terça-feira, 1 de abril de 2014

Wagner Gonzalez - Conversa de pista

Calor e tensão em Sepang

Hamilton domina GP da Malásia, Massa revive trauma e novatos voltam a pontuar. Combustível pode ser uma das causas dos problemas na Red Bull e Lotus
O inglês Lewis Hamilton não demonstrou maiores dificuldades para dominar o Grande Prêmio da Malásia – segunda etapa do Campeonato Mundial de F-1 -, disputado domingo no circuito de Sepang: conquistou a pole position sob chuva, liderou praticamente de ponta a ponta e fez a melhor volta da prova, o conhecido barba-cabelo-e-bigode. 

Em um box não muito distante do ocupado pela equipe Mercedes – que conseguiu sua primeira dobradinha desde o GP da Itália de 1955, com Juan Manuel Fangio e Piero Taruffi -, teve gente que colocou as barbas de molho após Felipe Massa não respeitar “sugestões” da equipe para facilitar a vida de Valtteri Bottas. 

Atrás dos pilotos da Williams, que terminaram em sétimo e oitavo lugares, fecharam a zona de pontuação os estreantes Kevin Magnussen e Daniil Kvyat. Nico Rosberg, que chegou em segundo, segue liderando o campeonato, que prossegue domingo com a disputa do GP do Bahrein agora com um Sebastian Vettel revigorado após o pódio de Sepang, onde foi terceiro.
O primeiro impacto sugeriu o pior: a atitude do engenheiro Rod Nelson ao “sugerir” que Felipe Massa devesse facilitar a vida de Valtteri Bottas e permitir que fosse ultrapassado pelo finlandês fez muita gente lembrar dias tristes junto à famiglia de Maranello. A resposta do brasileiro, porém, mostrou que os tempos de Ferrari parecem ter ficado para trás.
Das 56 voltas da corrida em Sepang, Massa foi mais rápido que seu companheiro de equipe em 19 delas e recuperou cerca de 52 segundos na diferença que cada um gastou nas três paradas de box. Este cálculo foi feito somando-se a diferença de tempos de ambos entre a volta anterior à entrada nos boxes e a primeira volta lançada após a troca de pneus. Na linha de chegada a diferença entre ambos foi 461/1000 de segundo… Em resumo, fez o necessário para manter-se à frente do companheiro de equipe e principal rival. 
A diferença de resultado entre ambos pode ser atribuída à maior experiência de Massa em relação à Bottas. Tecnicamente é possível concluir que o carro do finlandês era mais rápido de reta, mas perdia velocidade no segundo trecho da mista, que demanda um carro mais equilibrado. Esta situação pode indicar um acerto focado em menor pressão aerodinâmica para compensar a perda de potência decorrente da tocada de recuperação que Valtteri impôs no GP da Austrália. Nas retas a diferença para Felipe era em torno de 5 km/h. No segundo setor a situação se invertia para 2,7 km/h a favor do brasileiro. 
Em outras palavras: Massa agiu como um piloto que entra para correr e vencer, atitude igualmente adotada por Bottas, e desta vez levou a melhor. Sinal que as horas de vôo que exibe em seu currículo ainda são suficientes para se impor frente ao companheiro de equipe que faz sua segunda temporada.
Um toque com Kevin Magnussen logo na primeira volta não ajudou Kimi Räikkönen a recuperar-se da atuação apagada no GP da Austrália. Fora dos pontos, o que é raro em sua carreira recente, o finlandês não consegue tirar dos carros de Maranello o mesmo rendimento de Fernando Alonso que, igualmente, também não repete as atuações que o fazem ser apontado por muitos como o melhor piloto da F-1 atual. O problema da Ferrari , concentrado no peso do motor, parece grave e grande o suficiente para a equipe perder espaço para a Red Bull e para a McLaren.
Novatos se destacam
Tal qual ocorreu no GP da Austrália os novatos Kevin Magnussen e Daniil Kvyat novamente marcaram pontos e mostraram rendimento surpreendente para a idade e experiência de ambos. Desta vez Magnussen foi mais lento que o companheiro Button, mas Kvyat marcou pontos enquanto Jean-Eric Vergne não terminou.
A coincidência de problemas nos carros da Lotus e da Red Bull levantaram a suspeita que a causa disto pode ser a formulação da gasolina fabricada pela Total e usada pelas duas equipes. Outra possibilidade seria a interferência provocada pelo software usado pela Renault nos sistemas eletrônicos da unidade de potência. Segundo Helmut Marko “o motor francês tem 60 hp a menos que o Mercedes-Benz. Nossa decisão é trabalhar a aerodinâmica para anular esse prejuízo enquanto o fornecedor não resolve o problema.”

Desmaio faz soar alerta
O assunto foi abafado a ponto de, por enquanto, não se saber o nome do piloto que teria desmaiado durante um evento promocional às vésperas do GP da Malásia. O tema, porém, colocou em cheque a imposição que algumas equipes  impõem aos seus volantes para perder peso e, desta forma, eliminar o prejuízo causado por carros que estão bem acima do peso. Os pilotos de maior estatura e peso, como Jenson Button, Nico Hulkenberg e Adrian Sutil seriam os nomes que se encaixam nesta situação e dos três o último foi o único que não concluiu a prova. A sugestão de que teria sido ele quem desmaiou na ação promocional, porém, é meramente especulativa.
O resultado do GP da Malásia você encontra aqui e a situação do campeonato pode ser vista nesta página. O Campeonato Mundial de F-1 prossegue neste final de semana com a disputa da terceira etapa, o GP do Bahrein. Na próxima semana as equipes de F-1 realizam dois dias de treinos livres nessa pista, sendo que Caterham, Mercedes e Williams cumprirão agenda de avaliação e desenvolvimento de pneus. A Sauber já anunciou que Giedo van der Garte e Sergey Sirotkin terão um dia de atividades cada um, provavelmente o primeiro pilotando na terça e o russo na quarta.
 GP da Austrália: Red Bull pode desistir de apelar
As recentes declarações de Sebastien Vettel contra o som dos atuais motores da F-1 poderão servir como moeda de troca na apelação da equipe Red Bull contra a desclassificação de Daniel Ricciardo, que terminou em segundo lugar em Melbourne. As declarações de Vettel não foram bem recebidas pela FIA e comenta-se que um acordo poderia ser conseguido entre a equipe e a entidade na base do você-não-apela-do-resultado-e-eu-não-processo-seu-piloto.
 Primeiro de abril
Massa anuncia que sai da Williams, Ross Brawn assina com a Sauber e outras de gosto duvidoso envolvendo Michael Schumacher foram as “notícias” que saíram nas páginas de F-1 na madrugada deste primeiro de abril de 2014. Já tivemos ocasiões mais criativas e engraçadas para essa data…

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