Wagner Gonzalez |
Falta de segurança cancela testes de pneus
Cinco ocorrências no fim de semana
Promotores insistem em prejuízo
Quem já acompanhou a F-1 mundo afora, ou pelo menos
conhece algumas metrópoles do tamanho de São Paulo, tem uma boa ideia do que um
estrangeiro passa seja a passeio seja a trabalho ao visitar certas regiões da
Cidade do México, Londres ou Tóquio. Eu mesmo já vivi tentativas de extorsão
por policias legítimos, uma delas em companhia de um conhecido locutor da F-1.
Ante o pedido para o policial mostrar nas páginas do livreto de código de
trânsito que trazia consigo qual era a nossa infração, muito a contragosto ele
nos mostrou uma lei que versava sobre o estado dos para-choques, ou algo
igualmente absurdo, enquanto insistia que tínhamos passado um farol fechado,
algo que não ocorrera, e garantir sua “mordida”.
São Paulo este ano foi mais cruel com o circo da F-1:
fala-se de cinco tentativas de assalto a estrangeiros que vieram trabalhar em
Interlagos e um desses casos envolveu o uso de armas e tiros contra técnicos da
Mercedes. Colaboradores da Pirelli sofreram situação semelhante e por isso o
teste que a empresa faria com a McLaren, hoje e amanhã no autódromo paulistano,
foi cancelado. Em mais de 350 GPs que acompanhei pessoalmente e desde que sigo
a categoria não me recordo de atitude semelhante em decorrência dos padrões de
segurança locais. O balanço do fim de semana não é nada positivo para o gestor
da cidade. Aliás, não faltou quem notasse a coincidência da data do GP e a
surpreendente presença do alcaide João Dória Jr na capital à qual ele foi
eleito para administrar…
Não bastasse isso, o site do jornal Folha de São
Paulo publicou matéria surreal, para dizer o mínimo, sobre o
resultado financeiro da competição. Nela o organizador do evento Tamas Rohony
afirma que o evento não é rentável e em um dos parágrafos do texto pode-se ler
que “a despesa internacional gira na casa dos R$ 100 milhões, e é justamente o
que fica como déficit a cada ano para os realizadores do evento em Interlagos.”
Se isso for verdade é imprescindível fazer um lobby junto à Academia Sueca para
que Rohony seja indicado ao prêmio Nobel da Paz, tamanha a generosidade que
pratica para que os brasileiros possam desfrutar de um GP de Fórmula 1. Em
outro parágrafo, mais adiante, a lista ganha outro nome quando se lê que “Até o
ano passado, a prova brasileira contava com o “apadrinhamento” de Bernie
Ecclestone, ex-dono da F-1, que bancava o déficit gerado. O inglês vendeu o
comando da categoria para o grupo Liberty Media, que passou a administrá-la a
partir desta temporada.” Afirmações esdrúxulas e falsas como essas são normais
a cada ano: afinal, quem rasga dinheiro?
Ainda que os cotidianos de outros países não tratem o
automobilismo com o destaque que um autoentusiasta deseja, o espaço na mídia e
capacidade dos profissionais de comunicação que existe no Brasil sobrevive pela
paixão de poucos guerreiros capazes de enxergar que há vida além do futebol e
da própria F-1. Como já escrevi neste espaço, a Argentina, nossa vizinha, está
bem pertinho para mostrar que um GP não é essencial para permitir um
automobilismo sadio. Hermanos de quem desfruto de amizade não se
cansam de me perguntar por que apesar de termos uma economia muito maior que a
deles nosso automobilismo regride a olhos vistos. A resposta pode ser lida nas
entrelinhas da matéria que você pode acessar clicando aqui.
Bottas dá pontapé mas erra o chute –
O finlandês
Valtteri Bottas garantiu a pole position para o GP do Brasil mas sucumbiu à
melhor largada de Sebastian Vettel e cruzou linha de chegada 2”762 atrás do
alemão, que agora tem 22 pontos (302 x 280) à sua frente no campeonato de
pilotos. Piloto da Ferrari praticamente garantiu o vice da temporada
Pneus ao ponto – Como foi visto em outras
ocasiões, o tempo quente em Interlagos ajudou a Ferrari a tirar melhor proveito
dos pneus. Mesmo instalando pneus super macios quando o tanque do seu carro já
tinha menos de 50% de combustível Lewis Hamilton não teve carro para superar
Kimi Räikkönen nas voltas finais da prova.
Ratatouille – Relacionamento entre Renault, Toro
Rosso e, por tabela, Red Bull parece próximo de se passar do ponto. As
duas primeiras disputam a sexta posição no campeonato de construtores e estão
separadas por apenas quatro pontos (53 a 49) com vantagem para o touro
vermelho. Uma discussão ácida entre o temperamental Cyril Abiteboul, da
Renault, e Franz Tost, da Toro Rosso, foi amenizada com uma dose de diplomacia
alcalina por parte de Helmut Marko. Não será surpresa se em Abu Dhabi os carros
de Pierre Gasly e Brendon Hartley cumprirem menos voltas que os monopostos
amarelos de Carlos Sainz e Nico Hulkeberg.
Fish & chips – Apesar de lembrado como última
opção como substituto de Felipe Massa na equipe Williams, o nome de Pascal
Wehrlein começa ser visto como o alvo do time de Grove para 2017. Os demais
candidatos – Robert Kubica, Paul Di Resta ou Daniil Kvyat -, jamais
conseguiriam pagar pelo conjunto de câmbio e diferencial da Mercedes que Paddy
Lowe, o diretor técnico do time inglês, espera usar nos carros de 2017. E como
Wehrlein é protegido da casa alemã fica fácil entender o porquê da demora da
Williams em escolher o novo companheiro de Lance Stroll.
Wagner Gonzalez
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