Alta Roda nº 909/259 – 06 /10 /2016
Fernando Calmon |
A Jeep, marca do Grupo FCA, tem uma missão definida para
o Compass, seu novo SUV médio-compacto: vender de 2 mil a 2,4 mil unidades por
mês quando a produção estiver estabilizada. Naturalmente, conta com alguma
recuperação do mercado brasileiro em 2017. A grade de preços ficou competitiva,
entre R$ 100 mil e R$ 150 mil, dividida em três níveis de acabamento e motores
flex (um novo 2-litros ainda sem dados técnicos liberados) e diesel (170 cv,
4x4 e câmbio automático de nove marchas).
Terá três concorrentes diretos de produção local: Hyundai ix35, Mitsubishi ASX
e o Renault Captur (este será lançado logo depois, em dezembro). Há também
produtos com menos chance de competir em razão de cotas e imposto de importação
como Honda CR-V, Toyota RAV-4 e VW Tiguan. O Renault Koleos também pode entrar
na briga numa faixa pouco superior.
Seu estilo se coloca entre o ousado demais Cherokee e o algo mais tradicional
Renegade. Embora lembre o Grand Cherokee, tem recurso interessante do leve
caimento da linha do teto, a exemplo do muito copiado Land Rover Evoque. Há
guias de LEDs, mas não se trata de luzes de uso diurno (DRL). Seu interior
ficou espaçoso com 2,64 metros de entre-eixos e volume de porta-malas
conveniente (410 litros, que caem para 388 com estepe mais volumoso da versão
de topo Trailhawk).
Um dos destaques do Compass (bússola, em português) é a oferta de itens
eletrônicos em geral não encontrados nessa faixa de preço: controle de
adaptativo de velocidade, monitoramento de mudança de faixa, farol alto
automático e prevenção de colisão frontal com frenagem automática, entre
outros. Pode vir com até sete airbags. Ajuste elétrico dos dois bancos
dianteiros também é incomum. Por isso se estranha a falta da aplicação
automática do freio de estacionamento elétrico e a central multimídia sem tela
capacitiva, nem possibilidade de pareamento com Android Auto/Waze.
Uma mudança bem perceptível foi no isolamento de vibrações e ruído do motor
diesel, único disponível durante os primeiros contatos. O volante, em rotação
de marcha-lenta, trepida menos do que o observado no Renegade e na picape Toro,
todos com o mesmo conjunto motriz. A calibração da direção eletroassistida
poderia ser mais firme em velocidade típica de estrada. Como o Compass tem
massa superior em 88 kg ao Renegade, afetou um pouco acelerações e retomadas, o
que não é o ideal considerando seu preço superior.
A diferença, porém, deve ser para melhor com o motor flex, que responderá por
70% das vendas, segundo estimativas da Jeep. Será uma unidade motriz mais
moderna, de maior torque e potência, adequada ao porte do modelo. O Compass
demonstra solidez marcante e capacidade fora de estrada superior, embora esta
não seja uma característica que possa definir a razão de compra da maior parte
dos interessados em SUVs e crossovers.
Para essa robustez existe contrapartida em termos de peso total, desempenho e
até de visibilidade dianteira em razão de colunas mais espessas que o usual.
Também é preciso ver que versões mais caras do Renegade terão superposição de
preço com o Compass. Então, não haveria relação de ganha-ganha tão explícita em
termos de participação de mercado.
RODA VIVA
PRIMEIRO motor de três cilindros e 1,5 litro fabricado no Brasil estreia
no EcoSport reestilizado, no primeiro trimestre de 2017. Fonte desta Coluna
indica potência de 130 cv, suficiente também para o Focus hatch. Conhecido como
Dragon, terá versão turbo (não de início), sucessor natural do EcoBoost. O SUV
compacto receberá câmbio automático convencional, no lugar do automatizado
atual.
ABERTURA remota das portas por meio de aplicativo e conexão Bluetooth em
smartphones ganhará maior confiabilidade. Francesa Valeo e holandesa Gemalto
anunciaram parceria para o sistema virtual de chaves de carro alcançar um alto
nível de segurança de comunicação e armazenamento em nuvem. Espera-se, assim,
diminuição de furto de veículos.
NISSAN Sentra mostra atributos de boa dirigibilidade, em particular pela
suspensão e direção eletroassistida bem calibradas, além de linhas
revitalizadas. Volante, de novo desenho, manteve o incômodo sistema de
regulagem de altura do tipo “queda-livre”. Combinação de motor 2-litros (140
cv, apenas) e câmbio CVT tem respostas ao acelerador um pouco lentas.
TOYOTA lança no Japão, no fim do ano, um pequeno boneco (10 cm de altura
quando colocado de pé) para ser espécie de assistente pessoal eletrônico capaz
de integrar informações do carro e de casa. Batizado de Kirobo Mini, tem chance
de encantar público japonês – de adolescentes a adultos – tão ligado em robôs.
Se bem aceito, pode ser exportado.
SEMPRE que se fala em catalisador confunde-se garantia de cinco anos ou 80
mil km contra defeitos de fabricação e perda de eficiência com a durabilidade
efetiva da peça. Falhas de manutenção, combustível ruim ou danos externos podem
até abreviar aqueles prazos. Mas um motorista atento fará o catalisador ter
vida útil igual à do motor.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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