Wagner Gonzalez |
Chá das cinco anda meio morno
Duas pistas deverão deixar o calendário em 2020,
Silverstone é uma delas
Não é só o GP do Brasil que está ameaçado de perder sua
vaga no calendário do Campeonato Mundial de Fórmula 1. O GP da Grã-Bretanha,
que acontece domingo no autódromo de Silverstone, é um dos quatro que poderá
ser excluído da temporada 2020, que começa dia 15 de março em Melbourne, na
Austrália. As demais etapas que estão em situação similar são as da Alemanha,
Espanha e México; duas delas certamente não farão parte da temporada do ano que
vem pois dá-se como certo a entrada dos GPS da Holanda e do Vietnam.
O assunto calendário deverá ser um tópico importante das
conversas do fim de semana no traçado de Northamptonshire, ponto de
convergência de todas as equipes da categoria, exceção da Ferrari – que fica em
Maranello (Itália) da Toro Rosso (Sediada em Faenza, Itália) e da Alfa Romeo
Sauber (baseada em Hinwill, arredores de Zurique. A permanência dessa pista
surgida em um aeródromo da Segunda Guerra Mundial, movimenta uma frente
política suprapartidária liderada por Sir Jeffrey Donaldson, embaixador
parlamentar do Reino Unido para o Esporte a Motor, atividade responsável por
parte significativa do PIB do Reino Unido.
Na semana passada Donaldson e representantes do
Parlamento britânico reuniram-se com Chase Carey, o executivo maior da FOM,
para discutir a continuidade do GP nacional. O gerente geral do circuito de
Silverstone, Stuart Pringle, não esconde suas críticas ao que considera
“postura gananciosa” da FOM, em outras palavras, uma taxa com reajuste anual
muito acima da inflação local e que pode acabar na não renovação do contrato
que termina este ano. Se Pringle deixou claro que o preço do GP está aquém das
suas possibilidades e nada indica que a FOM esteja disposta a aceitar uma
redução no seu preço, a corrida do próximo fim de semana pode ser a última em
Silverstone. Um circuito de rua em Londres pode ser a solução, mas montar
traçado em uma cidade cujo trânsito é caótico não parece ser algo factível.
Alguns pilotos já deram declarações em prol da permanência de Silverstone,
entre eles o inglês Lewis Hamilton, líder da temporada, e Max Verstappen,
vencedor do GP da Áustria, disputado há cerca de 10 dias.
Para acomodar as novas corridas em Zandvoort e
Ho-Chi-Ming e não aumentar o total de 21 etapas pelo menos dois países deverão
ser limados no calendário de 2020. A falta de apoio político nas prefeituras de
Barcelona e da Cidade do México pode muito bem acabar com essas provas; a
Alemanha, que também esteve ausente do calendário em anos recentes, é outra
opção para sair do calendário. Se no Reino Unido os políticos locais lutam para
manter a prova, na Alemanha a Mercedes seria uma possível força econômica para
garantir a permanência no país na F-1.
Num cenário mais técnico da categoria a equipe Williams
ganhou proeminência nos últimos dias: na sexta-feira foi confirmado o
desligamento de Paddy Lowe, contratado a peso de ouro da Mercedes mas que não
conseguiu entregar os resultados esperados. Após o fracasso da equipe desde o
início da temporada de 2018, Lowe desgastou-se e entrou em processo de
fritura. Temporariamente seu posto é ocupado pelo projetista Doug McKiernan e
já se comenta que Pat Fry, recém desligado da McLaren, poderá ser anunciado em
breve como novo integrante do time de Grove.
Após o GP da Grã-Bretanha, cujos treinos começam na manhã
de sexta-feira, estão previstos testes de pneus em Silverstone. Nas provas
finais da temporada é possível que pilotos possam utilizar pneus projetados para
a temporada de 2020. A possibilidade cresce caso os campeonatos de pilotos e
construtores estejam decididos com algumas provas de antecipação, cenário
bastante provável dada a superioridade da equipe Mercedes. Num cenário que
envolve a Mercedes e a Williams circulam boatos de um provável divórcio entre
ambas ao final deste ano. A partir de 2020 o time inglês passaria a contar com
mecânica fornecida pela Renault. Esta medida serviria para dar apoio ao
construtor francês nas discussões técnicas e abrir espaço para testar pilotos
em fase de formação.
Caso a previsão se concretize o inglês George Russell,
protegido da Mercedes, poderia perder seu lugar no time atual de Frank
Williams. Da mesma forma, a Renault teria com implementar o desenvolvimento o
V-6 francês e de pilotos franceses ainda em fase de amadurecimento.
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