianteiro equipado com filamento elétrico, que elimina
boa parte do embaçamento causado pelo vapor gerado no interior do cockpit.
Para Ricardo Maurício,
vencedor da segunda corrida do fim de semana (curiosamente mesmo sem a palheta
do limpador do lado esquerdo, que se soltou da haste), a solução para melhorar
a visibilidade na chuva passa por esse detalhe:
Para o construtor Zeca
Giaffone, responsável pela fabricação dos chassis e manutenção dos motores e
transmissões, possíveis melhorias já estão sendo estudadas, com especial
atenção para o modelo que será adotado em 2016 e que poderá novas soluções
mecânicas e melhor ventilação lateral. Giaffone concorda em parte com as
queixas dos pilotos – ele próprio venceu várias provas e foi campeão da Stock
Car na temporada de 1987:
Asfalto na Parabólica
Palco de memoráveis disputas e
cenas inesquecíveis, muitas delas imortalizadas no filme Grand Prix, de John
Frankheimer, o Autódromo Nacional de Monza volta à ribalta neste fim de semana
com a disputa do 84º GP da Itália, uma das corridas mais tradicionais do
esporte e que dá prosseguimento à temporada de F-1 deste ano. Construído em
meio a um parque público entre 1922 e 1928, o traçado original ganhou as
famosas curvas inclinadas em uma reforma iniciada em 1955, o que gerou
competições bizarras onde uma volta era completada com duas passagens sobre a
linha de chegada.
Demandas em torno de segurança
e protestos de moradores locais sobre o ruído dos carros, sem falar nas
exigências financeiras cada vez maiores, há muito ameaçam a sobrevivência do
circuito e este ano um novo golpe foi desfechado contra o coração dos
autoentusiastas: a famosa Parabólica, uma curva de alta velocidade que dá
acesso à reta dos boxes, teve sua tradicional área de escape em areia recoberta
por uma superfície pavimentada.
O local é ponto de incontáveis
desfechos, abandonos e histórias, como uma que me foi contada por Michele
Alboreto em meio a um jantar com amigos comuns. Segundo o saudoso piloto,
Vittorio Brambilla treinava em Monza com seu F-3 quando parou com pane seca na
reta anterior à Parabólica. Resgatado por um mecânico que levara um galão de
gasolina, o piloto deu carona ao seu auxiliar, que agarrou-se como pode ao
santantonio, apoiando os pés na suspensão traseira. Sempre arrojado, Brambilla
acelerou como sempre fazia de volta aos boxes, onde o aguardava seu irmão
Ernesto. Já parado no box, Tino lhe perguntou sobre o carro, sobre o que queria
mudar e... sobre o mecânico que foi lhe socorrer. Para quem conheceu Vittorio
não espantará muito saber que o mecânico foi encontrado na areia da curva
parabólica, com as pernas quebradas após um inesperado vôo...
Max Verstappen já
pilotou...e bateu um carro da Toro Rosso
Sensação da temporada, após
ser confirmado como piloto da equipe Toro Rosso para o Mundial de F-1 de 2015,
o holandês Max Verstappen já conseguiu o feito de se tornar aos 16 anos o mais
jovem piloto a bater um F-1, como se pode ver neste
vídeo sobre uma exibição realizada na cidade de Rotterdam, na
Holanda, no último fim de semana.
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