terça-feira, 31 de março de 2015

Wagner Gonzalez em Conversa de pista

Wagner Gonzalez

Na Malásia, Alemanha brilha novamente na F-1, mas desta vez com o piloto dos vizinhos italianos. Disputa entre Massa e Bottas acabou mal para o brasileiro, que teve paradas no boxe atrapalhadas; Nasr foi décimo segundo. Campeonato ganha ares de disputa entre Mercedes e Ferrari e prossegue dia 12 na China.



A indecisão dos céus, que ora mandava chuva, ora um calor escaldante e o tempo todo deixavam todos a produzir cântaros de suor tropical, deu uma boa forcinha, mas a realidade e que ninguém encaçapou tantas bolas quanto a Ferrari na mesa de bilhar de Sepang, autódromo que tem lá seus desníveis, mas tem um dos pisos mais planos da temporada. Num país de maioria muçulmana — e portanto oficialmente nada chegado ao álcool —, foi exatamente o coquetel de bom aproveitamento dos pneus e ótima estratégia de box que garantiu ao bar tender de plantão servir o melhor aperitivo desta fase inicial do campeonato.

Sebastian Vettel, o herói mais celebrado de um grupo que parece mais motivado do que nunca, não escondeu que iria celebrar sua primeira vitória pela Ferrari em grande estilo, leia-se com um porre homérico. Ele nem se preocupou com a ressaca, que certamente ainda faz sinos soarem na cabeça do staff de Ecclestone & Co., grupo ainda sem saber direito o que fazer para transformar o cenário de crise que assola a F-1 em um palco de musicais dignos da Broadway. A última idéia lançada foi criar um campeonato para mulheres, ideia que — com todo respeito às meninas em atividade no desporto motor — não tem como dar certo a curto ou médio

Menos mal que Ecclestone tem com quem dividir suas hangover mornings: a estratégia adotada pela Mercedes não foi das mais felizes; melhor dizer que a estratégia da Ferrari para Vettel foi a mais eficiente: parou apenas duas vezes e dos seus três stints completou os dois primeiros (17 e 20 voltas) fez com pneus médios e só usou compostos duros nas 19 voltas finais. Hamilton, que largou na pole, fez três paradas (nas voltas 4, 20 e 38) e completou 38 giros com pneus duros, o dobro que seu rival alemão. Nem mesmo seus companheiros de equipe conseguiram rendimento semelhante: Rosberg parou a primeira vez junto com com Hamilton na quarta volta e Räikkönnen ainda mais cedo, logo na segunda. Não adiantou nada, muito pelo contrário.

Os pneus também influenciaram o desempenho dos Felipes brasileiros: Massa foi prejudicado na sua segunda troca de pneus – o traseiro esquerdo fez a parada se alongar para semi-eternos cinco segundos e alguns décimos – e no final sucumbiu aos ataques de Valteri Bottas. Apesar da boa disputa entre ambos, os fãs do Felipe veterano certamente não gostaram de vê-lo perder a batalha. 


Por seu lado, Nasr fez a segunda melhor volta da prova com pneus médios (1.43:902) atrás não tão apenas de Rosberg, o melhor nessa condição: a diferença para o alemão foi de bons nove décimos de segundo: 1.42:062. Curiosamente, os três melhores tempos com pneus duros foram 1.43:125 (Hamilton), 1.43:648 (Vettel) e 1.43:990 (Massa).

Passada a euforia pela volta da Ferrari ao topo do pódio, a pergunta que fica é se no clima mais frio de Xangai os carros italianos conseguirão extrair a mesma aderência dos pneus. Em outras palavras, antes de apontar favoritos ao título é preciso analisar o comportamento dos modelos 2015 em diferentes circunstâncias de piso e clima, isso para não falar na mais enigmática das equações de um esporte de equipe: o entrosamento do time. Neste aspecto a Ferrari 2015 parece viver um período de filé à parmegiana enquanto a Mercedes viveu, em Sepang, um domingo de roer o joelho de porco.

WG

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