terça-feira, 25 de novembro de 2014

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez

Hamilton, Massa, Maurício e Di Grassi celebram
Temporada de F-1 termina com o segundo título de Hamilton em corrida em que Massa brilhou. Prova de Abu Dhabi marcou várias despedidas, dentro e fora dos cockpits. Em Goiânia Ricardo Maurício conquistou o tri no Brasileiro de Marcas e em Putrajaya Lucas Di Grassi assumiu a liderança do Mundial de F-E.


Uma temporada onde conquistou 11 vitórias em 19 etapas e teve em seu companheiro de equipe o maior adversário resume a campanha do inglês Lewis Hamilton rumo ao seu segundo título mundial. Tal qual na primeira ocasião, em 2008, Felipe Massa foi um dos destaques da prova: no fim de semana passado o brasileiro terminou em segundo lugar graças a uma atuação que chegou a criar expectativas de vitória depois que o carro de Nico Rosberg apresentou problemas e tirou o alemão da disputa pelo título. Em uma inversão do que aconteceu na abertura da temporada – na Austrália o inglês sequer participou da prova e Nico venceu -, Hamilton conseguiu cruzar a linha de chegada em primeiro e celebrar o primeiro campeão mundial da Mercedes-Benz desde o lendário Juan Manuel Fangio, em 1955.

Ano marcado por uma mudança radical no regulamento técnico da categoria, a temporada 2014 da F-1 terminou também com novidades na pontuação: a corrida de Abu Dhabi valeu pontos em dobro, decisão tomada na esperança de evitar que o título fosse decidido antes dessa etapa. O objetivo foi alcançado e os dois pilotos da Mercedes levaram a disputa até o final do ano, um dos raros pontos que contribuíram para amenizar a crise de popularidade que a categoria vive. Numa demonstração de visão ultra discutível Bernie Ecclestone, o bam-bam-bam da categoria, segue irredutível na exploração dos canais de mídia social e similares que ganham espaço mas geram pouco ou nenhum lucro.

Da mesma forma, a crise financeira que abala uma categoria que distribui cerca de U$ 1 bilhão à 10 das 11 times regularmente inscritas no campeonato também cria outro tipo de problemas. Equipes como a Force Índia – que durante a primeira fase do campeonato ficou à frente da McLaren apesar da diferença grotesca de recursos financeiros e tecnológicos -, reclamam que a distribuição de prêmios e lucros não faz jus à realidade. A falência da Marussia, a penúria que pode levar a Caterham para o mesmo caminho e as dificuldades da Force India, Lotus e Sauber corroboram essa situação. Só que os poderes da categoria optam por reduzir o número de equipes para controlar o negócio de forma mais fácil, apostando que enquanto empurram a crise com a barriga também ganham tempo para encontrar uma solução mais eficiente.

Crises, cabe lembrar, foram marcas de várias equipes, fabricantes e pilotos nesta temporada. A Red Bull praticamente ressurgiu das cinzas graças a um exuberante Daniel Ricciardo, único piloto a vencer corridas fora a dupla da Mercedes. A Ferrari amargou duas mudanças de direção, a segunda anunciada ontem, quando Maurizio Arrivabene foi confirmado como substituto de Marco Mattiacci, além do divórcio com Fernando Alonso após um relacionamento desgastado pela erosão da super esquadra montada por Luca Di Montezemolo e Jean Todt. À Renault coube engolir as críticas que recebeu do seu principal cliente, a Red Bull, pela potência inferior do motor V-6.

Nenhuma decepção parece superar a ofuscada temporada de Sebastian Vettel: após conquistar quatro títulos consecutivos o sucessor de Michael Schumacher não venceu nenhuma prova e mostrou uma irregularidade digna de pilotos menos capazes. A ver o que oferecerá ao volante da Ferrari no ano que vem. Num quadro semelhante, Felipe Massa conseguiu amenizar a marcante falta de sorte e momentos conturbados que marcaram sua temporada. Obviamente o calendário de 2015 é uma página em branco, mas o segundo lugar de Abu Dhabi tem tudo para reacender de vez a chama de piloto aguerrido, marca afetada por uma recuperação apressada após o triste episódio da mola em Hungaroring. Cabe a Williams capitalizar a ressurreição vivida em 2014 e garantir ao brasileiro condições de igualar o rendimento destacado de Valteri Bottas, ao lado de Ricciardo a grande evolução deste ano.

Novidade boa para os brasileiros, a efetivação de Felipe Nasr como piloto da Sauber deve ser analisada sob a ótica da frieza: Felipe tem uma carreira bem administrada e tem qualidades técnicas. Ainda não se sabe, porém, se a equipe suíça estará em condições de lhe oferecer um equipamento que permita continuar sua evolução. Falando em evolução, em termos de marketing a Lotus continua sendo uma das equipes mais criativas. Sem resultados que garantam espaço na mídia, o time de Enstone produziu um vídeo que até ontem (Segunda, 24) já tinha atingido mais de 400 mil visualizações: o caminhão da equipe e um F-1 da equipe arrancam lado a lado e no meio do percurso o bruto decola a partir de uma rampa e, enquanto voa alguns bons metros, o monopostos passa por baixo do transporter. Simplesmente sensacional.

Tecnicamente o ano de 2014 mostrou evolução concentrada em três pontos: a refrigeração das novas unidades de potência – como é chamado o conjunto formado pelo motor a combustão e os dois sistemas de recuperação de energia -, a instalação desses componentes para baixar o centro de gravidade e facilitar a manutenção e troca dos componentes e o fluxo aerodinâmico, notadamente na parte inferior dos carros. O resultado e todos os dados do GP de Abu Dhabi você encontra aqui.

Marcas BR: Ricardinho é tri
O paulista Ricardo Maurício garantiu domingo o tricampeonato da categoria Marcas com uma ultrapassagem sobre Vitor Meira na última volta da primeira corrida da rodada disputada em Goiânia (GO). A manobra foi fundamental para a conquista: na segunda bateria seu companheiro de equipe Vicente Orige venceu e Maurício foi obrigado a abandonar; caso terminasse em quarto lugar na bateria anterior as posições de Ricardo e Vicente – respectivamente campeão e vice -, se inverteriam. No ano que vem a categoria será disputada em datas e pistas comuns à temporada de Stock Car, o que deverá abrir espaço para novos pilotos já que vários competidores do certame de Marcas também disputam a categoria principal, caso de Ricardo Maurício, Allam Khodair, Galid Osman e Alceu Feldmann, entre outros.

Resultados da temporada: Classificação final – Pilotos: 1) Ricardo Maurício, 221; 2) Vicente Orige, 118; 3) Allam Khodair, 195; 4) Gabriel Casagrande, 182; 5) Vitor Meira, 179. Marcas: 1) Toyota, 531; 2) Honda, 517; 3) Ford, 361; 4) Chevrolet, 330; 5) Mitsubishi, 121. Equipes: 1) JLM (Honda), 426; 2) RZ Motorsport (Toyota), 374; 3) Toyota Bassani, 343; 4) Full Time Competições (Honda), 317; 5) Amir Nasr Racing (Ford), 249.

Di Grassi lidera F-E
Após duas rodadas da nova categoria reservada para veículos movidos a motores elétricos, o brasileiro Lucas DI Grassi lidera o certame graças à sua vitória em Pequim e o segundo lugar na prova disputada em Putrajaya, circuito de rua montado na capital administrativa da Malásia, cidade situada a 70 km de Kuala Lumpur, centro econômico do país asiático. O certame prossegue com duas etapas na América do Sul – dia 13 de dezembro em Punta del Leste, Uruguai, e dia 10 de janeiro em Buenos Aires, Argentina. O Brasil deveria compor esse roteiro com uma etapa a acontecer nas ruas do Rio de Janeiro; anunciada e confirmada no primeiro calendário, a data acabou sendo cancelada sem maiores explicações.WG

Nenhum comentário:

Postar um comentário