Oi
pessoal! Gostaria de falar da Indy 500 de domingo, que foi uma loucura. Depois
daquelas 200 voltas alucinantes e de receber a bandeirada em 2º, há apenas
0s0600 do vencedor Ryan Hunter-Reay, as câmeras de TV do mundo todo me
mostraram ainda dentro do carro, de cabeça baixa e em silêncio. Muita gente
pensou que eu estivesse chorando. Na verdade, não estava chorando. Vou
explicar. Naqueles segundos que fiquei ali, que na TV pareceram uma eternidade,
eu perguntava para mim mesmo o que havia acontecido de errado. A boa
performance que o Pennzoil Team Penske Chevrolet #3 apresentou desde os
primeiros momentos da preparação, iniciada no dia 11 de maio, ficou patente na
corrida. A vitória escapou por um quase nada e eu comecei me perguntando o por
que.
Mas foi ainda naquele instante de silêncio, ocasião em que
continuava muito concentrado, que a minha mente permitiu que eu ampliasse o meu
leque de visão e percebesse o momento especial que tinha acabado de viver.
Obviamente que eu estava – e estou - frustrado, assim como o pessoal da equipe,
mas é motivo de orgulho o trabalho que todos nós do grupo do carro #3 fizemos
em Indianapolis. Perdemos, sim, mas ao mesmo tempo foi uma luta tão forte e
dedicada, uma espécie de comunhão envolvendo as mentes e os corações de tantas
pessoas maravilhosas – repito: MARAVILHOSAS – que é uma benção poder ter forças
para buscar o objetivo, do primeiro ao último instante, com o melhor de todos
nós.
Enquanto eu estava ali quietinho, as palavras entusiasmadas
de congratulações e encorajamento de Roger Penske e Rick Mears quebravam o
silêncio daquela dimensão em que me encontrava. Ao levantar a cabeça, o coração
estava incrivelmente sereno, embora doído, e nenhuma palavra desagradável
teimava em querer sair de minha boca. Só levei um susto ao ver aquele monte de
câmeras ao meu redor. Nem tinha percebido aquele pessoal ali. Em meio àquela
multidão, olhares amigos e próximos, cúmplices dos momentos felizes e de
dificuldades, braços parceiros que só fazem nos ajudar a levantar. Quando tirei
o capacete e comecei a atender a imprensa, já estava “renascido” e recomposto,
pronto para seguir em frente de uma maneira fortalecida e profundamente
agradecida por poder estar ali, fazendo a coisa que mais amo na vida, e dando o
meu melhor.
Só posso dar os parabéns para o Ryan e para a Andretti Autosport,
que fizeram um trabalho incrível, e seguir para a próxima corrida com o mesmo
espírito guerreiro. As derrotas nos abatem porque, afinal, somos humanos e
ninguém tem sangue de barata nas veias. Mas ao mesmo tempo são os trampolins
para saltos mais altos, reciclando tristezas e frustrações em coisas positivas.
É assim que tento viver.
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