Alta Roda nº810/160 – 13/11/2014
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Fernando Calmon |
Magnetismo
das novidades e clima de festa dos salões de automóveis algumas vezes deixam de
lado boas discussões em torno do tema do momento, a mobilidade urbana. O salão recém-encerrado em São Paulo não
foi exceção. Organizado em paralelo à exposição, o Fórum Presente e Futuro da
Indústria Automobilística teve boas palestras e, em particular, um estudo
inédito da Anfavea sobre a evolução do mercado brasileiro nos próximos 20 anos.
Em geral, as projeções se limitam a um horizonte de cinco a dez anos.
Segundo a entidade, nossa taxa de motorização de 5 habitantes por veículos este
ano evoluirá para 2,4 habitantes por veículo em 2034 (cenário otimista, 2,1;
pessimista, 2,7). A frota real hoje, excluídos veículos de duas rodas, é de 40
milhões de unidades (esqueça números do Denatran, que desconhece sucateamento).
Em duas décadas terá mais que dobrado para 95 milhões de veículos (otimista,
106 milhões; pessimista, 85 milhões). Como referência, os EUA com extensão
territorial contínua (sem Alasca e Havaí) pouco menor do que o Brasil têm frota
atual de 250 milhões.
Esses cálculos econométricos se basearam na taxa de motorização versus PIB per
capita em 17 países selecionados, entre 2001 e 2012. O cenário só não se
confirmaria, na visão da Coluna, se a política econômica continuasse tão ruim
como está.
Logo vem a dúvida de como será possível vender tantos carros se as grandes
cidades sofrem com trânsito saturado. A resposta está no crescimento muito mais
acelerado das frotas de pequenas e médias cidades. Considerando só
licenciamentos de veículos novos, cidades entre 5.000 e 10.000 habitantes
tiveram aumento de 124% entre 2007 e 2013. São Paulo cresceu só 6% porque a cada
1.000 novos emplacamentos algo entre 800 e 900 veículos foram vendidos para
outros municípios ou sucateados por idade, acidentes e roubos.
O estudo serve de alerta para que planos diretores que incluam a mobilidade
entre as prioridades passem logo para ordem do dia nas cidades de crescimento –
muito justo – bem acima da média nacional. Tais planos precisam ter em vista os
erros de planejamento viário e de transportes cometidos até hoje pelas grandes
e médias cidades, antes que seja tarde demais.
No Fórum citado, o professor Diego Conti, do Núcleo de Estudos do Futuro da
PUC-SP, lembrou que “a cidade chinesa de Xangai, em 1990, não tinha malha
metroviária. Agora são 350 km, enquanto São Paulo hoje, somente 74,3 km”. Há um
pormenor: a capital paulista começou a construir sua primeira linha em 1968.
Por várias razões – custos altos e inflação histórica entre as principais – são
erros que não podem mais se repetir porque os prejuízos com o trânsito lento
são bem grandes e abrangentes.
Obviamente o metrô deve ser precedido pelo trem metropolitano – com
estacionamentos integrados para veículos de duas ou mais rodas motorizados ou
não – e por corredores de ônibus no centro das vias. De pouco adianta
simplesmente pintar faixas de ônibus à direita sem critérios ou estudos de
fluxo/benefício como se faz agora em São Paulo.
Atendidas essas premissas, pode haver convivência pacífica entre transporte
público e o não coletivo, em especial pelos recursos atuais de conectividade.
RODA VIVA
Apesar de as vendas no segundo semestre estarem
melhores do que no primeiro, este ano está definitivamente perdido. Anfavea
continua a apostar numa queda de 5% sobre 2013, porém o mais provável é um
tombo de 10%. Já se tem como certo que o IPI aumentará em janeiro – e pode gerar
movimento de antecipar compras –, mas há esperança de volta da alíquota máxima.
Honda prepara renovação total de seus motores,
inclusive no Brasil, exibidos no recente Salão do Automóvel e confirmados na
conferência internacional de tecnologia e inovação da SAE Brasil em seguida.
Para cá serão todos turboflex: 3-cilindros, 1 L/140 cv e 4-cilindros, 1,5L/200
cv. Há ainda o 2 L/300 cv, importado.
Nada é comparável em sonoridade ao motor de seis
cilindros em linha. E o do BMW M235i comprova isso de forma cabal com extrema
suavidade por toda a faixa de rotações. Isso apesar de o sistema biturbo, que
proporciona 330 cv e quase 45 kgfm, abafar um pouco do que se sentia no tempo
dos motores aspirados. Este cupê da Série 1 de fato emociona, até mesmo no
preço de R$ 230 mil.
Navegação alternativa em tempo real, capaz de escolher
a rota menos congestionada, é aposta da TomTom com seus novos aparelhos de 5 e
6 polegadas. Pareado com um telefone inteligente e seu plano de dados móveis, o
modelo GO promete atualização a cada dois minutos e precisão de localização de
apenas 10 metros. Preços: R$ 899 a 1.499 (este com mapas dos EUA).
Como opção às dificuldades de aceitação da marca
italiana no mercado mexicano – o oposto ocorre no Brasil – a Fiat resolveu dar
uma cartada. Mudou o nome da picape Strada para RAM 700 e do Grand Siena para
Dodge Vision. Decisão tomada no Brasil, responsável pelas estratégias
comerciais do Grupo FCA para toda a América Latina.
PERFIL
Fernando Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista
especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos
técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna
automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É publicada em uma rede
nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente no Brasil do
site just-auto (Inglaterra).
Siga também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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