Alta Roda nº 972/322 – 21 /12 /2017 |
Um
debate interessante começa a tomar corpo nos Estados Unidos à medida que
avançam as pesquisas para chegar ao almejado nível quatro de carros autônomos.
Ainda se desconhece quando essa tecnologia estará suficientemente desenvolvida
e todo o arcabouço jurídico montado para permitir a um automóvel se autoguiar.
Cinco anos para os otimistas e dez anos para os realistas são as previsões mais
recorrentes.
Paira, porém, outra dúvida. Esse recurso estará mais
difundido em veículos puramente elétricos ou em híbridos plugáveis? A resposta
parece estimular discussões, segundo artigo de publicação recente no site
americano The Verge. Ocorre que os fabricantes de veículos e os de equipamentos
e programas de computador concluíram que a automação é grande sorvedora de
energia elétrica nos veículos.
Isso pode implicar escolhas a partir de agora. O veículo
apenas com motor a combustão está livre de limitações. Outro, exclusivamente
elétrico e que deve rodar bastante em vários serviços para poder pagar os
custos, teria sua autonomia diária reduzida em pelo menos um terço. Aí entraria
a opção pelo híbrido que associa motor elétrico e convencional. É mais barato
que o elétrico puro e suportaria melhor a demanda de energia da parafernália
eletrônica.
Do ponto de vista exclusivamente econômico, a opção pelo
híbrido parece a mais rentável e prática. Carros autônomos podem se tornar um
grande negócio tanto para transporte de pessoas como de mercadorias. Claro, a opção
elétrica iria gerar menos poluição localizada; porém, se houver limitações de
uso e reabastecimento lento, a prática comercial ficaria comprometida.
Enquanto se discute, desde já, a aplicação comercial de
veículos autônomos, a utilização por motoristas comuns no seu dia a dia abrirá
outras possibilidades. Uma delas começa a sair da toca de mansinho, nos tempos
atuais de nível dois e, um pouco mais adiante, de nível três de automação
(neste caso, uma intervenção eventual no volante pode tornar-se necessária). A
General Motors, nos Estados Unidos, passou a oferecer compras a bordo do carro
por meio do sistema multimídia comandado por voz.
Estaria, assim, aberta nova fonte de receita para os
fabricantes, pois com o tempo motoristas e ocupantes iriam além de apenas
encomendar pizza, comprar ingresso ou fazer reserva em restaurante. No nível
quatro de automação, o ambiente interno do carro seria equivalente ao de um
escritório com todas as possibilidades e interações de um computador de tela
grande e alta resolução.
De outro lado, veículos autônomos deixam tempo livre a ser
preenchido por diversas funções, de lazer a culturais, durante o tempo de
deslocamento. Por isso mesmo, a Renault anunciou, na Europa, poucos dias atrás,
a aquisição de 40% do capital de uma editora na França que publica cinco
revistas.
Segundo o comunicado distribuído pela marca francesa, os
motoristas europeus gastam, em média, cerca de duas horas por dia em
deslocamentos casa-trabalho-casa. Com o desenvolvimento de automóveis conectados
e de tecnologia autônoma, novas possibilidades de negócios surgem e, entre
essas alternativas, está não apenas trabalhar a bordo, mas um pouco de diversão
também.
RODA VIVA
ESCALADA de modelos inéditos que a VW projeta até 2020 será mais
suave em 2018. SUV compacto T-Cross, previsto para a fábrica paranaense, terá
início de produção só em 1º de janeiro de 2019 e lançamento em março. No
próximo ano será a vez dos câmbios automáticos: além do Polo MSI (1,6 L), em
maio, Gol e Voyage trocarão os automatizados pelos Aisin de seis marchas.
PORSCHE Panamera e-Hybrid chega apontado como automóvel de
menor consumo em estrada: 26 km/l pelo programa de etiquetagem. Preços do
sedã-cupê: de R$ 529.000 a 1.242.000, pouco abaixo dos modelos a gasolina em
razão de incentivos fiscais. No modo 100% elétrico pode ir a 140 km/h e, sem
acelerar muito, autonomia elétrica é de 50 km. Mix previsto: 60% das vendas.
CÂMBIO automático CVT do Honda Fit 2018 EXL melhorou sua
economia de combustível e as respostas ao acelerador estão menos “frias”.
Retoques de estilo, para-choque traseiro que (agora) protege mais a tampa do
porta-malas, faróis e luzes diurnas em LED e sistema multimídia fácil de usar
destacam-se. Continua ausente regulagem de altura do banco do motorista.
GRUPO SHC continua a apostar em negociações para contornar o
imbróglio jurídico e afinal montar fábrica da chinesa JAC no Brasil. Acertou
agora com o governo goiano e, tudo indica, utilizará instalações em Itumbiara,
onde antes o Grupo HPE montava o Suzuki Jimny (agora em Catalão, GO). T40 está
confirmado para 2019 e, em seguida T50. Investimento: R$ 200 milhões.
DONA do aplicativo em que caroneiros ajudam nas despesas do
motorista em viagens rodoviárias, a filial da francesa BlaBlaCar planeja, até
meados de 2018, começar a gerar receita aqui. Segundo Ricardo Leite, executivo
no Brasil, a fórmula ainda está em estudos. Na França custa 13% para cada
caroneiro. Alternativa seria assinatura ou passe flexível pelo serviço.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
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