terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Walter Gonzalez em Conversa de pista


Wagner Gonzalez

AS PRIMEIRAS GRANDES PERDAS DO ANO‏

Talvez para preparar a recepção de David Bowie, ícone de uma era de grandes performers, Maria Teresa de Filippis, primeira mulher a disputar um GP de F-1 , e Tyler Alexander, um dos fundadores da McLaren, partiram antes do intérprete camaleão, as primeiras três grandes perdas da temporada. No Rally Dakar, Sébastien Loeb sofreu um espetacular acidente na etapa desta segunda-feira, sem consequências físicas mas sérios danos ao seu Peugeot. Stéphane Peterhsanel e Carlos Sainz, da mesma equipe, ocupam as duas primeiras posições, à frente do MINI de Nasser Al-Attiyah, todos três em acirrada disputa pela vitória.

Na década de 1950 o ambiente da F-1 era reservado à aristocracia europeia ou a felizardos que tivessem talento ou conta bancária para se aventurar em circuitos com Siracusa (Itália) ou Porto (Portugal). Tão significativos como circuitos já desaparecidos dos calendários modernos, essa época teve também a presença da primeira mulher a disputar um Grande Prêmio oficial: Maria Teresa De Filippis (11/11/1926 – 8/1/2016), não repetiu na F-1 suas boas atuações em provas regionais na Itália, mas deixou sua marca ao ser impedida de participar do GP da França de 1958. Segundo ela declarou em uma de suas últimas entrevistas, “o diretor da prova me impediu de participar alegando que o único capacete que uma mulher deve usar é o do salão de cabeleireiro”.

Seu melhor resultado na categoria foi em uma prova não oficial, o GP de Siracusa desse ano, quando terminou em quarto lugar na prova vencida por Luigi Musso (Ferrari Dino 246). Nessa e nas quatro largadas em provas oficiais (Mônaco, Spa, Porto e Monza) ela sempre conduziu um Maserati 250-F, o de chassi nº 2523. Outra controvérsia que envolve sua história é seu local de nascimento: em alguns livros consta como Roma e em outros, mais antigos, aparece Nápoles como sua cidade natal. O que é certo é que nasceu e morreu na Itália, vivendo seus últimos dias na vila lombarda de Scanzorosciate. Veja aqui um depoimento de De Filippis para a Maserati.

O americano Tyler Alexander foi o que o jargão do automobilismo internacional classifica de “true racer” e que os autoentusiastas brasileiros chamariam de “tarado”, termo que em tempos da chatice do politicamente correto leva a grafia “apaixonado”.

Em seus tempos de juventude juntou-se aos irmãos Teddy e Timmy Mayer e a Peter Revson para disputar corridas nos Estados Unidos e mais tarde na Europa, sempre responsável pela preparação e desenvolvimento dos carros. Essa experiência facilitou seu entrosamento com Bruce McLaren quando o neozelandês fundou sua própria equipe, inicialmente na F-1, depois na Can-Am — onde era considerado o artífice do domínio que o time exerceu nesta série memorável —, e mais tarde em Indianápolis, onde a marca venceu com Mark Donohue (1972) e Johnny Rutherford (1974/1976).

A Indy era um passo planejado por Bruce McLaren, que não chegou a ver esses triunfos, pois morreu em 2 de julho de 1970 testando um modelo M8-D no circuito de Goodwood, na Inglaterra. Isso levou Alexander e Meyer, com alguma ajuda de Dan Gurney, a assumir o controle da equipe. Eles conquistaram o título de construtores de 1974, quando Emerson Fittipaldi sagrou-se bicampeão mundial de pilotos e, dois anos mais tarde, James Hunt repetiria o feito de Emerson.

A partir de então a equipe viveria sua primeira grande crise, numa época quando um ex-mecânico alçava voos mais altos e após bons resultados na F-2 e no campeonato BMW Procar, comprar parte da equipe. Esse personagem levaria a McLaren a outras fases de extremo sucesso e, como a atual, grandes fracassos: refiro-me a Ron Dennis. Dois longos anos se passaram até que Alexander abandonasse a equipe voltasse aos EUA, onde desenvolveu dois projetos com o amigo Meyer: uma equipe de Indycar e o malogrado projeto Beatrice-Ford de F-1.

A chegada de Ayrton Senna à equipe McLaren precedeu o regresso de Tyler à equipe que ajudou a fundar. Também marcou outra época de ouro da escuderia com os títulos de Senna, Mika Häkkinen e Lewis Hamilton. Conhecido por seu senso de humor apurado, Alexander também era hábil fotografo, o que lhe rendeu material para dois livros onde ele mostra sua visão da McLaren através dos anos: “McLaren From The Inside” (David Bull Publishing, ISBN: 978-1-935007-18-0) e “Tyler Alexander: A Life and Times with McLaren” (Tyler Alexander, ISBN: 9781935007210).

No Dakar Loeb troca vitória por experiência
Após dominar a primeira fase do Dakar 2016, o francês Sébastien Loeb sofreu um espetacular acidente na etapa de ontem, entre Salta e Belén, em território argentino, e em vez de abandonar a prova decidiu continuar na disputa.

“Nós, eu e meu copiloto Daniel Elena, viemos aqui para ganhar experiência e é isso que vamos buscar. O acidente pôs fim à briga pela vitória na geral, mas vamos em busca do que viemos atrás.”

Ao cruzar um rio, Loeb não visualizou uma depressão e acabou capotando várias vezes quando faltavam 10 km para o final da especial de 336 km. Para a equipe Peugeot as esperanças de vitória agora estão nas mãos das duplas Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cotret e Carlos Sainz/Lucas Cruz, respectivamente líderes e vice-líderes após a etapa de ontem

Já o esquadrão MINI aposta nos vencedores de 2015, Nasser Al-Attiyiah/Matthieu Baumel, que venceram ontem. Os brasileiros Leandro Torres e Lourival Roldan (Polaris UTV) ocupam a 58ª posição, duas à frente de João Franciosi e Gustavo Gugelmin (Mitsubishi).


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WG

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