quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Fernando Calmon - Alta Roda - Ser dono ou só usar?

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Fernando Calmon
Soluções alternativas à propriedade de um automóvel para uso cotidiano e mesmo para viagens continuam a despertar interesse em vários países. Há opções que variam de aplicativos de carona paga ao compartilhamento de um mesmo veículo, aluguéis temporários (por horas até) e convencionais, caronas entre conhecidos e outras possibilidades criativas. 

Tudo isso, porém, ainda apresenta graus de aceitação diferentes em várias partes do mundo. Por esse motivo, uma das maiores companhias de pesquisa de mercado automobilístico, a americana J.D. Power, decidiu avaliar como os chineses encaram essa possibilidade de abrir mão da propriedade de seu meio de transporte individual. 

Antes é necessário saber que a relação de 200 veículos por 1.000 habitantes na China é muita baixa ante os 800 dos Estados Unidos e principais países da União Europeia (Brasil também está na faixa de 200). No entanto, em números absolutos, os 25 milhões de veículos vendidos por ano na China tornam o país mais populoso do mundo um mercado extremamente atraente. Os melhores anos nos Estados Unidos limitam-se a 17 milhões de unidades e com tendência de acomodação. Já a China continuará a fabricar ainda mais veículos – de 5% a 6% de crescimento a cada ano – sem se vislumbrar ainda quando esse ritmo pode começar a cair. 

Apesar de os americanos terem apresentado e desenvolvido os aplicativos de carona, nascidos da ideia da Uber, pesquisas apontam que 69% dos motoristas ainda preferem manter a propriedade. No Brasil, essa proporção deve ser maior pela baixa densidade da frota em relação ao número de habitantes. A China, por sua vez, surpreendeu os pesquisadores. 

De acordo com o relatório de satisfação dos consumidores sobre soluções de mobilidade, publicado agora em 28 de novembro, 19% dos chineses se declaram “muito desejosos” e 51% “levemente desejosos” de abrir mão de possuir um carro em seu nome, se opções alternativas estivessem disponíveis. 

A empresa de pesquisa atribui esse resultado à expansão sem precedentes dos serviços de carona paga, aliado a um sistema robusto de internet móvel e a meios de pagamento facilitados. Nem mesmo a Uber aguentou o tranco da concorrência com a companhia local Didi Chuxing, da qual foi sócia, e depois se retirou do país. A Didi levou ao surgimento de rivais, porém nenhum a ameaça de perto. 

Consumidores chineses apreciam em particular a possibilidade de fazer reserva do carro em serviço, flexibilidade e conveniência, embora destaquem preocupações com a privacidade. O mais surpreendente é o fato de o país ter começado a se motorizar tardiamente, o que em teoria deveria despertar desejo maior de exercer a propriedade do bem. 

No entanto, é preciso lembrar de um pormenor: em grandes cidades, o governo chinês controla o mercado ao cobrar taxas elevadas pelo direito de ter uma placa de licenciamento. Isso ocorre em razão da poluição causada não apenas por veículos, mas principalmente por usinas termoelétricas a carvão. 

Apesar de o relatório apresentar essa surpresa, continua de alguma forma indefinido como os consumidores do resto do mundo farão suas escolhas definitivas: propriedade, pagar pelo uso ou as duas formas. 

RODA VIVA

RUMORES confirmaram-se. Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente do Grupo Caoa, disse à Coluna que por trás da criação de uma marca 100% brasileira está a produção própria de um carro elétrico até 2021/22. Projeto tocado em conjunto com a consultoria alemã Edag e reservado para Anápolis (GO). Quanto à Caoa Chery, estuda inéditos sete anos de garantia. 

FORD agregou valor ao Fiesta 2018: sete airbags, reforços estruturais na carroceria, retoques visuais em grade e para-choque dianteiro, câmera de ré de alta definição e última versão multimídia. Motor turbo (1 litro) agora está apenas na versão intermediária. Preços: R$ 56.690 a R$ 71.190. Só a Europa recebeu nova geração. Estados Unidos, Brasil, China e Índia continuam com a atual. 

LIBERADAS as fotos do sedã compacto anabolizado Fiat Cronos, previsto para chegar ao mercado na Argentina (onde será produzido) e no Brasil, em março próximo. Estilo bem atraente e parte frontal marcantemente diferenciada em relação ao hatch Argo, do qual deriva, apesar de a fábrica tratar como plataforma diferente. Espaço interno é praticamente igual nos dois modelos. 

SUV que marca presença nas ruas, de linhas elegantes e sem penduricalhos é o Peugeot 3008. Dispõe de trem de força saudável, sem dispensar interior criativo e acabamento diferenciado ao utilizar apliques de tecido. Volante de diâmetro reduzido traz prazer ao dirigir. Pormenor dispensável: ponteiro do conta-giros movimenta-se em sentido anti-horário. 

JAGUAR E-Pace também está no programa de vendas antecipadas que várias marcas buscam explorar no mercado brasileiro. Encomendas aceitas agora e entregas em abril de 2018, por preços entre R$ 222.300 e 278.080. Motores de 249 cv e 300 cv. O primeiro SUV médio da marca inglesa estreia ainda câmbio automático ZF de nove marchas igual aos Land Rover.


PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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