Alta Roda nº 969/319
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Fernando Calmon |
Soluções
alternativas à propriedade de um automóvel para uso cotidiano e mesmo para
viagens continuam a despertar interesse em vários países. Há opções que variam
de aplicativos de carona paga ao compartilhamento de um mesmo veículo, aluguéis
temporários (por horas até) e convencionais, caronas entre conhecidos e outras
possibilidades criativas.
Tudo isso, porém, ainda apresenta graus de aceitação diferentes em várias
partes do mundo. Por esse motivo, uma das maiores companhias de pesquisa de
mercado automobilístico, a americana J.D. Power, decidiu avaliar como os
chineses encaram essa possibilidade de abrir mão da propriedade de seu meio de
transporte individual.
Antes é necessário saber que a relação de 200 veículos por 1.000 habitantes na
China é muita baixa ante os 800 dos Estados Unidos e principais países da União
Europeia (Brasil também está na faixa de 200). No entanto, em números
absolutos, os 25 milhões de veículos vendidos por ano na China tornam o país
mais populoso do mundo um mercado extremamente atraente. Os melhores anos nos
Estados Unidos limitam-se a 17 milhões de unidades e com tendência de
acomodação. Já a China continuará a fabricar ainda mais veículos – de 5% a 6%
de crescimento a cada ano – sem se vislumbrar ainda quando esse ritmo pode
começar a cair.
Apesar de os americanos terem apresentado e desenvolvido os aplicativos de
carona, nascidos da ideia da Uber, pesquisas apontam que 69% dos motoristas
ainda preferem manter a propriedade. No Brasil, essa proporção deve ser maior
pela baixa densidade da frota em relação ao número de habitantes. A China, por
sua vez, surpreendeu os pesquisadores.
De acordo com o relatório de satisfação dos consumidores sobre soluções de
mobilidade, publicado agora em 28 de novembro, 19% dos chineses se declaram
“muito desejosos” e 51% “levemente desejosos” de abrir mão de possuir um carro
em seu nome, se opções alternativas estivessem disponíveis.
A empresa de pesquisa atribui esse resultado à expansão sem precedentes dos serviços
de carona paga, aliado a um sistema robusto de internet móvel e a meios de
pagamento facilitados. Nem mesmo a Uber aguentou o tranco da concorrência com a
companhia local Didi Chuxing, da qual foi sócia, e depois se retirou do país. A
Didi levou ao surgimento de rivais, porém nenhum a ameaça de perto.
Consumidores chineses apreciam em particular a possibilidade de fazer reserva
do carro em serviço, flexibilidade e conveniência, embora destaquem
preocupações com a privacidade. O mais surpreendente é o fato de o país ter
começado a se motorizar tardiamente, o que em teoria deveria despertar desejo
maior de exercer a propriedade do bem.
No entanto, é preciso lembrar de um pormenor: em grandes cidades, o governo
chinês controla o mercado ao cobrar taxas elevadas pelo direito de ter uma
placa de licenciamento. Isso ocorre em razão da poluição causada não apenas por
veículos, mas principalmente por usinas termoelétricas a carvão.
Apesar de o relatório apresentar essa surpresa, continua de alguma forma
indefinido como os consumidores do resto do mundo farão suas escolhas
definitivas: propriedade, pagar pelo uso ou as duas formas.
RODA VIVA
RUMORES confirmaram-se. Carlos Alberto de Oliveira
Andrade, presidente do Grupo Caoa, disse à Coluna que por trás da criação de
uma marca 100% brasileira está a produção própria de um carro elétrico até
2021/22. Projeto tocado em conjunto com a consultoria alemã Edag e reservado
para Anápolis (GO). Quanto à Caoa Chery, estuda inéditos sete anos de
garantia.
FORD agregou valor ao Fiesta 2018: sete airbags,
reforços estruturais na carroceria, retoques visuais em grade e para-choque
dianteiro, câmera de ré de alta definição e última versão multimídia. Motor
turbo (1 litro) agora está apenas na versão intermediária. Preços: R$ 56.690 a
R$ 71.190. Só a Europa recebeu nova geração. Estados Unidos, Brasil, China e
Índia continuam com a atual.
LIBERADAS as fotos do sedã compacto anabolizado Fiat
Cronos, previsto para chegar ao mercado na Argentina (onde será produzido) e no
Brasil, em março próximo. Estilo bem atraente e parte frontal marcantemente
diferenciada em relação ao hatch Argo, do qual deriva, apesar de a fábrica
tratar como plataforma diferente. Espaço interno é praticamente igual nos dois
modelos.
SUV que marca presença nas ruas, de linhas elegantes e
sem penduricalhos é o Peugeot 3008. Dispõe de trem de força saudável, sem
dispensar interior criativo e acabamento diferenciado ao utilizar apliques de
tecido. Volante de diâmetro reduzido traz prazer ao dirigir. Pormenor
dispensável: ponteiro do conta-giros movimenta-se em sentido
anti-horário.
JAGUAR E-Pace também está no programa de vendas
antecipadas que várias marcas buscam explorar no mercado brasileiro. Encomendas
aceitas agora e entregas em abril de 2018, por preços entre R$ 222.300 e
278.080. Motores de 249 cv e 300 cv. O primeiro SUV médio da marca inglesa
estreia ainda câmbio automático ZF de nove marchas igual aos Land Rover.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
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