Qual fonte de energia escolher para que o automóvel
conquiste sua melhor eficiência energética? Responder essa pergunta não é uma
tarefa fácil. É preciso compreender que a engenharia muito tem trabalhado nas
inovações tecnológicas em motores convencionais do ciclo Otto / Diesel buscando
o justo equilíbrio entre três pilares fundamentais: emissões (contexto social e
normativo), economia (combustível e custos) e desempenho (fun-to-drive). No
momento atual que vivemos, a agroenergia surge como forte e importante
alternativa ao combinar esses três fundamentos com as novas tecnologias.
E a boa notícia é que o Brasil é referência na produção
de agroenergia, onde assumiu a liderança mundial na geração e na implantação de
modernas tecnologias para sua produção. Programas como os do etanol e do
biodiesel atraem a atenção do mundo por ofertar alternativas econômica e
ecologicamente viáveis à substituição dos combustíveis fósseis. Menos poluente
e mais barata, esse meio de geração de energia representa a segunda principal
fonte de energia primária do País.
Quando nos referimos ao automóvel, verificamos sua rápida
evolução tecnológica no melhor aproveitamento energético, desde os motores com
utilização de combustível derivado do petróleo, os sistemas de injeção
eletrônica, common rail, drive-by-wire, GNV, variador de fases, flex fuel,
tetrafuel, multiair, downsizing, injeção direta, turbo, multijet e já como
visão de futuro temos as tecnologias híbridas, elétricas, plug-in e híbridos
plug-in. Em comum todas essas tecnologias necessitam de energia, que pode ser
conquistada por várias fontes, entre elas a cana-de-açúcar.
Desde 1925, quando os primeiros testes utilizando etanol
como combustível veicular começaram a acontecer no Brasil, observamos uma
evolução constante na aplicação dessa fonte energética, conforme a linha do
tempo abaixo:
1931 – Etanol começa a ser misturado na gasolina
brasileira (3 a 5%);
1975 – Governo lança o Programa PROÁLCOOL;
1979 – Início da produção de veículos movidos
exclusivamente a etanol;
1985 – Veículos a etanol atingem 95% das vendas de
veículos leves;
2003 – Início da produção de veículos Flex Fuel;
2013 – Produção brasileira de Flex Fuel alcança o recorde
anual de 2,45 milhões de veículos produzidos e ultrapassa a marca de 17,5
milhões de veículos produzidos desde seu lançamento.
Temos assim a energia natural, limpa, e sustentável como
alternativa aos combustíveis fósseis. Comparado com a gasolina, o etanol reduz
em mais de 80% a emissão de gases de efeito estufa em todo o ciclo de produção
e consumo. No Brasil temos uma média de emissão de CO2 de 80 g/km rodado,
enquanto na Europa esse valor é 60% superior. Realizando uma comparação mais
direta, 1.000 litros de etanol consumidos geram 309 kg de CO2. O mesmo volume
de gasolina produz 3.368 kg de CO2.
Dessa forma a agroenergia derivada da cana-de-açúcar
atinge o pilar das emissões. Ao considerarmos seu efeito na economia, novos fatores
passam a desempenhar um papel importante. Apesar da área plantada consumir
apenas 10% da área agricultável atual no Brasil, sem haver conflitos com a
produção de alimentos ou com áreas de proteção ambiental, pesquisas recentes
destacam o etanol de segunda geração.O etanol de segunda geração pode ser feito
a partir de um processo que transforma a celulose em glicose, usando enzimas
especiais, seguidas por um processo de fermentação. A nova tecnologia viabiliza
no Brasil a produção de etanol de bagaço e palha de cana-de-açúcar,
aproveitando resíduos das usinas que hoje fazem o etanol de primeira geração.
Hoje, um canavial muito bom produz 8.000 litros de etanol
por hectare. Com o etanol de segunda geração, o objetivo é aumentar a produção
em até 50% sem plantar um único pé a mais. Atualmente, o bagaço e a palha são
usados para a geração de vapor e eletricidade nas usinas, tornando-as
autossuficientes em energia. Algumas usinas também exportam a energia excedente
para a rede elétrica. A tecnologia, que até o momento é realidade no Brasil
apenas em projetos experimentais, é a grande aposta das gigantes Raízen, joint
venture entre Shell e Cosan, e a Granbio, para ampliar a produção de etanol. As
fábricas das duas empresas já estão em construção e a previsão é que comecem a
produzir o combustível em escala comercial ainda em 2014.
A produção de energia elétrica com o bagaço de cana de
uma safra daria para iluminar o Rio de Janeiro durante 1 ano. A produção de
etanol de segunda geração com o bagaço de cana daria para abastecer a frota de
São Paulo durante 1 ano.Para fechar o terceiro e último pilar devemos
considerar o desempenho do veículo, onde a engenharia procura uma convergência
de inovações. Com a aplicação do gerenciamento eletrônico das válvulas de admissão
verificamos uma redução de 10% no consumo e também na emissão de CO2. Já o downsizing
radical com turbo e gerenciamento eletrônico das válvulas de admissão permite
uma redução de 25% no consumo e emissões de CO2.
A alternativa mais eficiente consiste na utilização de
uma transmissão com dupla embreagem (dual clutch híbrida), downsizing radical
com turbo e gerenciamento eletrônico das válvulas de admissão, que permitem um
ganho de 40% na redução do consumo do etanol e emissões de CO2.Surge dessa
forma uma alternativa aos combustíveis fósseis. Limpa, sustentável e eficiente
- A agroenergia trata do conjunto de produtos derivados da biomassa, que podem
ser transformados em fontes energéticas para usos humanos distintos –
eletricidade, calor e transporte. O Brasil por suas características de país
tropical e extenso território apresenta condições inigualáveis para ocupar um
importante papel no mundo contemporâneo neste segmento.
O crescente aumento do preço do petróleo, a possível
instabilidade de suprimento dado que as maiores reservas estão em áreas de
conflito, o risco das alterações climáticas derivadas da liberação excessiva de
gases de efeito estufa pelo elevado consumo de combustíveis fósseis, recomendam
a busca de alternativas energéticas menos poluentes e com perspectivas de
renovação continuada.
MECÂNICA ONLINE
Downsizing – Termo cada vez mais comum usado pelas
fabricantes de veículos significa em português, redução de dimensões, onde
temos veículos com motores menores, mas mantendo a potência equivalente ou
superior à de seus antecessores. Essa nova tendência faz com que a escolha por
um carro novo seja mais baseada na potência e no torque do motor, e não mais
pela cilindrada.
Roubo – A cada 100 carros no Brasil, pelo menos um será
roubado, alerta levantamento realizado pelo Grupo BB E MAPFRE. Conforme o
índice de roubo e furto ocorridos entre os meses de outubro de 2012 a setembro
de 2013 em todo o Brasil, a região Sudeste, com maior frota segurada, lidera o
ranking. Nesse período, quase 15 mil automóveis foram levados, uma relação de
1,24 veículos roubado ou furtado a cada 100. Em segundo lugar está a região
Nordeste, com o registro de 2,7 mil sinistros.
Up! – O hatch compacto da Volkswagen que teve seu
lançamento no início desse mês de fevereiro, conforme adiantou a coluna, vai
além do design inovador. Ele utiliza o moderno motor 1.0 de três cilindros com
potência máxima de 82 cv com etanol, recebeu classificação “A” no Programa
Brasileiro de Etiquetagem Veicular do INMETRO, entre os veículos equipados com
ar-condicionado e direção assistida (referência janeiro/2014), também possui
menor custo de reparabilidade e surge como o mais seguro da categoria: cinco
estrelas na proteção de adultos e 4 estrelas na proteção de crianças no Latin
NCAP.
Tarcisio Dias – Profissional e Técnico em Mecânica, além de
Engenheiro Mecatrônico e Radialista, é gerente de conteúdo do Portal Mecânica
Online® (www.mecanicaonline.com.br) e desenvolve a Coleção AutoMecânica.
E-mail: redacao@mecanicaonline.com.br
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