Hoje
surgem novidades
Próximo de iniciar uma nova
relação entre equipes e os proprietários dos direitos comerciais, a F-1 vive
momentos de expectativa que poderão trazer motores mais esbeltos e equipes
enxutas com relação à era que começa em 1º de janeiro de 2021, logo após o fim
do atual Acordo de Concórdia. Mais conhecido o famoso Concorde
Agreement, o documento foi firmado em 1981 entre Bernie Ecclestone, e Jean
Marie Balestre (então presidente o presidente da FIA e da subdivisão FISA,
respectivamente Federação Internacional do Automóvel e Federação Internacional
do Automobilismo Esportivo, que teve vida curta), e ratificado pelas equipes
que disputam a categoria. Mantido praticamente a sete chaves, o documento dita
todos os direitos, deveres e, principalmente, valores que são pagos aos times
que disputam o campeonato mundial da categoria.
Calcado
sobre os métodos de negociação de Ecclestone, o documento certamente sofrerá
profundas alterações: se até então o lucro deveria ser obtido a, no máximo,
médio prazo, a Liberty Media (sucessora do inglês na propriedade dos direitos
comerciais da F-1), pratica o negócio com foco em uma nova era e entende que
haja um natural período de maturação. No universo da categoria, seria como
trocar os pneus de composto ultra macio por outros de dureza média. Ocorre que
tal alteração implica em mudança no acerto de todo o conjunto, algo que as
grandes montadoras só aceitam se as alterações são benéficas aos seus projetos
em curso, e exatamente aqui começam as dificuldades para impor as propostas já
lançadas em caráter mais, ou menos, público.
O que já foi divulgado
abertamente são as alterações previstas para o motor (leia quadro abaixo) , ou
mais exatamente à unidade de potência, nome que surgiu com a adoção do conceito
híbrido. O bloco atual de 1,6 litro, equipado com unidades recuperadoras de
energia térmica e cinética (os MGU-H e MGU-K, respectivamente) e limitado a
funcionar no teto de 15.000 rpm seria mantido com alterações: perde-se o MGU-H
e ganha-se 3.000 rpm. Isso e mais algumas restrições no desenvolvimento e o
aumento no tempo útil de algumas partes compõem um cenário que a Liberty Media
e a FIA consideram importantes para trair novos fabricantes de motores – entre
eles Aston Marin, Cosworth e Ilmor – e agradar ao público por proporcionar
motores mais sonoros.
As discussões mais privadas
focam na limitação de orçamentos das equipes. De acordo com a revista alemã
Auto Motor und Sport um teto de € 150 milhões (quantia ainda em aberto), seria
autorizado para despesas anuais de ordem puramente técnica: contratos com
pilotos e despesas de marketing e promoção não entram nessa conta. Esse número
seria rebaixado gradativamente até que a competitividade das equipes estivesse
equilibrada. Limitar os gastos, e não o número de profissionais (recurso usado
até na Stock Car brasileira) seria uma opção mais prática.
Aparentemente difícil de ser
controlada, tal solução implicaria na criação de um cargo de controlador de
custos em cada equipe e com salário pago pela FIA. Esse profissional teria
acesso às contas do time onde estivesse alocado e direito a circular pela
fábrica com qualquer empregado. Obviamente ninguém gosta de ter um espião e já
houve rejeição à ideia. Ocorre que seis das equipes que disputam
campeonato tem sede administrativa na Inglaterra, onde é possível checar os
livros contábeis de qualquer empresa no serviço público (Company
Register) que pode ser comparado à Junta Comercial que
conhecemos no Brasil. Ferrari, Scuderia Toro Rosso (ambas sediadas na Itália),
Sauber (Suíça) e Hass (Estados Unidos), escapam disso.
No plano
técnico, a questão das mudanças nos atuais motores foi recebida com muitas
reservas pela Renault e Mercedes e com sinais de ameaça por parte da Ferrari
(algo nada novo no esporte). Responsáveis das duas primeiras concordam que
alterar as características técnicas das unidades de potência atuais seria
iniciar um novo projeto, ou seja, novos custos. Mais do que isso, retirar o
recuperador térmico de energia – responsável por 60% da potência gerada pelos
sistemas híbridos -, seria uma solução drástica demais. Para quem está fora e
quer entrar isso eliminaria o principal limitador de novos projetos:
desenvolver um sistema de recuperação de energia térmica envolve tecnologia
avançada e de alto custo, campo onde os grandes fabricantes levam enorme
vantagem sobre empresas de projeto independentes e fabricantes de menor porte.Essa ferramenta e a
implementação de controle financeiro serão votados hoje em reunião que promete
ser das mais movimentadas e que poderá reunir além de dirigentes técnicos da
FIA, Liberty Media, (leia-se F-1), equipes da categoria e fabricantes
interessados. A imposição do limite de custos em caráter experimental em 2018
ou, mais provavelmente, 2019, deverá render boas discussões.
O resumo do motor que poderá
ser usado em 2021:
1.6 Litre, V6 Turbo Híbrido
Limite de rpm alterado de 15.000 para 18.000 visando
melhorar o ruído do motor.
Implementação de parâmetros internos no projeto dos novos
motores para desencorajar soluções de conceito extremo e custosas.
Remoção da unidade recuperador de energia térmica
(MGU-H)
Unidade geradora de energia cinética (turbocompressor) mais
potente e com controle de uso gerenciado pelo piloto e capacidade de armazenar
a energia recuperada por várias voltas e permitindo diferentes estratégias para
sua utilização.
Turbo compressor único com limites para dimensões e peso.
Padronização de acumuladores de energia e controles
eletrônicos.
Incrementação de projetos “plug and play” para itens de
motor, chassi com capacidade para utilização comum.
Incentivar a pesquisa de controles mais rígidos na
regulamentação e quantidade de combustíveis usados.
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