Alta Roda nº 967/317 – 16 /11 /2017
Fernando Calmon |
Conectividade,
automação, compartilhamento e eletrificação são assuntos do momento e, como
esperado, dominaram os trabalhos técnicos, conferências e debates no 26º Congresso SAE Brasil, em São Paulo, na semana passada.
Essas quatro vertentes, na verdade, estão em verdadeira ebulição no mundo,
provocam discussões algumas vezes acaloradas e inúmeras soluções alternativas.
Tudo distribuído em 17 painéis e 151 relatórios, sendo 116 inéditos.
O tema central do congresso este ano foi “A mobilidade inteligente e a
transição para o futuro”. A transição, realmente, é o que gera muitas dúvidas
ou mesmo especulações. Uma das preocupações, externada por palestrantes, aponta
para segurança dos dados em um mundo conectado. Ainda pairam desconfianças
sobre a tal “blindagem” contra hackers do mal ou, simplesmente, falhas
tecnológicas.
A solução de veículos autônomos, por exemplo, pode passar por regiões
segregadas de tráfego urbano ou rodoviário onde todos os veículos – não apenas
alguns – teriam condições de trocar informações em tempo real e evitar muito
provavelmente 100% dos acidentes.
No último dia do Congresso ocorreu a primeira colisão leve, em Las Vegas,
Estado de Nevada (EUA), entre um estreante micro-ônibus autônomo em viagem
oficial (semicomercial) e um caminhão. Nada além de arranhões nos dois
veículos, porém sem tempo de fazer parte dos debates aqui.
Mais alguns avanços são necessários, entre eles mapas digitais extremamente
precisos e roteadores de tráfego de confiabilidade superior. Neste campo,
aproxima-se uma batalha entre Google Maps e a Here (pertencente ao trio de
ferro alemão Audi, BMW e Daimler).
Até o momento Google e seu braço Waze conseguiram posição de destaque
indiscutível no mundo e no Brasil. Mas já se notam falhas de rotas em ambas as
plataformas, algumas mesmo inaceitáveis, que irritam e provocam atrasos
desnecessários, quando se buscava exatamente o oposto. Nada como a boa e
esperada concorrência para que todos ganhem.
Doug Patton, presidente da SAE International, admitiu a falta de um modelo
pronto de compartilhamento de automóveis aplicável em todo o mundo. Na opinião
da Coluna trata-se de um ponto bastante relevante. Realidades e contrastes são
tão diferentes até mesmo dentro de um país, como o Brasil, que é preciso
relativizar a apontada “falta de interesse dos jovens pelos automóveis”. Em
grandes cidades pode ocorrer graças às opções existentes, entretanto nas médias
e pequenas o cenário indica ser outro.
Na exposição agregada ao Congresso, empresas tinham o que mostrar ou mesmo
indicar tendências. A brasileira Moura, fabricante de baterias convencionais,
tem projetos para as de íons de lítio, mas por enquanto visa apenas nichos de
mercado em parceria com chineses. Por outro lado, a Eaton exibiu um sistema de
redução de emissões evaporativas durante o abastecimento em postos de serviço.
Essa é uma fonte primária de formação de ozônio, porém implica modificações de
projeto nos veículos que demandam tempo e aumento de custos. É um problema a
equacionar no futuro breve, além de modificações tanto nos postos, como nas
refinarias e nos caminhões-tanque.
RODA VIVA
EMBORA sem revisar todas suas projeções para este ano,
Anfavea admite que maioria dos indicadores – vendas, produção e exportação –
podem ser superados. Mercado externo baterá recorde histórico graças à
Argentina. Isso levou a aumento expressivo de 28,5% de produção, nos 10
primeiros meses de 2017. Em breve deixarão de existir trabalhadores afastados
nas fábricas.
RENAULT anunciou meta estratégica de participação de
mercado no Brasil. Dos atuais 8%, a marca francesa espera subir para 10% em
2022. Parece pouco, mas é ambicioso. Projeções da empresa apontam que os SUV
responderão por até 22% das vendas totais de automóveis no País. Detectou,
ainda, certo limite para crescimento contínuo deste segmento por razões de
preço.
JAGUAR F-Pace combina interior bem projetado a
comportamento dinâmico que, sem ser o mais refinado, atende à maioria das
situações. O SUV tem acerto de suspensão de certa forma exagerado em
“esportividade”. Silêncio interno surpreende por se tratar de motor diesel
(agora de fabricação própria) de 180 cv. Boa visibilidade. Banco merece maior
apoio lombar.
DURANTE evento no Haras Tuiuti, interior de São Paulo,
a Mercedes-Benz demonstrou um recurso muito interessante para redução dos
efeitos do estresse causado pelo ruído de colisão. Ao detectar situações
perigosas, o sistema emite preventivamente o chamado “ruído rosa” com 80 dB a
86 dB entre 0,4 s e 3 s. Disponível, de início, só no novo Classe E.
APLIQUES, cor azul exclusiva e detalhes de bom gosto na
edição especial da S10 comemorativa do primeiro século de produção mundial de
picapes Chevrolet. Destaque para logotipo estilizado na grade. As 450 unidades
numeradas (preço único de R$ 187.590 é elevado) podem se valorizar em médio
prazo. Já foram fabricadas 85 milhões de picapes Chevrolet desde 1917.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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