terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Wagner Gonzalez - Conversa de box

Felipe Nasr é confirmado como piloto reserva da Williams e a F-1 abre espaço para as mulheres


Wagner Gonzalez
Terminada a segunda sessão de treinos de pré-temporada da F-1 os motores Mercedes continuam mostrando superioridade frente aos rivais Ferrari e Renault tanto em desempenho quanto em confiabilidade. Dos 24 pilotos que foram à pista do Bahrain os motores alemães impulsionaram sete dos dez mais rápidos, incluindo Felipe Massa (oitavo) e a dupla da equipe de fábrica, com Nico Rosberg liderando Lewis Hamilton. Esta semana a categoria realiza a sua terceira e última fase de avaliações,  entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março,  antes do início do campeonato, 16 de março, na Austrália. Mais do que experimentar novas soluções de aerodinâmica e suspensão essas provas vão definir a especificação dos motores para a toda a temporada, parâmetro que deve ser apresentado à Federação Internacional do Automóvel, a FIA até o último dia deste mês.


Ainda que as primeiras conclusões mais realistas só possam ser esperadas por ocasião da primeira corrida do ano, quando os carros deverão obrigatoriamente estar de acordo com o regulamento de 2014, os números de Bahrain dão indícios do que cada equipe poderá apresentar este ano.  A confiabilidade e o desempenho dos motores Mercedes, por exemplo, é visivelmente superior quando se considera o total de quilometros percorridos por marca de motor e por cada piloto que usa o mesmo propulsor. Nesta tabela o V-6 alemão fabricado em Brixworth (onde funcionava a Ilmor), Inglaterra, completou 6.207,56 km, somando-se a distância percorrida por cada um dos nove pilotos que usaram esse equipamento:  Nico Rosberg e Lewis Hamilton (Mercedes), Kevin Magnussen e Jenson Button (McLaren), Felipe Massa, Valteri Bottas e Felipe Nasr (Williams), e Nico Hulkenberg e Sérgio Pérez (Force India). Dentre estes Rosberg (941,7), Hamilton (763,1), Button (914,6), Hulkenberg (741,4) e Bottas (925,5) andaram acima da média percorrida por cada piloto, exatos 689,73 km. Magnussen (687,3),  Massa (351,8), Pérez (411,3) e Nasr (470,8), ficaram abaixo desse referencial, sendo que o dinamarques praticamente igualou esse número. 

Pode-se concluir que além de resistência os carros da Mercedes e da McLaren também mostraram velocidade, o que os destaca em relação aos monopostos da Williams e Force India. Vale salientar que entre os quatro melhores - Rosberg (1m33s283), Hamilton (1m34s263), Magnussen (1m34s910) e Button (1m34s957) - apenas o dinamarques usava pneus de composto super macio, o que evidencia o desempenho superior dos carros alemães frente aos ingleses e a tocada mais eficiente do campeão mundial de 2009 em relação ao estreante de 2014.  Isso deixa claro o melhor equilíbrio do chassi alemão em comparação ao inglês. Hulkenberg foi o maior destaque da Sauber :no segundo dia de treinos marcou 1m6s445, com pneus macios novos, atrás de Magnussen (que usava super macios) e Alonso (1m36s516) com pneus macios usados. 

No batalhão da Scuderia a performance de cada piloto foi bem mais variada, o que demonstra diferentes especificações dos motores: em termos de quilometragem percorrida apenas Alonso (871,3 km) e Gutiérrez (817,2) superaram a média da relação piloto/motor, índice de 691,83 km); uma possível conclusão é que esses pilotos concentraram seus trabalhos na durabilidade do equipamento. Sutil (481,7 km), Chilton (113, 7 km) e Bianchi (32,5 km) ficaram significativamente abaixo e Räikkönen (681,9 km) só não superou porque bateu forte no último dia de treinos. O melhor tempo de Gutiérrez foi seis e quatro décimos mais lento que os obtidos pelo espanhol e pelo finlandês, respectivamente, o que indica que a confiabilidade ainda é um problema para a Sauber: o carro de Sutil teve problemas que atrapalharam sua agenda de trabalho. Mesmo que não se possa esperar da Marussia um desempenho sequer próximo à equipe suíça vale salientar que o software de seus carros e material de box sofreram com um vírus que atacou o software usado pela equipe.


No pelotão da Renault ainda não foram resolvidos os problemas detectados na gestão eletrônica do V6 francês: panes que passam pelo gerenciamento eletrônico do software da unidade de potência (conjunto do motor e dos recuperadores de energia) e pela refrigeração desse complexo. Já ficou claro para vários engenheiros e projetistas que além da gestão criteriosa da quantidade de combustível a bordo (100 kg), a temperatura nos ambientes de trabalho das unidades de potência será um ponto chave para se obter bons resultados este ano. Pelotão como maior número de soldados -  Pastor Maldonado (1m38s707, 460 km), Dany Kvyat (1m38s974, 460 km), Daniel Ricciardo (1m39s837, 232,7 km), Kamui Kobayashi (1m39s855, 449,2 km), Sebastian Vettel (1m40s224, 395,1 km), Jean-Eric Vergne (1m40s472, 416,7 km),  Romain Grosjean (1m41s670, 140,7 km), Marcus Ericsson (1m42s130, 530,4 km) e Robert Frijns (1m42s524, 368 km) tiveram dificuldades em conseguir quilometragem próxima a dos rivais.

A distância média percorrida pelos carros com motor Renault foi a pior média dentre os três motores em ação: 383,65 km, praticamente 55% do índice dos pilotos com carros impulsionados por motores Ferrari e Mercedes.  As declarações de Rob White deixam evidente que a integração entre chassi e motor é um ponto crucial para a solução dos males que afligem Lotus, Toro Rosso, Red Bull e Caterham, equipes ligadas à Renault.“Após Jerez fizemos inúmeras modificações no sistema de armazenamento de energia, o que incluiu o hardware, soluções de engenharia, fornecedores, montagem e logística. Também tivemos dois níves de gerenciamento das unidades de potência, sendo que o segundo melhorou o desempenho e a dirigibilidade dos carros e uma melhor integração de todos os sistemas ligados a essa unidade”, admitiu White, ainda no Bahrain.  
Os carros voltam à pista na próxima quinta-feira para uma nova sessão de quatro dias de testes e a McLaren já informou que a especificação dos carros de Button e Magnussen será a mesma que será usada em Melbourne, na abertura do campeonato.

Felipe Nasr na Williams
A chegada do Banco do Brasil como um dos patrocinadores da equipe Williams ajudou a pavimentar o caminho do brasileiro Felipe Nasr ao posto de piloto reserva e de testes da organização fundada por Frank Williams, reforçando os laços com o País já conhecidos através da presença de Felipe Massa e da Petrobras. Nasr, que vem de uma família com boas referências no automobilismo nacional – seu pai Samir e seu tio Amir gerenciam a Amir Nasr Racing, equipe com sede no Autódromo de Brasília -, tem um bom retrospecto no kart brasileiro e nas categorias européias de F-BMW, F-3 e GP2.  Pelo acordo Nasr terá participação em três sessões de testes e cinco sessões matinais às sextas-feiras em etapas (ainda não definidas) do Mundial de F-1. Não foi informado a extensão do contrato entre o brasileiro e a equipe Williams, todavia a condição de piloto reserva é um facilitador para substituir Felipe Massa ou Valteri Bottas caso um deles fique impossibilitado de disputar um GP este ano.

Resultados dos testes no Bahrain

Posição/Piloto/País/Chassi-Motor/Melhor tempo/Total de voltas/Dia do melhor tempo

1) Nico Rosberg, Alemanha, Mercedes AMG W05-Mercedes, 1m33s283, 
2) Lewis Hamilton, Grã-Bretanha, Mercedes AMG W05-Mercedes, 1m34s263, 
3) Kevin Magnussen, Dinamarca, McLaren MP4 29-Mercedes, 
4) Jenson Button, Grã-Bretanha, McLaren MP4 29-Mercedes, 1m34s957, 
5) Nico Hulkenberg, Alemanha Force India VJM07-Mercedes, 1m36s445, 
6) Fernando Alonso, Espanha, Ferrari F14T, 1m36s516, 160, 
7) Kimi Räikkönen, Finlândia, Ferrari F14T, 1m36s718, 125, 
8) Felipe Massa, Brasil, Williams FW36-Mercedes, 1m37s066, 
9) Estebán Gutiérrez, México, Sauber C33-Ferrari,1m37s180, 
10) Valtteri Bottas, Finlândia, Williams FW36-Mercedes,
11) Sergio Perez, México, Force India-Mercedes, 1m37s.367,
12) Felipe Nasr, Brasil, Williams FW36-Mercedes, 1m37s569, 
13) Pastor Maldonado, Venezuela, Lotus E22-Renault, 1m38s707, 
14) Daniil Kvyat, Rússia, STR 9-Renault, 1m38s974,
15) Daniel Ricciardo, Austrália, Red Bull RB10-Renault, 1m39s837, 
16) Kamui Kobayashi, Japão, Caterham CT 05-Renault, 1m39s855, 
17) Sebastian Vettel, Alemanha, Red Bull RB10-Renault, 1m40s224, 
18) Adrian Sutil, Alemanha, Sauber C33-Ferrari, 1m40s443, 
19) Jean-Eric Vergne, França, STR9-Renault, 1m40s472, 
20) Romain Grosjean, França, Lotus E22-Renault, 1m41s670, 
21) Marcus Ericsson, Suécia, Caterham CT 05-Renault 1m42s.130,
22) Max Chilton, Grã-Bretanha, Marussia MTR03-Ferrari, 1m42s511, 
23) Robin Frijns, Holanda, Caterham CT 05-Renault, 1m42s534, 
24) Jules Bianchi, França, Marussia MR03-Ferrari, sem tempo, 6
 

Mulheres à vista
Por enquanto as novidades podem indicar mais uma jogada de marketing do que outra coisa, mas parece haver algo mais no ar do que aviões de carreira. Nas últimas semanas as equipes Sauber e Williams anunciaram programas de apoio e testes para a suíça Simona De Silvestro e para a inglesa Susie Wolff, respectivamente, sendo que a primeira já deixou claro que espera conseguir a superlicença para a temporada de 2015. 


Até hoje a italiana Lella Lombardi é a única mulher a ter marcado ponto – na realidade 0,5 ponto, pois o GP da Espanha de 1975 foi interrompido antes de chegar a 75% de seu percurso previsto -, e sua compatriota 





Giovanna Amati a última a tentar disputar um GP, algo que não conseguiu em três tentativas na temporada de 1992 (África do Sul, México e Brasil). A Williams informou que não tem planos mais ambiciosos do que permitir a participação de Wolff em duas sessões de treinos livres de sexta-feira, GPs ainda a definir. 



Simona De Silvestro troca a F Indy pelo sonho da F-1 (Sauber Motosport AG)
Já De Silvestro foi anunciada pela Sauber como “piloto afiliada”, termo inédito no meio e que não esclarece se a ex-competidora da F-Indy irá realmente acelerar em algum evento oficial desta temporada. 


Dois pontos devem ser lembrados neste panorama: De Silvestro é suíça e já tem boa experiência na F-Indy enquanto Wolff é esposa do principal diretor do programa de F-1 da Mercedes e ex-diretor da Williams. Não é demais lembrar que no final do ano passado anunciou a troca dos motores Renault pelos novos V-6 da marca alemã e abriu espaço para a inglesa pilotar um dos seus carros em uma sessão de testes. A recente proposta da FIA em abrir espaço para mais uma ou duas equipes de F-1 no futuro próximo e a necessidade de reverter a queda de audiência que a F-1 sofre no mundo inteiro mais do que justitificam esses programas. Não será surpresa se, em breve, mais mulheres forem anunciadas em programas semelhantes de outras escuderias.

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