quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Fernando Calmon - Alta Roda - Autônomos em foco

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Fernando Calmon
Um debate interessante começa a tomar corpo nos Estados Unidos à medida que avançam as pesquisas para chegar ao almejado nível quatro de carros autônomos. Ainda se desconhece quando essa tecnologia estará suficientemente desenvolvida e todo o arcabouço jurídico montado para permitir a um automóvel se autoguiar. Cinco anos para os otimistas e dez anos para os realistas são as previsões mais recorrentes.

Paira, porém, outra dúvida. Esse recurso estará mais difundido em veículos puramente elétricos ou em híbridos plugáveis? A resposta parece estimular discussões, segundo artigo de publicação recente no site americano The Verge. Ocorre que os fabricantes de veículos e os de equipamentos e programas de computador concluíram que a automação é grande sorvedora de energia elétrica nos veículos. 

Isso pode implicar escolhas a partir de agora. O veículo apenas com motor a combustão está livre de limitações. Outro, exclusivamente elétrico e que deve rodar bastante em vários serviços para poder pagar os custos, teria sua autonomia diária reduzida em pelo menos um terço. Aí entraria a opção pelo híbrido que associa motor elétrico e convencional. É mais barato que o elétrico puro e suportaria melhor a demanda de energia da parafernália eletrônica. 

Do ponto de vista exclusivamente econômico, a opção pelo híbrido parece a mais rentável e prática. Carros autônomos podem se tornar um grande negócio tanto para transporte de pessoas como de mercadorias. Claro, a opção elétrica iria gerar menos poluição localizada; porém, se houver limitações de uso e reabastecimento lento, a prática comercial ficaria comprometida. 

Enquanto se discute, desde já, a aplicação comercial de veículos autônomos, a utilização por motoristas comuns no seu dia a dia abrirá outras possibilidades. Uma delas começa a sair da toca de mansinho, nos tempos atuais de nível dois e, um pouco mais adiante, de nível três de automação (neste caso, uma intervenção eventual no volante pode tornar-se necessária). A General Motors, nos Estados Unidos, passou a oferecer compras a bordo do carro por meio do sistema multimídia comandado por voz. 

Estaria, assim, aberta nova fonte de receita para os fabricantes, pois com o tempo motoristas e ocupantes iriam além de apenas encomendar pizza, comprar ingresso ou fazer reserva em restaurante. No nível quatro de automação, o ambiente interno do carro seria equivalente ao de um escritório com todas as possibilidades e interações de um computador de tela grande e alta resolução. 

De outro lado, veículos autônomos deixam tempo livre a ser preenchido por diversas funções, de lazer a culturais, durante o tempo de deslocamento. Por isso mesmo, a Renault anunciou, na Europa, poucos dias atrás, a aquisição de 40% do capital de uma editora na França que publica cinco revistas. 

Segundo o comunicado distribuído pela marca francesa, os motoristas europeus gastam, em média, cerca de duas horas por dia em deslocamentos casa-trabalho-casa. Com o desenvolvimento de automóveis conectados e de tecnologia autônoma, novas possibilidades de negócios surgem e, entre essas alternativas, está não apenas trabalhar a bordo, mas um pouco de diversão também. 

RODA VIVA

ESCALADA de modelos inéditos que a VW projeta até 2020 será mais suave em 2018. SUV compacto T-Cross, previsto para a fábrica paranaense, terá início de produção só em 1º de janeiro de 2019 e lançamento em março. No próximo ano será a vez dos câmbios automáticos: além do Polo MSI (1,6 L), em maio, Gol e Voyage trocarão os automatizados pelos Aisin de seis marchas. 

PORSCHE Panamera e-Hybrid chega apontado como automóvel de menor consumo em estrada: 26 km/l pelo programa de etiquetagem. Preços do sedã-cupê: de R$ 529.000 a 1.242.000, pouco abaixo dos modelos a gasolina em razão de incentivos fiscais. No modo 100% elétrico pode ir a 140 km/h e, sem acelerar muito, autonomia elétrica é de 50 km. Mix previsto: 60% das vendas. 

CÂMBIO automático CVT do Honda Fit 2018 EXL melhorou sua economia de combustível e as respostas ao acelerador estão menos “frias”. Retoques de estilo, para-choque traseiro que (agora) protege mais a tampa do porta-malas, faróis e luzes diurnas em LED e sistema multimídia fácil de usar destacam-se. Continua ausente regulagem de altura do banco do motorista. 

GRUPO SHC continua a apostar em negociações para contornar o imbróglio jurídico e afinal montar fábrica da chinesa JAC no Brasil. Acertou agora com o governo goiano e, tudo indica, utilizará instalações em Itumbiara, onde antes o Grupo HPE montava o Suzuki Jimny (agora em Catalão, GO). T40 está confirmado para 2019 e, em seguida T50. Investimento: R$ 200 milhões. 

DONA do aplicativo em que caroneiros ajudam nas despesas do motorista em viagens rodoviárias, a filial da francesa BlaBlaCar planeja, até meados de 2018, começar a gerar receita aqui. Segundo Ricardo Leite, executivo no Brasil, a fórmula ainda está em estudos. Na França custa 13% para cada caroneiro. Alternativa seria assinatura ou passe flexível pelo serviço. 


PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).

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