Alta Roda nº 959/309 – 21 /09 /2017
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Fernando Calmon |
Ausência de dez marcas no maior salão de automóveis do
mundo, o de Frankfurt, na Alemanha, aberto até o próximo dia 24, levou ao
debate se esse tipo de exposição estaria em crise. Há exagero nessa suposição.
Maioria das desistentes nada tinha a mostrar ou sua presença é fraca no mercado
alemão. Claro que organizadores de exposições precisam reagir, mas os salões
ainda atraem multidões, despertam sonhos e indicam tendências.
Daqui para frente alternativas de mobilidade, conectividade e novas tecnologias
responsáveis por mudanças disruptivas no modo como os veículos são dirigidos e
tipo de propulsão, tendem a deixar visitantes ainda mais interessados sobre o
futuro. Eles se dividem entre o Bugatti Chiron W-16, que exibe num telão ser
capaz de acelerar de zero a 400 km/h e parar em pouco menos de 42 segundos, e o
minúsculo smart Fortwo que terá apenas propulsão elétrica ao fim desta
década.
Sem esquecer de híbridos, como o supercarro esporte Project One apresentado
pela Mercedes-Benz. Motor a gasolina vem da F-1 e a potência combinada com
quatro elétricos supera 1.000 cv. Apenas 275 unidades serão produzidas ao preço
estimado, na Europa, de € 2,275 milhões (R$ 8,5 milhões). Para contrastar, a
marca alemã exibiu ao seu lado o EQA, visão de um futuro Classe A
elétrico.
Audi, por sua vez, embalada pelo novo A8, primeiro modelo no mundo homologado
no nível 3 de automação (motorista não precisa tocar em pedais e volante até 65
km/h), apresentou dois automóveis conceituais. O Elaine tem nível 4 e mantém os
comandos apenas para situações específicas, enquanto o Aicon se enquadra no
nível 5 de autonomia absoluta, sem pedais e volante. Ambos são muito elegantes,
sem rompantes estilísticos.
BMW indicou como será o seu futuro elétrico i5, sedã-cupê grande de quatro
portas, ainda sem todas as definições de desenho. Outros dois cupês demonstram
que os carros convencionais estarão presentes ainda por bom tempo. Tanto Z4
quanto Série 8 enchem os olhos pelo equilíbrio de linhas.
Em atitude de virar a página do triste episódio dos motores diesel fora dos
limites de emissões, revelado na edição anterior do Salão de Frankfurt (2015),
a Volkswagen continuou a defender suas soluções movidas a bateria. Mostrou
versões evoluídas do monovolume Sedric e do crossover I.D. Crozz II, este bem
mais próximo da versão definitiva. A empresa pretende lançar 30 modelos
elétricos e eletrificados até 2025 na maior guinada técnica de sua história.
Modelos de mecânica tradicional também eletrizam a audiência. Caso do
inteiramente novo Ferrari Portofino, conversível de teto retrátil rígido
sucessor do California T e motor V8 de 600 cv. Bentley Continental GT também
estreia nova geração, de estilo ainda mais apurado e motor W12 de 635 cv. A
Porsche destaca a terceira geração do “utilitário” esporte Cayenne responsável
pela febre de SUV irradiada entre concorrentes diretos e indiretos. SUV Jaguar
E-Pace é um dos estreantes no Salão.
Dacia Duster surgiu em nova geração que vai inspirar o Renault homônimo
produzido no Paraná, dentro de dois anos, com as devidas adequações ao mercado
brasileiro. Já o Citroën C3 Aircross impressionou bem por ser um todo novo SUV
compacto de linhas modernas e equilibradas, mas sem previsão de produção
aqui.
RODA VIVA
TOYOTA confirmará na próxima semana expansão de modelos produzidos no
Brasil. Depois de muitas negativas anunciará oficialmente o Yaris (hatch) e
Vios (sedã) que estarão à venda no segundo trimestre de 2018 na concorrida
faixa dos compactos entre R$ 50.000 e R$ 75.000. Não utilizarão, porém, a
plataforma TNGA que estreia no novo Corolla apenas em 2019.
SIMPÓSIO Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), em sua 25ª edição
semana passada em São Paulo, focou na necessidade de o Brasil se inserir na
rota tecnológica mundial de veículos híbridos e, em etapa mais distante,
elétricos. Equação bem difícil de resolver pois tudo é muito caro. Voltou à
baila a pilha a hidrogênio (energia elétrica a partir de etanol).
AUDI TT RS tem desempenho muito forte com o motor 5-cilindros (único a
gasolina em produção atualmente no mundo), 2,5 litros turbo, 400 cv e tração
4x4. Em autoestradas alemãs encarou modelos mais potentes por ser menor e mais
leve. Vai de 0 a 100 km/h em 3,6 s, apenas um décimo de segundo a mais do que,
por exemplo, o Ferrari Portofino de potência 50% superior.
RECURSOS de segurança como seis airbags, ESC (controle de trajetória),
faróis e luzes diurnas de LED estão na atualização de meia geração do Fit 2018.
Para-choques maiores (2 cm na frente 8 cm atrás) vão além da função estética,
pois protegem melhor a carroceria em pequenas colisões. De R$ 58.700,00 a R$
80.900. Aumento foi inferior aos itens agregados.
MARCAS japonesas continuam a desenvolver motores de ciclo otto de alta
tecnologia, independentemente dos elétricos. Em 2016 a Infiniti (divisão de
luxo da Nissan) e agora a Toyota apostam em taxas de compressão variáveis. É
recurso ideal para motores flex. Mazda avançou mais com redução de 30% no
consumo de gasolina ao adotar ciclo misto (otto e diesel).
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br),
jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
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