O autódromo do Speed Park, em Franca (SP) foi o lugar onde a história, saudosismo e o entusiasmo de antigomobilistas, de todo o Brasil, puderam mostrar como os veículos fabricados até 1936 se comportam em uma corrida. Isso porque neste último fim de semana de janeiro aconteceu a 3˚ edição do Pé na Tábua – Corrida de Calhambeques.
Foram 60 automóveis na pista, com mais de 70 anos, responsáveis por unir o público presente ao espírito do antigomobilismo. Na temporada 2013 cerca de 1.800 pessoas passaram pelo evento e vivenciaram a história dos automóveis, mas com um diferencial: em vez de irem até os veículos, as pessoas ficaram assistindo as raridades correrem diante delas. O evento bateu recorde de público e inscritos nas categorias.
Entre os veículos, alguns desses calhambeques surpreenderam colecionadores e visitantes, como o Ford T de 1913, o Packard Roadster de 1931, que pertenceu ao pioneiro colecionador de carros antigos: Roberto Lee; o BMW Dixi de 1928, o Renault 1924 e o Hudson 1925. Além das atrações na pista, o Aeroclube de Franca fez a abertura oficial da corrida no domingo com um sobrevoo de aviões antigos.
O Anastácio, caminhãozinho Chevrolet de 1930 que participou dos filmes do caipira mais famoso do Brasil, o Mazzaropi, também esteve presente na corrida. Anastácio e Philaderpho, primo fictício distante do ator e diretor, fizeram a alegria do público e também dos pilotos. Juntos disputaram a categoria Miscelânea, onde veículos de outras marcas, como DeSoto, Chevrolet, Hudson e Packard, corriam juntos.
Disputa
Neste ano o número de automóveis inscritos foi quase o dobro da temporada 2012 e por isso, as categorias tiveram que ser divididas em mais baterias por questão de segurança, já que podem correr somente 10 automóveis por vez.
No sábado, a Marcha Lenta, prova onde o carro que demorar mais tempo para percorrer 100 metros vence, teve 20 veículos participantes. Philaderpho e Anastácio bem que tentaram, mas o Chevrolet 1930 não conseguiu completar o percurso, mesmo com Philaderpho empurrando o caminhãozinho. O vencedor foi a Pick up Ford de 1929 da equipe “Uai Uberaba”, pelo segundo ano consecutivo.
Nelson Piquet |
No domingo, todas as categorias tiveram suas peculiaridades. Na Ford Modelo A, alguns pilotos estavam passeando enquanto outros disputam a cada curva as posições. Os Transplantados pisaram fundo com seus motores mais potentes animando quem estava nos camarotes e arquibancadas.
A categoria Miscelânea traz o charme dos automóveis do começo do século passado, e na pista, eles desfilavam com elegância seus detalhes de cromados e acabamentos. Já na Speed, categoria mais esperada pelo público, Nelson Piquet correu com o seu Lincoln 1927 e fez bonito. A equipe da Clássicos Caslini preparou o Ford Speedster 1929 para tentar o primeiro lugar esse ano, mas, apesar de terem dado trabalho ao tricampeão de Fórmula 1, não foi o suficiente. Nelson Piquet chegou em primeiro e é bicampeão da categoria Speed no Pé na Tábua 2013.
Bastidores
Reconhecido nacionalmente, o Pé na Tábua deste ano teve a presença de competidores de cinco estados. Vieram equipes do Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Junto com os competidores, vieram também equipes e torcedores que lotaram parte da rede hoteleira de Franca. O movimento turístico chamou a atenção do poder público da cidade, que pode dar apoio para as próximas edições do evento.
Presenças ilustres também estavam presentes no Pé na Tábua. A presidente da Sociedade Feminina de Autos Antigos e organizadora do maior evento de carros do Brasil que acontece em Águas de Lindóia, Edenise Carratu competiu como co-pilota da equipe da equipe SFAA. “O sucesso do evento já é tudo isso aqui que estamos vendo”, comentou.
Quem também participou da competição foi o curador do Museu do Automóvel de Brasília, Roberto Nasser. Ele participou da categoria Marcha Lenta, mas não conseguiu subir ao pódio. Apesar disso, ressaltou a importância do Pé na Tábua não como atividade competitiva, mas o seu lado sociocultural. “Muitos colecionadores deixam seus carros presos e só quem tem acesso são amigos e familiares”, apontou. “O evento é importante porque dá a chance de crianças, jovens e adultos terem contato com estes veículos, que fazem parte da história automobilística”.
O Pé na Tábua ressalta a importância de unir o carro antigo e a família. Exemplo disso foi a equipe vinda de Ribeirão Preto, foram quatro automóveis onde avô, filho e netas disputaram as categorias.A família Gabarra emocionou a arquibancada, principalmente durante a prova da Marcha Lenta, onde a família inteira ajudou o Tio Darcy, piloto mais antigo com 89 anos, a percorrer o percurso de 100 metros, empurrando o Chevrolet Phaeton 1928.
Classificação
Prova da Marcha Lenta
1˚ Clarkson Borges Marzola – Ford Pick up 1929 – 1’14’’
2˚ Juan Gabarra – Chevrolet Phaeton 1928 – 1’10’’
3˚ Darcy Gabarra – Chevrolet Phaeton 1928 – 1’02’’
4˚ Paulo Amassado – Ford Speedster 1929 – 1’01’’
5˚ Marina Gabarra – Ford B 1932 – 56’’
Corrida
Ford modelo A
1˚ Jaime Sposito de Souza – Ford Phaeton 1929
2˚ Marcelo Caslini – Ford Phaeton 1929
3˚ Mateus Polizel – Ford Town Sedan 1929
4˚ Clarkson Borges – Ford Phaeton 1929
5˚ Clarkson Borges - Ford Pick up 1929
Miscelânea I
1˚ Família Storani – Buick 1933
2˚ Sérgio Rolim – Ford Roadster 1936
3˚ Murilo Pandolphi – DeSoto 1929
Miscelânea II
1˚ Nilson Carratu – Chevrolet 1927
2˚ Mauro Correia – Hudson 1925
3˚ Mateus Polizel – Ford T 1913
Transplantados I
1˚ Robinson Raimundo – Ford 1929
2˚ Fábio Sinopeli – Ford 1928
3˚ Renato Fonseca “o Vovô” – Ford Pick up 1929
Transplantados II
1˚ Samuel – Ford Sedan 8BA 1934
2˚ Marcelo Chamma – Ford Coupe 1936
3˚ Marcos Shalom – Ford 1929
Speed
1˚ Nelson Piquet – Lincoln 1927
2˚ Marcelo Caslini – Ford Speedster 1929
3˚ Emílio Colonic – Ford Speedster 1931
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