Coluna 1815-01.05.2015 edita@rnasser.com.br |
De Pernambuco, Jeeps e Fiats
Sonho de qualquer urbanista, projetista de motor ou
chassi é começar, ilustrativamente, com folha em branco. Em teoria ali pode
aplicar toda a criatividade, aproveitar ao máximo meios e facilidades para
interar-se com o meio ambiente, ter produto final da melhor qualidade, seja
loteamento, bairro, cidade, ou motor ou chassi novos.
Parece desejo ou gabarito comum. Porém, com certeza, os
formuladores da operação iniciada como Fiat e encerrada como FCA, em Goiana,
Pe, gostariam de ter encontrado uma estrutura operacional pré existente e nela
incluir nova operação industrial.
A área escolhida foi marcada dentro de um canavial,
próxima a Goiana, pequena e desassistida cidade, no norte de Pernambuco e no
sul da Paraíba. Sediaria a fábrica, com projeto aperfeiçoado ante a
responsabilidade de ser a primeira pós criação da FCA – fusão de Fiat com
Chrysler -, e mudando produtos, para implantar a marca Jeep, trazendo-a de
volta a Pernambuco.
A Fiat/FCA entendeu a dificuldade. Contratou os melhores
quadros em seu mundo e mandou-os para entender as raízes, as cabeças, o
entorno. Cubar a complicação, criar caminhos e soluções.
Não queriam inflar a pequena Goiana com uma leva de
trabalhadores externos, de costumes diferentes, e assim resolveram buscar mão
de obra regional. Assim, contrataram-se carros de som, colocaram mesas nas
ruas, como se fossem pontos de jogo-do-bicho, para receber fichas dos
interessados. Evitando romaria na porta da construção, as inscrições dos
letrados foi por Internet. E para evitar confusão, prostituição e outras
mazelas em torno da obra com 11.000 trabalhadores, não construiu alojamentos no
canteiro de obras.
Contratou pessoal local, alugou hotéis, pousadas, reformou
casas transformando-as em repúblicas. Havia outra razão para evitar movimento
maior, o receio de invasão da área pela acolhida e agora comendada
irresponsabilidade do MST. De tal forma, o canavial só foi desbastado quando a
fábrica estava pronta e cercada.
Com cerca de 80% da mão de obra pernambucana, iniciou
treinamento indo do aperfeiçoamento em português e aritmética. Meteu-se na
estrutura escolar, construiu hospital, fez serviço social. Levantou e listou as
manifestações de cultura popular para preservá-la e criar o orgulho cidadão. E
fez ajustes para criar cursos de engenharia automobilística, e até curso para
uso de smarphones. Não quer a fábrica como um enclave, mas como
um equipamento gerando trabalho, renda, impostos, melhorando a vida das pessoas
através da formação dos colaboradores. Trabalho enorme.
O operacional da fábrica tem 260 mil m2 e, para
viabilizar a produção e conter custos, investiu R$ 1B criando estrutura e atrair
fornecedores, em área contigua com 270 mil m2 implemento importante e permite
iniciar a produção de veículos com 70% de nacionalização, recorde em
arrancadas.
Aplica 15 mil práticas da WCM, a manufatura de primeira
categoria, e tem características próprias como o Communication Center,
espaço aberto para a administração, onde se vai à mesa do responsável em busca
de uma solução, e daí, se caso, à linha de produção. Carrocerias dos veículos
em montagem passam sobre o Centro para ganhar espaço e tempo. A fábrica tem
preocupações estéticas em sua engenharia. Da fachada, como enorme edifício
envidraçado, ao pé direito e às elegantes colunas. Na operação, a novidade da
pintura primer, a pintura básica, reduzindo
materiais, poluição, tempo e custos.
A capacidade de produção é de 250 mil unidades anuais. O
primeiro e o terceiro produtos serão Jeep. O segundo, picape Fiat, ainda sem
nome mas tratado como Stradão. Quer aumentar presença das marcas
Jeep e Fiat no Brasil, América Latina e África do Sul.
Não é apenas um retângulo onde se produzem veículos, mas
um polo gerador de promoção de qualidade de vida. Que prefeituras no entorno e
governos federal e pernambucano saibam ampliar tais benfeitorias, começando
pelas ligações viárias com Recife e com o porto de Suape. A fábrica, aliás o
Polo Automotivo fica mais perto por distância e tempo de João Pessoa, Pb.
Junho, novo Focus
Junho, após o Salão de Buenos Aires, onde exposto, Ford
apresentará revisão estética do Focus, na metade do ciclo deste modelo, como a
grade frontal inspirada nos Aston Martin, como o fazem Ka e Fiesta no Brasil, e
Fusion mexicano. É padronização do produto argentino com o modelo europeu.
Ponto maior não será visto, mas sentido: agregação de tecnologia eletrônica nos
itens de recreação, prática instigadora da criação de novo vocábulo, infotenimento.
Sendo carro mundial não será surpresa se o Focus
argentino a desaguar no mercado nacional por conta dos entendimentos no
Mercosul, siga caminho industrial do modelo europeu, com maior percentual de
itens - para choques, grades, tapetes, plásticos, produzidos a partir de
material reciclado. Matriz Ford foi a primeira fabricante com cultura
ecológica, com diretoria para o assunto.
Em equipamentos e conteúdos, versões SE, SE Plus, grafada
com sinal de adição, e Titanium, marcada por grade com barras cromadas e rodas
especiais.
Outro
Suzuki, o S-Cross
Marca japonesa em esforços para aumentar variedade de
produtos em seus revendedores. Além do jipinho Jimny, montado em Goiás, traz
veículos da marca do Japão e da Hungria, caso do S-Cross. Substitui o SX4, bem
formulado hatch, e indica caminho construtivo: com as
limitações legais para consumo e emissões, aplicou-se a reduzir peso,
reformatando peças, materiais e métodos. Conseguiu, no final, 1.125 kg e uso
esperto, menores consumo e poluição com o motor 1,6 litro e 120 cv de potência.
Não é jipinho,
é crossover, mescla entre hatch e sav –
sport athletic vehicle. Oferece opções com câmbio mecânico de 5
velocidades e automático CVT com 7 posições, tração dianteira e nas quatro
rodas, a AllGrip, evoluído sistema atuando na tração, motor,
transmissão, freios. Luiz Rosenfeld, presidente da Suzuki Brasil diz,
desenvolvimento focou em eficiência e afinidade com usuários. Novo caminho
inclui o aumento de segurança, dotação de sistemas anti e de proteção aos
ocupantes em acidentes. Teste de impacto pela EuroNCAP deu-lhe 5 máximas
estrelas em segurança, e o programa de redução de consumo pelo Inmetro,
registra 11,9 km/litro na cidade e 13,2 km/litro na estrada, a gasálcool 25%.
Projeção de vendas 250 unidades/mês. Suzuki não comentou importar versão a
diesel.
Quanto custa
modelo
|
R$
|
4x2
GL (transmissão mecânica)
|
74.900
|
4x2 GLX
CVT
|
88.900
|
4x4 GLX
CVT
|
95.900
|
4x4 GLX
CVT
|
105.900
|
Opções:
|
|
Pintura
Metálica / Perolizada
Bronze/
Bege; Prata /
Preto
1.400
|
|
Cinza /
Preto e Branco /
Preto
1.000*
(apenas
versão GLS)
|
Roda-a-Roda
Novela – Outro capítulo da rusga entre
Ferdinand Piech, 78, do Comitê Diretivo da matriz Volkswagen, e Martin
Winterkorn, 67, CEO da empresa. Piech, neto do professor Porsche, renunciou
ante apoio ao executivo por seus colegas de banca, incluindo o estado da
Saxônia, e o primo Wolfgang Porsche.
Festa - Land Rover festeja ter feito 6M de
veículos nos 67 anos da marca com exemplar Range Rover LWB. Coerente. Coincide
com 45 anos do lançamento do Range Rover, primeiro passo a SUV confortáveis,
atual caminho da marca.
Descompasso – Desenvolvido e ajeitado ao comprador
brasileiro, o JAC T3 foi exposto como J2 Refine no Salão de Xangai. Deveria
coincidir com produção na fábrica JAC na Bahia, mas demora no liberar
financiamento furou cronograma.
Tecnologia – Tecnologia do conforto doméstico migra
aos automóveis. Após TVs, Sony busca som em qualidade de sala de concertos.
Está no Ford Explorer Platinum 2016, não vendido no Brasil. 12 auto falantes
somando 500W, em 10 locais, e woofers e tweeters.
Sinal – Líder como maior mercado do mundo,
crescimento enorme, China tropeça, e um dos sinais é o interesse por carros
usados. Outro, as promoções de vendas dos O Km, sinal da boca do forno ter
superado o tamanho do balcão.
Resultado – O mercado chinês tem dado respostas
financeiras aos fabricantes de automóveis, respondendo entre 1/3 e metade dos
lucros das marcas lá operando. Projeção de é queda de 50% dos lucros neste ano.
YES ! – Simples, mas definitiva e peremptória
a resposta de Sergio Marchionne, CEO da FCA, na entrevista ao inaugurar nova
fábrica em Goiana, Pe. Perguntado se a Alfa Romeo voltaria ao Brasil, resumiu
com o monossílabo.
E ? – Apesar do cenário e da ociosidade do novo
espaço industrial, novo Alfa será importado. Assim, Alfisti, poupem. O projeto Giulia,
renascendo a marca, deve facear preço a Audi A5, Mercedes E e BMW 5.
Promoção – Toyota induz vendas do picape Hi Lux e
utilitário SW4: 30% de entrada; 20% em 23 vezes. Ao final, quitação da metade
faltante ou venda do picape a concessionário da marca, parte da quitação. Novos
modelos outubro.
Mercado – Mitsubishi aproveita o Dia das Mães e
promove produtos para elas, de vestuário a equipamentos para esportes, como bicicletas
e stand up paddles. Novo segmento na praça: Mãe 4x4.
Menos mau – Primeiro trimestre Harley Davidson
marcou aumento de 0,3% de vendas na América Latina. Número contido, porém muito
melhor ante queda de 1,3% no restante do mundo. Faturamento e lucros aumentaram
em 1%.
Caminho – Du Pont, lembrada pelas tintas de sua
produção, novo produto: carter plástico – depósito de óleo do motor nos
veículos automotores. No usual em chapa de aço ou alumínio. Seu Centro de
Inovação Brasil, em Paulínia, SP, desenvolve produtos por demanda dos clientes.
O carter é um deles.
Conceito – Lembra-se das afirmativas sobre
segurança superior dos carros antigos por suas chapas espessas, massudos para
choques, grandes volumes? Vídeo de choque entre Chevrolets
Impala 1959 e Malibu 2009 exibe a verdade. Em www.youtube.com/watch?v=fPF4fBGNK0U&feature=youtu.be
Começo – Mick Schumacher, 16,
estreou e venceu na nova Fórmula 4, monopostos pós kart, em Oscherleben,
Alemanha, com sobrenome paterno. Em kart corria com o da mãe. Sua gerente,
amigos e família pediram à imprensa não pressioná-lo por ser herdeiro do hepta
campeão mundial em Fórmula 1.
Manutenção – Moras em cidade com céu limpo? Colha
água de chuva e coloque-a no radiador do seu carro. Água de céu poluído é ácida
e a de torneira é tratada, ambas danosas às galerias de água de circulação e
refrigeração do motor. Use o aditivo orgânico na proporção indicada no manual
do proprietário.
Antigos – Mandatório se colecionador de antigos.
Adicione, pelo menos, um litro do aditivo orgânico para garantir bom
fluxo, preservar mangueiras, vedações e a bomba d’água.
Gente – Nelson Piquet, tri campeão em
Fórmula 1 e carmaníaco, brinquedo novo. OOOO McLaren 12C – plataforma
e carroceria em fibra de carbono, V8, 3,8 litros, 630 cv, sete velocidades e
tecnologia de Fórmula 1. OOOO Faz conjunto com Ferrari California,
Porsche Carrera 4 e Ford GT com potencia dobrada a 900 cv. OOOO
Do canavial, uma fábrica
A Willys, marca mítica no Brasil, nos idos de 1965 fez
fábrica nas beiradas de Recife. Lá montou Jeeps, Rurais e picapes, parte de
projeto estratégico nacional para disseminar industrialização. Mesma fábrica,
tornada base para a produção de chicotes e instalações elétricas, permitiu à
Fiat, comprando-a, habilitar-se ao projeto do governo federal para ampliar a
industrialização.
A FCA, razão social sacramentando a união de Fiat e Chrysler,
leva a marca de volta ao estado – e ao país. A Willys-Oveland do Brasil
encerrou-se ao transferir seu controle para a Ford. O retorno é passo
importante. O Jeep amanhou a terra, abriu estradas, foi veículo e ferramenta no
pós Guerra. Tão adaptado às demandas do país, foi o primeiro letreiro de
primeira fábrica privada a instalar-se aqui e, por características de adaptação
a tantas necessidades, o veículo mais vendido no princípio de nossa indústria
automobilística.
O Jeep volta em novo segmento criado no tipo de mercado
por ele inaugurado no pós-Guerra, o veículo com dupla aptidão. Sete décadas
após, adequado às exigências dos compradores vem com produto como o primeiro
degrau na escala de produtos da marca. No caso, o Renegade e duas versões com quatro
cilindros: tração simples e motor 1.8 em ciclo Otto; tração nas 4 rodas e motor
2.0 a diesel.
Projeto da fábrica e seu operacional reúnem o melhor do
mundo industrial, mas tem o toque da experiência local. Cledorvino Belini,
então executivo e hoje presidente da FCA regional e com lugar no board da empresa, cimentou a base para a arrancada
da então Fiat ao fazer a mineirização dos fornecedores, levando-os para Betim,
MG – onde está a grande usina -, nas beiradas da fábrica. A redução de custos e
logísticas ajudou a torná-la competitiva e líder. A FCA repetiu a fórmula,
indicando grandes pretensões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário