Wagner Gonzalez |
Agitar
para resolver
Uma das técnicas de relações públicas mais usadas
para desviar a foco de um problema grande é atrair a atenção do povo com uma
declaração que provoque celeuma ainda maior. Bernie Ecclestone conhece muito
bem essa prerrogativa.
Enquanto o chororô da Force India, Lotus e Sauber vai
crescendo e o detentor dos direitos comerciais da F-1 não põe a mão no bolso, a
mídia que segue a categoria abre manchetes para a mais recente declaração
bombástica de Bernie Ecclestone: “Os fãs jovens não me interessam, eles não tem
dinheiro para gastar…” Não me parece que a companhia aérea Emirates se nega a
vender passagens para jovens ou que a Pirelli só instala seus pneus em carros
de tiozinhos e tiazinhas, mas ficou claro que poucos entenderam a rasa
profundidade de suas sábias palavras. Enquanto isso os atuais operadores da
equipe Caterham anunciaram que participarão do GP de Abu Dhabi, que encerra a
atual temporada neste domingo, decisão do título de 2015, e promove um teste
importante na semana que vem.
A
tertúlia sobre a distribuição dos prêmios e rendimentos da F-1 tem potencial de
Operação Lava Jato para a chefia da categoria: não é de hoje que setores da
imprensa especializada europeia dedicam suas horas de folga para encontrar
lenha que alimente a fogueira de muitas vaidades. Não é de hoje que a atuação
do francês Jean Todt é fustigada por escribas britânicos, que pintam a falta de
transparência da FIA como o novo pecado capital, mesmo que o universo GP seja
comandado por ingleses.
Não
bastasse essa recordação de diferenças marcadas pelo Canal da Mancha, agora
sobra para os alemães. Enquanto Ecclestone cozinha o galo soltando
declarações como a mencionada na abertura desta coluna, as Três Mosqueteiras
com complexo de Robin Hood colocam pressão na caldeira às vésperas de uma
decisão de campeonato que tem tudo para ser uma festa impecável da
Mercedes-Benz. Exceto se elas conseguirem atrair a atenção da mídia mundial e
empanar o brilho dessa festa, algo possível, desde que bem orquestrado.
A
primeira bomba já foi lançada: uma carta enviada a Bernie Ecclestone, ou
melhor, ao detentor dos direito comerciais da categoria, “vazou” e caiu nas
mãos de alguns jornalistas. Nela, há menção de palavras como “cartel” e
(atitude) “questionável” ao se referir como os lucros da exploração dos
direitos comerciais da categoria são distribuídas. Segundo essas rebeldes sem
grana, “US$ 43 milhões dos cerca de 70 milhões que cada uma de nós recebe são
destinados a pagar o motor”. Assim, o que sobra não dá para o gasto e abrem,
forçosamente, lugar para pilotos pagantes e patrocinadores dos mais variados.
Recém-saído
de dois processos longos e desgastantes na Inglaterra e na Alemanha-,
tudo o que Ecclestone adoraria receber neste Natal não inclui um revival de encontros com magistrados, desta nível
na esfera continental: o Tratado de Funcionamento da União Europeia proíbe a
conduta abusiva em mercados onde uma ou mais companhias tenham posição
dominante. Para investigar se isso ocorre realmente não é necessária uma
denúncia formal, informações consistentes que levem a isso são aceitas como
suficiente para uma investigação mais rigorosa. Como o assunto ganha peso em
época de decisão de campeonato, temos um prato cheio de explosivos para
terrorista nenhum botar defeito.
Para
temperar o prato com sabores mais exóticos uma iguaria já não tão rara, a
Caterham confirmou que irá participar do GP de Abu Dhabi graças ao sucesso
relativo de uma vaquinha, prosaica coleta de fundos que hoje em dia é conhecida
e mencionada como “crowdfunding”. A saída para
conseguir essa verba foi considerada prejudicial tanto pelos cartolas quanto
pelos rivais: afinal, a F-1 movimenta alguns bilhões de dólares por ano e não
pega bem usar desse artifício para pagar as contas. Seja como for é bizarro
notar que a equipe vai gastar cerca de US$ 2,82 milhões conseguidos dessa
maneira para ocupar os dois últimos lugares do grid e em meio a rumores que não
pagou os salários dos últimos dois meses aos 240 funcionários dispensados
recentemente. Por enquanto apenas Kamui Kobayashi foi confirmado como piloto; o
inglês Jolyon Palmer é cotado para a segunda vaga.
Enquanto
o circo vai pegando fogo, Ecclestone vai ganhando tempo para tentar impor uma
segunda divisão no seu show global: as cinco grandes forças da categoria —
Ferrari, McLaren, Mercedes, Red Bull (Toro Rosso anexada) e Williams —
continuariam seguindo o regulamento técnico atual e quem quiser seguir viagem o
faria com carros da GP2 modificados de forma ter um rendimento ligeiramente
melhor. Como Force India, Lotus e Sauber não aceitam essa proposta, é bom
esperar por um final dramático de temporada. E isso não tem nada a ver com a
luta entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg pelo título de campeão de
2015…
Filho
de Palmer indica que filho de piloto, melhor piloto é
O médico inglês Jonathan Palmer jamais demonstrou habilidade
de campeão nos 63 GPs que disputou entre pelas equipes Williams (1983), RAM
(1983), Zakspeed (1985, 1986) e Tyrrell (1987 a 1989): um quarto lugar no GP da
Áustria de 1987 foi seu melhor resultado. Enquanto Jonathan tem se saído melhor
na administração de quatro circuitos ingleses (Brands Hatch, Caldwell Park,
Oulton Park e Snetterton), seu primogênito Jolyon (vencedor da temporada 2014
da GP2, frente a Felipe Nasr), está tratando de melhorar a imagem da família
dentro das pistas. Ele impressionou os engenheiros da Force India nos dois dias
de testes no simulador da equipe, exercício preparatório para um teste que
deverá acontecer na semana que vem, em Abu Dhabi. Carlos Sainz Júnior vai andar
com um carro da Red Bull, o que poderá definir se ele ocupará o posto de
piloto-reserva dessa equipe ou o segundo carro da Toro Roso em 2015, e outros
nomes deverão ser anunciados em breve. A McLaren participará com um chassi
deste ano equipado com o motor Honda V-6 naquela que será a primeira aparição
pública desse parceria.
Khodair
e Jimenez são os novos vencedores na Stock Car
Os
paulistas Allam Khodair (Corrida 1) e Sérgio Jimenez (Corrida 2) são os mais
novos vencedores da temporada 2015 da Stock Car brasileira. Khodair aumentou
sua sequência de pódios ao conquistar seu primeiro triunfo este ano, enquanto
Jimenez obteve sua primeira conquista na categoria. Mais uma vez as ruas
estreitas e os muros de concreto do Circuito do CAB, em Salvador (BA) cobraram
preço alto de pilotos e equipes: mecânicos da Ipiranga/RCM e da Boettger
Competições viraram a madrugada de sexta para sábado para recuperar os carros
de Thiago Camilo e Vitor Genz, O gaúcho bateu no muro da curva 5 no treino
livre de sexta e segundos depois teve seu carro abalroado por Thiago Camilo,
cujo carro sofreu as primeiras consequências.
WG
Nenhum comentário:
Postar um comentário