“As duas invenções do século, o automóvel e o computador,
estão gradualmente convergindo. Precisamos projetar a mobilidade do futuro
ainda mais inteligente e conectada”, afirmou Martin Winterkorn, presidente
mundial da Volkswagen, ao comentar por que chegou a hora de os fabricantes de
carros de massa entrarem de cabeça nessa onda. Nos últimos anos, as marcas
premium alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz investiram nessas tecnologias pois,
inicialmente, elas são caras e os seus clientes de maior poder aquisitivo têm
como pagar.
Evidente demonstração do irreversível casamento entre
carros e informática é o investimento que os produtores de veículos estão
despejando em salões internacionais de produtos eletrônicos. Caso da Feira de
Eletrônica de Consumo (CES, em inglês), em Las Vegas, EUA, a maior do mundo,
literalmente invadida, na edição de janeiro deste ano, por nada menos que 10
fabricantes de automóveis.
Tudo começou em 2007 quando a Ford alugou um pequeno
estande de 36 m² para mostrar um sistema de comando por voz desenvolvido em
parceria com a Microsoft e batizado de Sync. Este ano mais de 15.000 m² da
exposição eram ocupados por marcas que, em princípio, pouco teriam a ver com um
salão de eletrônica. No entanto, o automóvel vem se tornando um notável dispositivo
móvel – não portátil, evidentemente – que entre outras vantagens não depende de
uma bateria de baixa autonomia como telefones inteligentes ou tabletes.
Qualquer usuário de dados móveis se sente aliviado ao
entrar em um carro e saber que pode ser socorrido por energia de fornecimento
seguro. No Facebook, maior rede social, o acesso móvel já supera o fixo via
PC/Web na média mundial. E ao mesmo tempo os 36 milhões de veículos conectados de
hoje vão quadriplicar para 152 milhões até 2020, segundo pesquisa da americana IHS.
Entre as diversas atrações da CES 2015 destacaram-se
tecnologias que chegarão nos próximos anos em modelos mais caros. O Audi A7
Concept autônomo rodou 900 quilômetros até estacionar no estande da marca em
Las Vegas. BMW mostrou o elétrico i3 que procura vaga e estaciona sem
intervenção do motorista. A Mercedes-Benz exibiu o protótipo F 015, sedã autônomo
de topo de gama com extenso uso de compósito de fibra de carbono.
Já a Volkswagen, estreante na CES, revelou estratégias de
curto, médio e longo prazos. Antes do final do ano, seus modelos vão estrear
interfaces de telefones inteligentes com o sistema de infotretenimento a bordo de
três fornecedores: Mirror Link, Android Auto (Google) e Car Play (Apple).
Apresentou o carro-conceito Golf R Touch, primeiro
médio-compacto a interpretar gestos e convertê-los em comandos. Um exemplo: acenando
com a mão em direção ao para-brisa o teto solar pode ser fechado e no sentido
oposto, aberto. Em breve todos os instrumentos serão personalizáveis (grafismo,
som e iluminação), como em automóveis mais caros. E oferecerá navegação com
alternativas de rotas em tempo real e procura automática de vagas em
estacionamentos.
A VW também destacou a versão elétrica do Golf com
sistema de recarga das baterias por indução, sem plugues e cabos, mas ainda
demora alguns anos.
PERFIL
Fernando
Calmon (fernando@calmon.jor.br), jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e
consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de
comunicação. Sua coluna automobilística semanal Alta Roda começou em 1999. É
publicada em uma rede nacional de 85 jornais, sites e revistas. É, ainda,
correspondente no Brasil do site just-auto (Inglaterra).
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também através do twitter: www.twitter.com/fernandocalmon
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