Coluna 4216 - 14.09.2016 - edita@rnasser.com.br |
Autoclasica, sempre exemplo
por: Carlos Elysio Garcia, Casé
Buenos Aires -
CAC - Club de Automóviles Clásicos - brindou o público com a 16a edição
da Autoclásica, Buenos Aires. Conhecido, membro seleto clube dos 8 mais
importantes, não maiores, no mundo. Importância advém de serem concursos de
elegância, seguindo os passos do famoso Villa D’Este na Itália realizado desde
1929.
Feira aparentemente diminuiu, mas público cresceu e ficou
mais jovem. Algumas figurinhas carimbadas como os tradicionais Club Ferrari,
Alfa Romeo Club e Porsche Club não apareceram, e o CAS – Club de Automóviles
Sport teve presença modesta, e no espaço aberto outros clubes se expandiram,
em especial os de motos; outros mostraram mais automóveis, com destaque marcas
americanas.
Grande homenageada do ano, Jaguar ocupou a alameda de
honra com 34 exemplares de qualidade impressionante. Como sempre ocorre com as
marcas em destaque, os colecionistas argentinos sacaram da manga um “melhor de
cada”, expondo SS, XK 120 e 150, C, D, E, MKII, MK VII , XJS, etc, de pista e
de rua, além de modelos modernos. Também homenageada a Torino, comemorando 50
anos. Levou duas das três unidades que competiram em Nurburgring.
Na área dedicada à tecnologia yankee houve
muito investimento por parte dos restauradores. Os mais elaborados estandes,
ostentando belas mulheres com roupas decotadas ladeando os impecavelmente
restaurados Chevys, Fords e Hemis. A música, antes concentrada próxima a saída
tomou assumiu os estandes da alameda principal, ambientada em dioaramas de 1:1
com cenas americanas antigas ligadas ao trio automóvel-moto-posto de gasolina.
Apesar de belo, a olhos analíticos, parece, na Autoclasica o “negócio” supera o
“ideal”.
Duas Rodas
Outro setor de grande expansão foi a de motos,
assenhorando-se de grande e circular área, exibindo centenas de veículos,
alguns exclusivos e muitas figurinhas repetidas. Diferente da filosofia
primordialmente antigomobilista da área de carros, do esconde-mostra tornando a
feira atraente, sempre com grandes novidades, a área de motos é um grande
encontro ainda sem rumo definido, salvo exceções como recriação de exemplar
preparado na Argentina, sobre BMW R, para recordes de velocidade. Foi premiado
em sua categoria.
Outra demonstração do distanciamento entre passado e
presente, motos e carros, foi a premiação do Club
Motonetas Picantes como
melhor clube de motos. Ao receber o troféu, em meio a euforia, o grande grupo
demorou tanto tempo para para deixar a rampa das premiações, fazendo o mestre
de cerimonias pedir várias vezes para se retirassem. Os membros do Club com
barba “lenhador”, macacões de mecânico com lenços amarrados no joelho, muitas
tatuagens e moças de Pin-Ups mostravam o que talvez seja a renovação dos
quadros antigomobilistas. Muitos antigomobilistas de hoje foram cabeludos ou
transviados há décadas atrás. Uma coisa é certa: fizeram a festa.
Mescla
Veículos militares faziam a ponte entre carros e motos.
Este ano a mostra contou, além dos jipes e blindados, com a cabine completa de
avião de combate Gloster Meteor, com direito a boneco-piloto paramentado com
indumentária de época. Possíveis as fotos nas armas e veículos, inundaram as
redes sociais.
Permaneceu a tradição de ligar os motores dos carros para
estimular o sentido da audição dos visitantes. O barulho obviamente é
diferente, agudo ou grave, rápido ou quase moribundo, mas é impressionante como
cada motor emite cheiros distintos e ligados a sua personalidade. A tecnologia,
afinação, saúde, capricho, cada uma das variáveis constrói um pouco do odor
próprio. Uma Brabham de Formula exala ímpeto, enquanto o 2 tempos dos DKW
lembra da Vovó. Na Autoclasica o
barulho atrai e o olfato completa.
As demonstrações dinâmicas, diferencial ante seus eventos
pares, novamente ganharam um circuito no final da alameda principal, neste ano
circundando a área de Autos de Competición, acessível por passarela
lembrando autódromo real. Ver raridades andando é ainda mais empolgante que
apenas vê-los. As demonstrações de carros de corrida, reais e em miniatura,
tiraram o fôlego de muitos entusiastas.
Demonstração ímpar, simulada corrida entre três ícones
quase contemporâneos, Alfa Romeo 308 8c dos anos 30, Simca-Gordini T15 da
década 40 e Maserati da década de 50, então pilotados por
Oscar Galvez, Fangio e Froylan Gonzales, ícones do automobilismo argentino de
competição.
Outra a provocar suspiros na demonstração dinâmica foi a
Ferrari 250 Le Mans de 1964. Sua arrancada precisa e o barulho redondo eram
música aos ouvidos treinados e invocavam o espírito de seu ex-piloto, o notável
Jochen Rindt, com ela vencedor do Grand Prix da Austria, 1966. Era possível ver
os iniciados babando ao segurar a grade, brigando por melhor visão. Aos
novatos, chegados desavisados, atraídos pela multidão compacta, o êxtase vinha
quase que automaticamente ao perceberem se tratar de uma Ferrari andando. O
mítico Cavalino
Rampante gera
isso em todos.
Uma linha com dezena dos principais premiados no passado
ficou na contra-rua dos Jaguar, incluindo a Mercedes Benz 300 SL Gull Wing
1955, Best
of Show em
2015, Alfa Romeo Freccia D’Oro e TZ, Lamborgini 3500 GT, entre outros, sendo a
maior concentração de beleza automotiva do evento.
No tema merece detaque o Club Cisitalia. Dois de seus 5
exemplares expostos foram premiados. Todos em restaurações impecáveis, mas
destacavam-se a ousada carroceria da versão Abarth Record Monza e a extrema
beleza do modelo 202 de 1948, desenhado por Battista “Pinin” Farina.
Para noção da rara beleza, um exemplar é parte do acervo permanente do MoMA – o
Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Impressionavam pela qualidade o mecanismo
do teto e os relógios. Um detalhe o afastou de um possível Best
of Show: marca pouco contribuiu à história do automóvel, item ponderado no
julgamento.
Ocasião
Uma dezena de charmosos alemães Borgward Isabella bem
representaram a marca. Presente nas belíssima versão Coupé, e agradável Sedan 2
portas – 1.000 unidades montadas na Argentina -, estande com sala de projeção
contava sua história. Quem viu percebeu estratégico final enxertado para
mostrar um encontro de Isabellas no lançamento do revival da
marca, agora fabricada sob licença e forma de SUV na China.
A nova Borgward foi uma das patrocinadoras e sua
estratégia de marketing a conecta com o passado longínquo. Com um hiato tão
grande é difícil saber se vai funcionar.
Maestria
Também patrocinadora Renault agiu com maestria ligando
presente ao passado, com uma time
line da
marca até seu carro esportivo de topo atual, o Renault Megane RS. Passeou nas limousines de
chauffeur da
primeira década do Século XX, passou por corredores natos da década de 5’0 e
60, como o R4 e o parente do nosso Willys Interlagos, o Alpine A 108, e Renault
110. Renault trouxe também, pela primeira vez na Autoclasica, a exposição Speed
Legends. Nesta parte ficaram expostos o Etoile
Filante (estrela
cadente), marcando três recordes de velocidade na famosa lagoa de sal de
Boneville, Utah em 1956. Perfilado a este ícone o Dauphine “Bonnevile”,
construído pela Renault Classics para acompanhar o Etoile
Filante. Os
dois Renaults do Speed
Legends deram o ar da graça no circuito, mostrando beleza no rodar. Grande
jogada. Touché!
A Feira
Autojumble, como
os argentinos chamam a feira de peças, é sempre ponto alto. Feira de partes e
memorabilia grande e variada. Nada para nacionais, pontuou célebre
antigomobilista do Espirito Santo. Lá o nacional é
o excelente vinho, os Torinos, os Falcons, os Renaults, os Peugeots, etc. Pouco
ou nada compatível com os nossos Nacionais.
A se observar, a dinâmica da feira. Coluna
informa, poucos itens propositalmente estão com preços. A forma argentina
de fazer isso é mais pessoal. Afaste a placa Não
toquepara achar o desejado. Depois, pergunte, eles adoram responder. Espanhol
ruim? Quem liga? Eles
não. Outro antigomobilista de Curitiba puxou o fio da meada e em meio à feira
foi visitar galpão com antigo estoque de concessionária porteña fechada há 20
anos, com direito a nova amizade e bolsa cheia de peças. Arrisque e petisque.
Prêmios
Premiação deu-se no penúltimo dia, domingo, e situou a
distância entre o grosso da audiência e a tradição dos expositores de primeira
linha, guardiões do passado. A platéia de chapéus, dita VIP e do lado de dentro
do cercado, aplaudiu empolgadamente belo carro ao enguiçar na rampa de
premiação, enquanto a patuléia ria e desdenhava. Alías, pouco ou nada foi
aplaudido pelos não-Vips, apenas empolgada com as Motonetas Picantes e a
passagem das duas Ferraris.
O duelo final foi decidido com pompa e circunstância
entre o trio Ferrari 250 LM de 1964, Ford GT 40 e belíssima BMW 507 primeira
série de 1957. Foi o trio mais recente a vencer o grande prêmio, demonstrando
renovação no conceito de elegância, sempre focado em veículos pré-guerra. O
Ford GT 40 impressionou os incautos com seu roncar bruto, e os entendidos pelo
desempenho esportivo-histórico notável, feito para superar a Ferrari em Le
Mans, conseguido a partir 1966.
O brilho do vermelho hipnotizou e a música exaurida do
seu escape cativaram. Neste duelo antológico a Ferrari 250 LM 1964 levou a
Scuderia para frente outra vez, Best
of Show. Ganhou também na categoria e o Prêmio Germán Sopeña, escolha de
jornalistas ao melhor esportivo.
Hora do cisma
Em qualquer atividade humana há competitividade.
Automóveis antigos não são exceção. Há disputa, vaidades, egos polidos, egos
feridos. Isto se mede no encontro de antigos no posto de gasolina, na
Autoclasica, em Pebble Beach. Colocação vem a propósito do vencedor, Gregorio
Perez Companc, lastreado em euros e automóveis, de dois do trio vencedor,
emplacou o Ferrari – por ele pagou 4,51 milhões de euros há anos num leilão na
sede da Ferrari- e mítico BMW 507.
Goyo, como o chamam os íntimos, não participava da
Autoclasica há 7 anos, após sentir-se desprestigiado por não vencer com Ferrari
330TRI/LM Testa Rossa.
No clima, neste ano um vencedor habitual não apareceu.
É o homem da Etiqueta Negra, marca de roupas já chegada do Brasil. Outro
habitual em Pebble Beach, também disse ausente.
Parece o segundo capítulo da rusga argentina.
Acima de pneus, registro prêmio para a lancha Marea.
Projeto de Oscar Pagliatini é escultórico casamento entre partes em alumínio de
antigo Alfa Romeo de competição e o casco em madeira. Motor, Alfa 1.900
marinizado. Depois, motor de JK e de 2300. (RN)
Peugeot fará picape grande
Seguindo tendência mundial Peugeot desenvolve picape para
fazer presença em segmento de constante expansão. Marcas distantes, como
Renault e Mercedes-Benz já se aproximaram, e terão produto assemelhado com
estas e mais o emblema Nissan, todos feitos na Argentina. A vizinha e a
Tailândia são importantes bases de produção e distribuição deste produto.
Peugeot entrará na lista, de acordo com informação
transmitida por Laurent Blanchet, responsável pelos produtos da marca, ao
jornalista uruguaio Rodrigo Barcia à abertura do Salão de Paris. Na mostra
expôs sua nova postura de mercado: o caminho dos SUV e SAV. Na prática evoluiu
seu modelo 3008 de crossover para SUV. E lançou o
5008, grande, para sete passageiros, seu maior produto.
Picape é dos veículos mais simples para criar e montar, e
Peugeot tem alguma experiência, na década de ’80 quando fez o modelo 504 diesel
sob carroceria deste sedã na Argentina. Virada do século no Brasil criou o
Hogar, vindo e ido sem noção ou posição.
Apesar do exemplo de produção sul americana – onde estão
Toyota, Ford, GM, Mitsubishi e Volkswagen -, o picape Peugeot aparecerá no
norte da África. Na América do Sul querem sedimentar, primeiro, a noção de
qualidade do produto.
Fa-lo-á com sócio chinês Dongfeng. Poderoso, tem negócios
na China com o grupo PSA, e foi à França comprando 1/6 da centenária empresa.
No país de origem tem sociedade com Renault, Nissan, Peugeot, Cummins, Dana – e
é dona da sueca Volvo.
Roda-a-Roda
Aniversário – Veículo
ímpar, único multi serviço capaz de trabalhar como rebocador, trator, caminhão,
locomotiva, ônibus, máquina de operações e uso militar, Unimog comemora 70
anos.
História – Projeto
solitário, o engenheiro alemão Albert Friedrich, desenvolveu-o para múltiplas
funções, e especialmente, unidade de força na agricultura, onde fez a base de seu
sucesso. Séries iniciais, com motor de apenas 25 cv faziam todo o trabalho
mecânico das pequenas fazendas.
Hoje – Assumido pela
Daimler-Benz, passados 70 anos e 30 séries diferentes o Unimog, abreviatura de Universal-Motor-Gerät, “máquina motorizada de aplicações
universais ”, já vendeu mais de 400 mil
unidades e amplia o espírito básico de sua proposta.
Triste – Sete de outubro
será data lembrada na peculiar indústria automobilística da Austrália e sua
fama de conseguir fazer produtos a partir de projetos superados. Ford encerrou
produção após 91 anos de atividade, e GM fechou uma de suas fábricas.
Projeta-se 15 mil empregos foram suprimidos.
Situação – Razões para a
decisão comum de marca a marca – Toyota fechará junto com GM -, está no fluxo
de carros orientais mais baratos e equipados; acordos comerciais com, por
exemplo, a Tailândia descarregando picapes de origem japonesa em quantidade
industrial, desinteresse das grandes marcas em investir para trocar produtos
por outros competitivos.
Avant – Aviso da Audi sobre produto atrativo:
iniciou vender A4 Avant – nome das camionetas da marca. Conjunto refinado,
motor 2,0 TFSI ultra, 190 cv, 32 m.kgf de torque, transmissão S tronic 7
velocidades; virtual cockpit, a instrumentação eletrônica.
Opcional, som 3D Bang&Olufsen. R$ 187.990.
Referência – Para marcar 130 anos de pioneirismo,
Mercedes-Benz fará em sua fábrica de Iracemápolis, SP, 100 unidades de série
especial, a C 300 Aniversary Limited Edition. Motor 2.0 turbo, 245
cv, transmissão automática de sete velocidades, pintura especial, estrela no
capô, madeira na decoração interna. Atinge 250 km/h e 100 km/h em 5,9s. R$ 250
mil. Combinação de Azul Cavansite com interior com couro cinza e azul é
matadora.
Questão – Mercado em setembro experimentou queda
relativamente a agosto, enegrecendo as perspectivas de menor queda anual.
Razões curiosas: a greve dos bancos impediu o processamento de financiamentos;
ruptura da Volkswagen com fabricantes de bancos pararam a produção.
Importados – Ao lado de
caminhões, veículos importados registram a maior perda de mercado neste exercício.
Até setembro as 27.227 unidades vendidas foram menores 42,2% ante as 47.107
registradas em idêntico período de 2016.
Solução – José Luiz
Gandini, da Kia e presidente da Abeifa, associação dos importadores entende
demonstrada pela crescente redução, a necessidade de revisão das normas para o
setor. Primeiro pleito, a eliminação dos 30 pontos percentuais aplicados sobre
o IPI, sobre ele incidindo cascata tributária.
Festa – Hyundai comemora quatro anos de atuação
industrial no país. E resultados excepcionais: acertou no produto, o HB20,
exclusivo para o Brasil; vendeu 650 mil unidades da família HB 20; e, surpresa
maior, marca estreante tem o hatch como segundo veículo leve
mais vendido no país.
Negócio – Volkswagen anunciou compra de 16,6% da
norte-americana Navistar, fabricante de caminhões International e dos motores
MWM. Teoricamente junção da fome com a vontade de comer, resolvendo um dos
problemas da International, motores. Novo sócio pode fornecer VW, MAN, Scania,
suas marcas.
Mais – Para VW Caminhões e Ônibus é endosso ao
projeto de ser líder mundial no segmento, com rentabilidade, inovações e
presença global. International é marca sólida nos EUA, Canadá e México.
Festa – Pouco vistos em razão da pequena quantidade
e densidade relativamente à frota, DAF comemora três anos e produção de 1.400
caminhões dos modelos XF 105 e CF 85 em sua fábrica de Ponta Grossa, Pr.
E ? -
Primeira unidade vendida foi à Transportadora Begnini e rodou mais de 500 mil
km. Diz a empresa, manutenção é metade do valor para outras marcas.
Novidade – De volta ao Brasil e trazendo a aura do
charme dos cooter, Vespa iniciou vender seu modelo Primavera, de
inspiração histórica e em série numerada de 0001 a 1.0000. Lançamento
a R$ 22.890.
Escudo – Ducati, marca de performáticas motos
pertencente à Audi, mais nova associada de Abraciclo, associação corporativa
fabricantes de bicicletas, ciclomotores e motos.
Ecologia – Fábrica Ford em São Bernardo do Campo
zerou envio de resíduos do processo industrial a aterros sanitários, novo passo
em sustentabilidade no Brasil. Matriz foi a primeira a ter diretoria para
ecologia e meio ambiente.
Antigos – Sítio Retroauto, dedicado a veículos
antigos faz mescla de cobertura de eventos nacionais e estrangeiros de relevo;
reúne anúncios do setor, miniaturas, literatura, viagens. Agradável,
movimentado. http://www.retroauto.com.br
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