terça-feira, 12 de novembro de 2013

Conversa de pista com Wagner Gonzalez


Wagner Gonzalez
Estivéssemos falando do Brasil da era Lula e caberia muito bem o chavão “Nunca antes na história deste País…”, mas como o personagem em questão é um certo octagenário de nome Bernard Charles Ecclestone é pouco prudente usar esse expediente. Afinal, muitas vezes na história da F1 a partir dos anos 1970 esse inglês que completou 83 anos no último 28 de outubro já foi dado como vencido e derrotado, prognóstico jamais consumado. Desta vez a possibilidade de uma mudança radical no reino que ele comanda com mão de ferro, inteligência superior e poder inabalável parece menos figurativa e mais punitiva: em audiência na Alta Corte de Londres Bernie teria admitido que comprou os votos de Alain Prost, Eddie Jordan e Tom Walkinshaw para assinar o Acordo de Concórdia de 1998 em troca de U$ 10 milhões para cada um.

Tivesse o dinheiro sido pago em contas bancárias das equipes Prost Grand Prix, Jordan e Arrows, respectivamente, e não na conta pessoal destes envolvidos a situação poderia ter contornos diferentes no julgamento em questão. Como além desse caso a Justiça alemã também analisa o pagamento de um pagamento U$ 10 milhões maior que a soma desses “investimentos” a Gerhard Gribkowsky. Este banqueiro alemão teria trabalhado para que a venda das ações da FOM fosse fechada com a CVC Partners (nenhuma relação com a empresa brasileira de turismo) e não com outra interessada nesse investimento. Gribkowsky agora colocou pimenta em cima do dendê desse vatapa e através dos seus advogados afirmou que sofreu coação física de Bernie para aceitar a propina e o acordo.

É provável que em algumas semanas o caso se desenrole mais e fique mais claro o futuro do homem forte da F1, que vê ainda outras mazelas vivendo momentos de Fênix. O inglês Nigel Stepney, principal envolvido na venda dos segredos da Ferrari para a McLaren na temporada de 2007 e agora reaparece no mundo dos Grandes Prêmios declarando que a Scuderia usou um fundo ilegal em seus carros para vencer o GP da Austrália de 2007 com Kimi Räikkönen. A Ferrari, todos que seguem a F1 sabem, tem privilégios na suas negociações com Ecclestone.

Enquanto isso o mundo da F1 vai dando seus retoques finais no elenco para a temporada de 2014 e ontem (11/11) foi anunciado que Felipe Massa vai pilotar para a equipe Williams no ano que vem. Na edição de 17/09 esta coluna considerou o acordo entre Massa e o time inglês como uma das mais prováveis para garantir o brasileiro na F1, como se pode ver clicando aqui. Ao que tudo indica o contrato assinado é válido para a temporada de 2014 apenas, porém é lícito acreditar que a Williams Grand Prix Engineering (WGPE) tenha opção prioritária na definição do futuro de Massa no que se refere a 2015.

A WGPE tem sede em Groove, pequena vila no Condado de Durham, na Inglaterra e ocupa as antigas instalações de uma indústria farmacêutica. Em 2011, quando fez uma oferta pública de ações (IPO) na Bolsa de Frankfurt, a equipe estava avaliada em € 265 milhões, valor que variou em função dos parcos resultados desde então; esta variação foi amenizada pelos resultados das empresas ligadas ao grupo (Williams Advanced Engineering, Williams Hybrid Power e Williams Technolog Center, esta última instalada no Catar). Todas elas exploram a tecnologia desenvolvida nas pistas e aplicadas em uso civil.

A oferta na bolsa alemã tem, claramente, o dedo de Toto Wolff, ex-diretor da Benz e acionista minoritário da WGPE. Wolff também foi importante na obtenção dos motores Mercedes-Benz que equiparão os carros de Massa e seu companheiro de equipe – o finlandês  Valteri Bottas -, em 2014. Não é demais lembrar que Bottas tem sua carreira administrada por…Toto Wolff.Com Massa garantido na Williams e o mexicano Sérgio “Checco” Pérez à beira de perder o lugar na McLaren para o dinamarquês Kevin Magnussen o mercado de pilotos da F1 vive momentos de euforia e de alforria. Sob a alegação da necessidade de uma cirurgia na coluna o finlandês Kimi Räikkönen não disputará os GPs dos EUA e do Brasil e ainda não se sabe quem o substiruirá nessas corridas. Sua vaga na Lotus deveria ser preenchida pelo piloto reserva do time, o italiano Davide Valsecchi (campeão da GP2 em 2012), mas… Muito provavelmente a vaga será decidida na base do quem dá mais. Não será surpresa se aparecer um piloto pagante para sentar na barata número 7; se este número sempre lembra a família Fittipaldi, em especial Emerson, vale lembrar que ainda é muito cedo para o neto do bicampeão mundial chegar à F1…

Se Valsecchi corre riscos de não ter a chance de acelerar em Austin e em Interlagos, menos chances ele tem de ser promovido a piloto titular em 2014. Perez, Pastor Maldonado e Nico Hulkemberg tem mais mais bala na agulha (nos dois primeiros casos) e dólares de patrocinadores para impressionar a direção da Lotus. Das outras vagas ainda disponíveis no mercado s que ainda oferece uma dose homeopática de disputar posições na parte menos nobre dos top 10 é a Force Índia. Isto deixa a Sauber naquela situação entre o eu-já-sabia e não-dava-para-piorar: a temporada de 2014 foi uma das piores na história do time de Hinwill, que corre sérios riscos de fechar caso o resultado do ano que vem seja tão fraco quanto o desta temporada.

Mais Carrera Panamericana em breve

De volta ao Brasil após uma viagem pela costa Oeste dos EUA, México e Perú já estou compilando as fotos e vídeos amadores que relatam o clima da Carrera Panamericana. Para aguçar a curiosidade, veja uma passagem da Alfa Romeo Giulia dos norte-americanos Martin Lauber e Mark Colbert  clicando aqui.

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