Alta Roda nº785/135 – 22/05/2014 |
Fernando Calmon |
Hatches compactos têm excessiva
representação no mercado brasileiro de automóveis e comerciais leves, nada
menos que 45%. Por isso, a Nissan elegeu esse segmento para acelerar seu plano
de crescer e se tornar a número um entre as marcas japonesas no Brasil. Não se
trata de missão fácil, mas o erro inicial de depender de importações da fábrica
mexicana foi superado com a fábrica de Resende (RJ) toda nova (inclusive de
motores, como essa coluna antecipou).
A fábrica tomou cuidado de
posicionar muito bem o preço do New March: de R$ 32.990 (motor 1-L) a R$ 42.990
(motor 1,6-L). A antiga versão continuará vindo do México e com preço menor,
mas não responderá por mais de 25% das vendas do modelo (Mille e Rocam, por
exemplo, chegaram a responder por 50% de Uno e Fiesta).
Esteticamente ficou melhor, em
especial a nova frente e o console central. As pequenas mudanças dimensionais
(mais 5 cm no comprimento e 1 cm na largura) não alteraram o espaço para
passageiros, que já era bom, nem o modesto tanque de combustível de apenas 41
litros. Manteve características únicas no segmento como diâmetro mínimo de giro
excelente (9 m) e janelas traseiras totalmente baixáveis.
A robusta lista de equipamentos de
série, desde o básico, demonstra a estratégia ousada: ar-condicionado, direção
com assistência elétrica, computador de bordo, conta-giros, espelhos de
cortesias nos dois para-sóis, iluminação no porta-malas, tomada de 12 V no
console (mal localizada, por sinal), banco e volante com regulagem de altura,
cintos de segurança com pré-tensionadores e auxílio extra à frenagem
(importante complemento aos freios antibloqueio ABS). É o único compacto a
dispor de câmera de ré, na versão de topo. Pneus chineses foram trocados por
marcas conhecidas aqui.
Motor de 1 litro é o mesmo da
Renault, mas de geração antiga, embora a Nissan o destaque como o mais
econômico do mercado com ar-condicionado ligado. No entanto, sua potência (74
cv) é notavelmente inferior (10%) ao do VW up! (82 cv) e também em relação aos
80 cv do novo Renault. Já o motor de 1,6 L (111 cv) também não é lá muito
brilhante, principalmente abaixo de 3.000 rpm, mas o peso contido do carro (de
956 a 982 kg) ajuda bastante. Segundo a fábrica, aceleram de 0 a 100 km/h em
13,8 s e 9,5 s (ambos etanol), respectivamente. Curioso o fato de a Nissan
indicar maior desempenho com etanol, quando potência e torque são exatamente
iguais com os dois combustíveis.
Foi melhorado o isolamento acústico,
mas o ganho de 1,3 decibel é pequeno, não prontamente percebido. Além disso, a
primeira marcha continua tão ruidosa como antes e permanece a queda brusca do
volante ao se acionar a regulagem de altura. Suspensão ganhou um centímetro de
curso para absorver irregularidades do piso, já que agora oferece a opção de
rodas com 16 pol. de diâmetro. Dirigibilidade se manteve no bom nível anterior.
Outra boa providência foi tornar
mais acessíveis as revisões, com trocas de óleo do motor anuais (antes
semestrais). Velas de ignição duram 100.000 km, mais que o dobro das comuns.Pelo que oferece em relação ao
preço, o novo March almeja, com razão, mais do que seu simples lugar ao sol.
RODA
VIVA
SEGUNDO o anuário
do Sindipeças, Brasil se aproximou da Índia, mas se manteve na sétima posição
entre os maiores fabricantes mundiais em 2013. Resultou de nosso crescimento de
9%, para 3,73 milhões de unidades (inclusive veículos pesados) e uma queda dos
indianos de 7%, para 3,88 milhões. Este ano a produção cairá, tanto lá como
aqui. Índia deve continuar à frente.
BOSCH, maior
fabricante de autopeças no Brasil e no mundo, fechou balanço de 2013 positivo
no geral, porém negativo no País, prejudicado em parte pela valorização do euro
frente ao real. Empresa nacionalizará seis componentes, inclusive o start-stop (desliga-liga motor). Uma
fábrica encomendou esse sistema já para 2014. Desconfia-se que seja opção no VW
up! ou Golf nacional.
SUAVIDADE e
respostas ao acelerador instigantes estão no novo motor turbo de 4 cilindros/2
litros de produção da própria Volvo. Estreia no S60, V60 e XC60 a preços entre
R$ 157.950 e R$ 162.950. Substitui a unidade da Ford com ganhos em peso,
potência (245 cv) e torque (35,7 kgf∙m). Associado ao câmbio de 8 marchas,
start-stop e roda-livre (coasting) ficou até 27% mais econômico.
SUZUKI fez
pequenas mudanças no Suzuki Jimny 4Sport 2015: os dois para-choques dianteiros
são novos e há apoios de pé embutidos nas laterais para facilitar acesso ao teto.
Mesmo com motor de 1,3 L/85 cv (gasolina), é um veículo valente no
fora-de-estrada graças ao peso relativamente baixo (1.060 kg) para um 4x4
robusto. Acabou de cumprir teste de 100.000 km em 100 dias.
SALÃO do
Automóvel de Paris (4 a 19 de outubro próximos) voltou a atrair novos
participantes (Aston Martin e Tesla), além das consagradas exposições temáticas
do Pavilhão 8, a deste ano “o automóvel e a moda”. Haverá mais pistas de testes
e a organização escalonou apresentações nos estandes para facilitar o trabalho
dos jornalistas.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em
assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua
coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma
rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no
Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:
www.twitter.com/fernandocalmon
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