Wagner Gonzalez |
AS PRIMEIRAS GRANDES PERDAS DO ANO
Talvez para preparar a recepção de David Bowie, ícone de uma era de grandes performers, Maria Teresa de Filippis, primeira mulher a disputar um GP de F-1 , e Tyler Alexander, um dos fundadores da McLaren, partiram antes do intérprete camaleão, as primeiras três grandes perdas da temporada. No Rally Dakar, Sébastien Loeb sofreu um espetacular acidente na etapa desta segunda-feira, sem consequências físicas mas sérios danos ao seu Peugeot. Stéphane Peterhsanel e Carlos Sainz, da mesma equipe, ocupam as duas primeiras posições, à frente do MINI de Nasser Al-Attiyah, todos três em acirrada disputa pela vitória.
Na década de 1950 o ambiente da F-1 era reservado à aristocracia europeia
ou a felizardos que tivessem talento ou conta bancária para se aventurar em
circuitos com Siracusa (Itália) ou Porto (Portugal). Tão significativos como
circuitos já desaparecidos dos calendários modernos, essa época teve também a
presença da primeira mulher a disputar um Grande Prêmio oficial: Maria Teresa
De Filippis (11/11/1926 – 8/1/2016), não repetiu na F-1 suas boas atuações em
provas regionais na Itália, mas deixou sua marca ao ser impedida de participar
do GP da França de 1958. Segundo ela declarou em uma de suas últimas
entrevistas, “o diretor da prova me impediu de participar alegando que o único
capacete que uma mulher deve usar é o do salão de cabeleireiro”.
Seu melhor resultado na
categoria foi em uma prova não oficial, o GP de Siracusa desse ano, quando terminou
em quarto lugar na prova vencida por Luigi Musso (Ferrari Dino 246). Nessa e
nas quatro largadas em provas oficiais (Mônaco, Spa, Porto e Monza) ela sempre
conduziu um Maserati 250-F, o de chassi nº 2523. Outra controvérsia que envolve
sua história é seu local de nascimento: em alguns livros consta como Roma e em
outros, mais antigos, aparece Nápoles como sua cidade natal. O que é certo é
que nasceu e morreu na Itália, vivendo seus últimos dias na vila lombarda de
Scanzorosciate. Veja aqui um
depoimento de De Filippis para a Maserati.
O americano Tyler Alexander foi o que o jargão do
automobilismo internacional classifica de “true racer” e que os autoentusiastas
brasileiros chamariam de “tarado”, termo que em tempos da chatice do
politicamente correto leva a grafia “apaixonado”.
Em seus tempos de juventude juntou-se aos irmãos Teddy e
Timmy Mayer e a Peter Revson para disputar corridas nos Estados Unidos e mais
tarde na Europa, sempre responsável pela preparação e desenvolvimento dos
carros. Essa experiência facilitou seu entrosamento com Bruce McLaren quando o
neozelandês fundou sua própria equipe, inicialmente na F-1, depois na Can-Am —
onde era considerado o artífice do domínio que o time exerceu nesta série
memorável —, e mais tarde em Indianápolis, onde a marca venceu com Mark Donohue
(1972) e Johnny Rutherford (1974/1976).
A Indy era um passo planejado
por Bruce McLaren, que não chegou a ver esses triunfos, pois morreu em 2 de
julho de 1970 testando um modelo M8-D no circuito de Goodwood, na Inglaterra.
Isso levou Alexander e Meyer, com alguma ajuda de Dan Gurney, a assumir o
controle da equipe. Eles conquistaram o título de construtores de 1974, quando
Emerson Fittipaldi sagrou-se bicampeão mundial de pilotos e, dois anos mais
tarde, James Hunt repetiria o feito de Emerson.
A partir de então a equipe viveria sua primeira grande
crise, numa época quando um ex-mecânico alçava voos mais altos e após bons
resultados na F-2 e no campeonato BMW Procar, comprar parte da equipe. Esse
personagem levaria a McLaren a outras fases de extremo sucesso e, como a atual,
grandes fracassos: refiro-me a Ron Dennis. Dois longos anos se passaram até que
Alexander abandonasse a equipe voltasse aos EUA, onde desenvolveu dois projetos
com o amigo Meyer: uma equipe de Indycar e o malogrado projeto Beatrice-Ford de
F-1.
A chegada de Ayrton Senna à
equipe McLaren precedeu o regresso de Tyler à equipe que ajudou a fundar.
Também marcou outra época de ouro da escuderia com os títulos de Senna, Mika
Häkkinen e Lewis Hamilton. Conhecido por seu senso de humor apurado, Alexander
também era hábil fotografo, o que lhe rendeu material para dois livros onde ele
mostra sua visão da McLaren através dos anos: “McLaren From The Inside” (David Bull Publishing, ISBN: 978-1-935007-18-0) e “Tyler Alexander: A Life and Times with McLaren” (Tyler Alexander, ISBN: 9781935007210).
Após dominar a primeira fase do Dakar 2016, o francês
Sébastien Loeb sofreu um espetacular acidente na etapa de ontem, entre Salta e
Belén, em território argentino, e em vez de abandonar a prova decidiu continuar
na disputa.
“Nós, eu e meu copiloto
Daniel Elena, viemos aqui para ganhar experiência e é isso que vamos buscar. O
acidente pôs fim à briga pela vitória na geral, mas vamos em busca do que
viemos atrás.”
Ao cruzar um rio, Loeb não visualizou uma depressão e acabou capotando
várias vezes quando faltavam 10 km para o final da especial de 336 km. Para a
equipe Peugeot as esperanças de vitória agora estão nas mãos das duplas
Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cotret e Carlos Sainz/Lucas Cruz, respectivamente
líderes e vice-líderes após a etapa de ontem
Já o esquadrão MINI aposta
nos vencedores de 2015, Nasser Al-Attiyiah/Matthieu Baumel, que venceram ontem.
Os brasileiros Leandro Torres e Lourival Roldan (Polaris UTV) ocupam a 58ª
posição, duas à frente de João Franciosi e Gustavo Gugelmin (Mitsubishi).
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WG
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