Wagner Gonzalez |
E agora, Ferrari?
Enquanto os flechas de prata continuam acertando o alvo, a Scuderia segue errando.
A temporada 2019 da F-1 ganhou mais um capítulo de
obviedade no último fim de semana quando os pilotos da Mercedes conquistaram a
quinta dobradinha consecutiva nas cinco etapas disputadas até agora. Nem mesmo
um motor melhorado e alterações aerodinâmicas ajudaram a Scuderia Ferrari a
andar mais perto dos carro anglo-alemães; pelo contrário, ao lado do vencedor
Lewis
Hamilton e do segundo colocado Valtteri Bottas, quem completou o pódio
foi o holandês Max Verstappen, com um Red Bull Honda. Hoje (terça) e amanhã as
dez equipes que disputam o Mundial da categoria fazem dois dias de testes no
circuito de Barcelona, sendo que Ferrari e Racing Point terão uma agenda extra:
elas foram escaladas para testar pneus que poderão ser usados na próxima
temporada. Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Câmera participam desses treinos.
Nenhuma equipe da F-1 é tão cobrada por
resultados quanto a Scuderia Ferrari, a única que participou de todas as
temporadas da categoria desde a criação do Campeonato Mundial em 1950. Não há
controvérsias de que a Scuderia de Maranello conta com um dos dois maiores
orçamentos do grid e que sua importância política sempre possibilita favores e
privilégios na definição de regulamentos. Desse ponto de vista é que os
resultados são cobrados até por quem não é fã do time.
Brabham, Ligier, Lotus, McLaren e Williams,
para mencionar apenas nomes mais contemporâneos, tiveram seus momentos de
glória e contaram com torcidas de peso, mas nenhuma jamais chegou aos pés dos tifosi, os ferraristas fanáticos que há tempos deixaram de ser apenas
italianos. Hoje essa nação de espalha mundo afora, da paulista Andradina até o
africano Zimbábue. Se tal carga de admiradores tem efeito apenas emocional,
dentro de casa o clima é muito mais frenético e, porque não dizer, perigoso. Em
que pese a importância da marca, ou talvez por isso mesmo, em sua estrutura de
funcionamento sobram batalhas que consagram e destroem heróis com alta
frequência e na rapidez digna dos tempos de www.
O segundo semestre do ano
passado deixou claro que a continuidade de Maurício Arrivabene no comando da
Ferrari estava mais do ameaçada. Homem de marketing que conquistou importante
espaço na F-1 e fez a equipe disputar com chances os títulos de Pilotos e
Construtores durante boa parte de várias temporadas. Sabiamente delegou poderes
na parte técnica, área que extrapola sua formação acadêmica. O andar da
carruagem, porém, não foi tão tranquilo quanto ele poderia esperar e em um jogo
de xadrez com movimentos notadamente enviesados, o reino de Arrivabene foi
corroído pela atuação do suíço Mattia Binotto, que vinha galgando posições de
forma mais eficiente do que os resultados que ele apresenta até o momento.
Após cinco etapas o melhor resultado da Ferrari em 2019
ainda não passou do terceiro lugar e o resumo da ópera é predominado por árias
com enredo que mesclam a tirania e a tragédia. A tirania é a postura de
privilegiar o primeiro piloto da equipe mesmo quando o recém-chegado mostra
chances aparentemente melhores de salvar a honra da equipe com atuações mais
espetaculares. A narrativa trágica advém de muitas decisões estratégicas que
brindam derrotas em uma guerra nada santa. Terminado o GP da Espanha Binotto
admitiu que “o carro tem erros de projeto” e que “nossa equipe é jovem”.
Conclusões emitidas por quem está em Maranello desde 1993 e hoje chefia a
equipe que tem mais GPs disputados.
O resultado completo do GP da Espanha e a tabela de
pontos do campeonato você encontra clicando aqui.
Brasileiros de volta à F-1
Dois brasileiros deverão estar em ação a pista espanhola:
Pietro Fittipaldi e Sérgio Sette Câmera. Fittipaldi vai acelerar um carro da
equipe Haas, onde atua como piloto de testes e desenvolvimento; as atuações
irregulares dos pilotos oficiais da equipe – o franco suíço Romain Grosjean e o
dinamarquês Kevin Magnussen poderão auxiliar na promoção do neto de Emerson,
que para garantir a superlicença necessária para disputar a F-1 acertou
participação na série DTM com um carro da Audi. Por seu lado, o mineiro Sette
Câmera está escalado, segundo sua assessoria, para ter sua primeira experiência
de pista com um carro da categoria, no caso o McLaren McL 34-Renault.
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