Wagner Gonzalez |
F-1: agora o castigo vem em
um touro
A vitória de Lewis Hamilton no GP do Azerbaijão foi a
primeira do ano e veio só na quarta etapa do ano, algo incomum nas últimas
temporadas. Nem por isso esse resultado foi mais comentado que o acidente
envolvendo os dois pilotos da Red Bull, Max Verstappen e Daniel Ricciardo, algo
que poderá definir a dança das cadeiras para o campeonato de 2019.
O
retrospecto das carreiras do já veterano australiano e do arrojado holandês
dificilmente será apagado nas próximas corridas, em particular nas etapas de
Mônaco e Montreal, que vem logo após o GP da Espanha, marcado para dentro de 10
dez dias.
O traçado de Baku, que mistura uma das retas mais longas
do calendário com curvas de quarteirão e o peculiar aclive do castelo, já se
consolidou como um fim de semana de acidentes e resultados surpreendentes,
situação para a qual os uivantes ventos do Mar Cáspio (24m metros acima do
nível da cidade) também contribuem.
Este ano a inexperiência de pilotos novatos
ajudou a aumentar o número de incidentes: Sergey Sirotkin (virou sanduíche
entre os carros de Nico Hulkenberg e Fernando Alonso depois de colidir contra
Sérgio Pérez) e Pierre Gasly (deixou de marcar pontos em consequência de uma
disputa com o arrojado Kevin Magnussen a duas voltas para o final) são exemplos
disso.
Pilotos mais experientes como o franco-suíço Romain
Grosjean (perdeu o controle de seu Haas-Ferrari quando aquecia os pneus com o
safety-car na pista) e o tetra-campeão mundial Sebastian Vettel (superestimou a
possibilidade de assumir a liderança na última relargada e caiu de segundo para
quarto), também erraram. Já a Valtteri Bottas cabe o benefício da dúvida: azar
por passar sobre um pedaço de fibra de carbono deixado na pista ou por não
saber evitar o obstáculo da maneira como outros pilotos fizeram. O resultado
foi bastante claro: os 25 pontos da vitória foram transformados em um
decepcionante abandono a duas voltas do final da prova.
A tertúlia-mor de Baku, protagonizada por Daniel
Ricciardo e Max Verstappen, superou tudo isso e é hoje o ápice de uma relação
que estaria mais deteriorada se no lugar no australiano estivesse um piloto
igualmente rápido porém de índole mais agressiva. Tivemos no GP da Hungria 2017
(sétima etapa da temporada) a avant-première do capítulo
mais importante da segunda temporada de uma história digna de série da Netflix.
Este ano o capítulo mais interessante aconteceu na quarta prova do ano, o que
evidencia o nível de estresse entre os dois protagonistas.
Neste vídeo pode-se ver claramente que ambos agiram
dentro do que se espera de cada um deles: Ricciardo iniciou sua típica manobra
de ultrapassagem e Verstappen reagiu dentro do seu estilo ao mudar
repentinamente de direção para defender sua posição e o fez pelo menos três
vezes antes do choque. Dizer que o holandês deveria ter facilitado a
ultrapassagem do australiano nessa ou nas voltas anteriores, quando Daniel
estava nitidamente mais rápido, seria ir contra o princípio da competição.
Quando uma disputa entre dois pilotos de uma mesma equipe termina em acidente,
porém, prevalece o fato que o excesso de arrojo pode ser prejudicial à saúde
financeira e competitiva do time.
Exatamente por isso os dois pilotos foram chamados à sede
da equipe, em Milton Keynes (Inglaterra), para se desculpar frente a todos os
funcionários da RBR. Foi a maneira escolhida por Christian Horner para deixar
claro que os egos dos dois empregados mais caros da organização devem respeitar
a dedicação de todos que ganham muito menos e se dedicam com a mesa devoção em
busca de vitórias. Até agora Max Verstappen contou com a benevolência e
predileção de Helmut Marko, eminência nada parda no planejamento estratégico da
Red Bull. Fica no ar se essa proteção é suprema e vitalícia.
Como Daniel Ricciardo é cotejado por Ferrari e Mercedes
(onde teria suas maiores chances de disputar o título de 2019), deixar o
holandês impune após o episódio de Baku é uma aposta por demais arriscada. Hoje
em dia não há no mercado um piloto tão maduro e rápido quanto o sorridente
australiano, tanto que a sua escolha para a próxima temporada vai ditar as
mudanças nas demais equipes.
O holandês parece distante da maturidade que se esperava
dele nesta altura de sua carreira. Por mais que seu estilo agressivo desperte
paixões e traga emoção, terminada a corrida há de se fazer contas e descobrir
quanto custa cada ponto conquistado. É quando se descobre que o castigo não vem
só a cavalo...
O resultado completo do GP do Azerbaijão você encontra aqui.
Sette Câmara brilha, equipe
falha
Sérgio Sette Câmara continua se destacando em sua segunda
temporada na F-2, categoria que pode garantir seu ingresso na F-1: na rodada de
Baku ele terminou a corrida 1 em quarto lugar (vitória de Anthony Albon) e foi
segundo na corrida 2, atrás apenas do britânico George Russell. Essa combinação
de resultados garantiria ao brasileiro a vice-liderança do campeonato mas esta
posição que lhe foi tirada duas horas depois.
Terminada a vistoria técnica pós-corrida os comissários
técnicos notaram que havia menos que 0,8 l de combustível no tanque de seu
carro exigido pelo regulamento; como consequência de uma falha da equipe no
cálculo do consumo os comissários desportivos decidiram pela desclassificação
de Sete Câmara na segunda prova do fim de semana. O líder do a temporada é seu companheiro de equipe oinglês Lando Norris , com 55 pontos. O
tailandês Anthony Albon é o vice-líder, com 41, um a mais que Sette Câmara. O
campeonato prossegue em Barcelona, Espanha, dentro de duas semanas.
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