quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Fernando Calmon - Alta Roda - Criatividade de ousar

Alta Roda nº 965/315 30– 0214 023– 0oda nº852/1111508– 2oda nº851/2017

Fernando Calmon
Aberto ao público no sábado passado, o Salão do Automóvel de Tóquio, organizado a cada dois anos, é uma exposição curta (termina no próximo dia 5) e predominantemente voltada ao próprio mercado. No entanto, tecnologias do momento que incluem carros autônomos, híbridos e elétricos são motivos de desafios que a engenharia local adora enfrentar. Considerando a chamada inteligência artificial (IA) fundamental daqui para frente, as marcas japonesas – aliás, em pleno processo de consolidação, pois não há futuro para nove fabricantes – têm muito a contribuir. 


Como maior fabricante do país, a Toyota tinha muitas atrações, a principal o carro-conceito Fine-Comfort Ride. Segue a diretriz do governo nipônico que prefere veículos elétricos movidos por pilha a gás hidrogênio no lugar de baterias. Sua autonomia chega a 1.000 km, maior, portanto, que a do Mirai hoje à venda. Há alguns exageros como o estranho Tj Cruiser, um crossover conceitual, misto de van e SUV. 

A Toyota surpreendeu ao anunciar no salão que não pretende importar ou fabricar aqui o crossover médio C-HR (porte do RAV4). Talvez tenha considerado as linhas ousadas demais para sua imagem mais contida no Brasil. Porém, acenou com um modelo de sua subsidiária Daihatsu, o DN Trec, de fato bem interessante e de tamanho menor. “Está em estudos”, admitiu Steve St. Angelo, presidente para América Latina. 

Quatro modelos conceituais, todos elétricos, foram apresentados pela Honda. O mais interessante, Neu-V, aprende as preferências e humor do motorista graças à IA. A empresa aproveitou para lançar o novo CR-V híbrido e confirmar que importará do Canadá, em meados de 2018, o excitante cupê Civic Si com motor 1,5-L, turbo de 208 cv e câmbio manual. A marca anunciou que dois terços de suas vendas em 2030 serão de elétricos ou híbridos, sem informar como se dividirá a preferência dos consumidores entre as duas ofertas. Há razões para híbridos predominarem, sem descartar um gerador a combustão no lugar de baterias em tração puramente elétrica. 

Nissan, por sua vez, acertou ao redesenhar o Leaf, primeiro elétrico a tentar um espaço no mercado mundial. Confirmou que vai importá-lo em 2019. Agora tem estilo palatável e capacidade de ser controlado com apenas um pedal para acelerar e frear (pedal de freio continua para casos extremos). A fábrica acredita que por volta de 2025 será possível um automóvel elétrico ter o mesmo preço de um convencional, mas não disse se com ou sem subsídio governamental. Um dos protótipos mais interessantes em exibição é justamente o IM-x, que integra seu conceito de mobilidade inteligente. Entre os convencionais confirmou a volta do X-Trail ao País, um SUV médio que faz falta à marca. 

Como todas as edições do salão japonês, há projetos sobre o inusitado. Destaque desta edição é o Flesby 2, monoposto diferente com grandes almofadas externas que o protegem em pequenas colisões e minimiza ferimentos em caso de atropelamento. 

Carros convencionais também atraem visitantes. O Mazda Vision Coupe Concept antecipa como poderia ser um topo de linha de um fabricante pequeno, em busca de sobreviver. Para muitos, o modelo mais bonito em exibição. 

RODA VIVA

QUANDO chegar ao Brasil, em meados de 2019, primeira picape Mercedes-Benz Classe X vai impressionar pelo requinte de acabamento e alto nível de isolamento acústico. Será produzida na Argentina (compartilha chassi e carroceria com Nissan Frontier e Renault Alaskan) com o mesmo motor a diesel. Mas a topo de gama terá um V-6, 258 cv, 56 kgfm, da própria Mercedes. 

PROGRAMA Brasileiro de Etiquetagem Veicular trará novidades a partir de janeiro de 2018. Considerado como certo mais um aperto para reduzir consumo de combustível (etanol e gasolina), política que deu ótimos resultados até agora com prazos factíveis. Também haverá nova metodologia de cálculo de consumo e duas novas categorias se somarão às 14 atuais. 

HATCH de teto alto, JAC T40 é crossover com surpreendente evolução em estilo por preço muito bom. A marca chinesa explorou materiais mais nobres e melhorou acabamento. Espaço interno e visibilidade (inclusive espelhos) destacam-se. Motor 1,5 L, flex, 125 cv, poderia ter mais potência. A melhorar: sensibilidade da direção e suspensão menos ruidosa em desníveis. 

PERÍODO mínimo de suspensão da carteira de habilitação sobe de um para seis meses a partir do dia primeiro deste mês. Penalidade se aplica para quem acumula 20 ou mais pontos por infrações cometidas em 12 meses. Por outro lado, códigos e nomes de agentes de trânsito responsáveis por autuações estarão disponíveis na internet. Decisão (correta) é do Contran. 

BASF desenvolveu tintas automobilísticas de cores escuras que mantêm a temperatura como se fossem claras. Para o Brasil faz todo o sentido. A empresa oferece no mundo paleta de 2.300 tonalidades. Dois terços da produção usam variações de apenas três cores básicas: preto, cinza e branco. No terço restante destacam-se azul e vermelho. 


PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter:  www.twitter.com/fernandocalmo fernando@calmon.jor.br e www.facebook.com/fernando.calmon2
                                                                                                           

                   


Nenhum comentário:

Postar um comentário